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Universidade Federal do Paraná - Departamento de História ...

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Conclusão:<br />

damasco, e trazem as mulheres com vasquinhas e gibões <strong>do</strong> mesmo, os quais, como têm qualquer<br />

possibilida<strong>de</strong>, têm suas casas mui bem concertadas e na sua mesa serviço <strong>de</strong> prata, e trazem suas<br />

mulheres mui bem ataviadas <strong>de</strong> jóias <strong>de</strong> ouro.<br />

e <strong>de</strong>scen<strong>do</strong> uma légua abaixo <strong>do</strong> engenho <strong>de</strong> Cotejipe está uma ribeira que se chama <strong>do</strong> Aratu, na<br />

qual Sebastião <strong>de</strong> Faria tem feito um soberbo engenho <strong>de</strong> água, com gran<strong>de</strong>s edifícios <strong>de</strong> casas <strong>de</strong><br />

purgar e <strong>de</strong> vivenda, e uma igreja <strong>de</strong> São Jerônimo, tu<strong>do</strong> <strong>de</strong> pedra e cal, no que gastou mais <strong>de</strong> <strong>do</strong>ze<br />

mil cruza<strong>do</strong>s.<br />

Outras referências <strong>de</strong> Gabriel Soares <strong>de</strong> Souza a Sebastião <strong>de</strong> Faria que não<br />

foram citadas por Gilberto Freyre. 126<br />

on<strong>de</strong> está outro engenho <strong>de</strong> Sebastião <strong>de</strong> Faria, <strong>de</strong> duas moendas que lavram com bois, o qual tem<br />

gran<strong>de</strong>s edifícios, assim <strong>do</strong> engenho como <strong>de</strong> casas <strong>de</strong> purgar, <strong>de</strong> vivenda e <strong>de</strong> outras oficinas e tem<br />

uma formosa igreja <strong>de</strong> Nossa Senhora da Pieda<strong>de</strong>, que é freguesia <strong>de</strong>ste limite, a qual fazenda mostra<br />

tanto aparato da vista <strong>do</strong> mar que parece uma vila<br />

Deste porto <strong>de</strong> Paripe obra <strong>de</strong> quinhentas braças pela terra <strong>de</strong>ntro está outro engenho <strong>de</strong> bois que foi<br />

<strong>de</strong> Vasco Rodrigues Lobato, to<strong>do</strong> cerca<strong>do</strong> <strong>de</strong> canaviais <strong>de</strong> açúcar, <strong>de</strong> que se faz muitas arrobas.<br />

É interessante notar que o mesmo Sebastião <strong>de</strong> Faria, cita<strong>do</strong> uma vez por<br />

Freyre, é cita<strong>do</strong> por Gabriel Soares em duas oportunida<strong>de</strong>s, on<strong>de</strong> o cronista <strong>de</strong>stacalhe<br />

a riqueza, apontan<strong>do</strong> que o mesmo não é proprietário <strong>de</strong> um engenho, mas <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>is engenhos, em um <strong>do</strong>s quais a “fazenda mostra tanto aparato da vista <strong>do</strong> mar<br />

que parece uma vila”. Já Vasco Fernan<strong>de</strong>s Lobato, nas terras <strong>de</strong> seu antigo engenho,<br />

existe hoje um gran<strong>de</strong> bairro na periferia <strong>de</strong> Salva<strong>do</strong>r, nas proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> atual<br />

subúrbio <strong>de</strong> Paripe, outro bairro gran<strong>de</strong> e povoa<strong>do</strong> da capital baiana. O que<br />

<strong>de</strong>monstra o po<strong>de</strong>rio econômico <strong>de</strong>stes senhores <strong>do</strong> século XVI.<br />

A partir <strong>de</strong> uma leitura prévia <strong>de</strong> Casa-Gran<strong>de</strong> e Senzala, teve-se a impressão <strong>de</strong><br />

que Freyre sustentava boa parte <strong>de</strong> sua obra em Gabriel Soares, utiliza<strong>do</strong> para referendar<br />

suas teses, e para contrapor argumentos <strong>de</strong> outros estudiosos e informações contidas em<br />

outras fontes primárias, ou ainda, preencher <strong>de</strong>terminadas lacunas na ausência <strong>de</strong> outra<br />

<strong>do</strong>cumentação disponível. Aparentemente, através das primeiras leituras, ficou a impressão<br />

<strong>de</strong> que Freyre era um <strong>do</strong>s autores que se valia <strong>do</strong>s escritos <strong>de</strong> Gabriel Soares com mais<br />

rigor, atribuin<strong>do</strong>-lhe as i<strong>de</strong>ias e conhecimentos que são normalmente atribuídas ao senso<br />

comum em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> existir autoria, toman<strong>do</strong>-o como testemunho preferencial, e<br />

126 SOUZA, op. cit. pp. 149-147.<br />

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