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Universidade Federal do Paraná - Departamento de História ...

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Quem quiser saber quem foi Francisco Pereira Coutinho, leia os livros da Índia, e sabe-lo-á; e verão<br />

seu gran<strong>de</strong> valor e heróicos feitos, dignos <strong>de</strong> diferente <strong>de</strong>scanso <strong>do</strong> que teve na conquista <strong>do</strong> Brasil.<br />

Livros da Índia. 4<br />

A vila <strong>de</strong> Olinda é a cabeça da capitania <strong>de</strong> Pernambuco, a qual povoou Duarte Coelho, que foi um<br />

fidalgo, <strong>de</strong> cujo esforço e cavalaria escusaremos tratar aqui em particular, por não escurecer muito<br />

que <strong>de</strong>le dizem os livros da Índia.<br />

Regimento <strong>de</strong> Tomé <strong>de</strong> Souza. 5<br />

Sua Alteza em efeito esta <strong>de</strong>terminação tão acertada, man<strong>do</strong>u fazer prestes uma armada e provê-la <strong>de</strong><br />

to<strong>do</strong> o necessário para esta empresa, na qual man<strong>do</strong>u embarcar Tomé <strong>de</strong> Sousa <strong>do</strong> seu conselho e o<br />

elegeu para edificar esta nova cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> que o fez capitão e governa<strong>do</strong>r-geral <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Brasil; ao qual <strong>de</strong>u gran<strong>de</strong> alçada e po<strong>de</strong>res em seu regimento, com que quebrou as <strong>do</strong>ações aos<br />

capitães proprietários, por terem <strong>de</strong>masiada alçada, assim no crime como no cível; <strong>de</strong> que eles se<br />

agravaram à Sua Alteza, que no caso os não proveu, enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> convir a si e a seu serviço.<br />

Em relação ao conteú<strong>do</strong> da obra compara<strong>do</strong>-a aos discursos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

produzi<strong>do</strong>s pelos historia<strong>do</strong>res sobre o século XVI, po<strong>de</strong>m-se tirar algumas conclusões.<br />

Entre elas, po<strong>de</strong>mos citar a construção generalizante <strong>de</strong> "Renascimento", que coloca como<br />

questão a retomada <strong>do</strong> lega<strong>do</strong> Greco-Romano, como espécie <strong>de</strong> guia <strong>do</strong> homem mo<strong>de</strong>rno,<br />

ou como propõe o historia<strong>do</strong>r Luís Carlos Barreto 6 , a recuperação <strong>de</strong> um passa<strong>do</strong> que<br />

serviria como mo<strong>de</strong>lo a ser supera<strong>do</strong> e não simplesmente imita<strong>do</strong>.<br />

Em Trata<strong>do</strong> Descritivo <strong>do</strong> Brasil, Gabriel Soares em nenhum momento cita Gregos<br />

ou Romanos. Algumas menções contidas na obra se referem aos Romanos, mas são<br />

observações que não pertencem a Gabriel Soares <strong>de</strong> Souza, nem ao século XVI, mas sim,<br />

ao século XIX e a Varnhagen seu comenta<strong>do</strong>r, ao compará-lo a Plínio. Também não há<br />

referência a figuras mitológicas ou entida<strong>de</strong>s pagãs da antiguida<strong>de</strong>, como ocorre nos<br />

Lusíadas <strong>de</strong> Luiz Vaz <strong>de</strong> Camões, obra esta que cronologicamente não está muito distante<br />

da época em que se foi escrito o Trata<strong>do</strong> Descritivo <strong>do</strong> Brasil. Ao se comparar, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong><br />

possível, as duas obras, ambas produto <strong>do</strong> mesmo século e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um mesmo contexto<br />

histórico <strong>de</strong> expansão ultramarina portuguesa, po<strong>de</strong>mos observar <strong>do</strong>is estilos<br />

completamente diferentes <strong>de</strong> escrever. Enquanto a obra <strong>de</strong> Camões é construída em versos,<br />

com uma linguagem elaborada e cheia <strong>de</strong> requintes estilísticos, a obra <strong>de</strong> Soares embora<br />

4 SOUZA, op. cit.p. p.57.<br />

5 SOUZA, op. cit. pp. 127-128.<br />

6 BARRETO, Luís Filipe. Descobrimentos e Renascimento; formas <strong>de</strong> ser e pensar nos séculos XV<br />

e XVI. Lisboa: Imprensa Nacional, 1983.<br />

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