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Universidade Federal do Paraná - Departamento de História ...

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indígenas “trabalhavam, sem comparação, mais <strong>do</strong> que os homens”, ao passo que as<br />

apropriações em torno da obra <strong>de</strong> Gabriel Soares, se dão no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> especificar quais<br />

tarefas <strong>do</strong> cotidiano po<strong>de</strong>m ser atribuídas ao gênero masculino.<br />

Freyre, especifica as tarefas masculinas transcreven<strong>do</strong> frases contidas em Trata<strong>do</strong><br />

Descritivo <strong>do</strong> Brasil em 1587, sem citar sua localização na mesma obra. Segun<strong>do</strong> Freyre,<br />

Gabriel Soares teria afirma<strong>do</strong> que caberia aos machos: “roçar os mattos, e os queimam e<br />

limpam a terra <strong>de</strong>lles”, “buscar lenha com que se aquentem e se servem porque não<br />

<strong>do</strong>rmem sem fogo ao longo das re<strong>de</strong>s, que é a sua cama” e ainda “costumam ir lavar as<br />

re<strong>de</strong>s aos rios quan<strong>do</strong> estão sujas”.<br />

De acor<strong>do</strong> com esta pesquisa, as transcrições <strong>de</strong> Freyre foram retiradas <strong>do</strong> Capítulo<br />

CLIX, intitula<strong>do</strong> Em que se <strong>de</strong>clara o mo<strong>do</strong> da granjearia <strong>do</strong>s tupinambás e suas<br />

habilida<strong>de</strong>s, conforme segue 73 :<br />

Quan<strong>do</strong> os tupinambás vão às suas roças, não trabalham senão das sete horas da manhã até ao meiodia,<br />

e os muito diligentes até horas <strong>de</strong> véspera; e não comem neste tempo senão <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>stas horas,<br />

que se vêm para suas casas; os machos costumam a roçar os matos, e os queimam e alimpam a terra<br />

<strong>de</strong>les; e as fêmeas plantam o mantimento e o alimpam; os machos vão buscar a lenha com que se<br />

aquentam e se servem, porque não <strong>do</strong>rmem sem fogo, ao longo das re<strong>de</strong>s, que é a sua cama; as<br />

fêmeas vão buscar a água à fonte e fazem <strong>de</strong> comer; e os machos costumam ir lavar as re<strong>de</strong>s aos rios,<br />

quan<strong>do</strong> estão sujas. Não fazem os tupinambás entre si outras obras-primas que balaios <strong>de</strong> folhas <strong>de</strong><br />

palma...<br />

Sobre este tema, Freyre, acrescenta que a seguinte frase: “isto sem insistirmos nas<br />

responsabilida<strong>de</strong>s principais <strong>do</strong> homem <strong>de</strong> abastecer a taba <strong>de</strong> carne e <strong>de</strong> peixe e <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>fendê-la <strong>de</strong> inimigos e <strong>de</strong> animais bravios”. Através da leitura <strong>de</strong> Casa-gran<strong>de</strong> e Senzala,<br />

não fica claro se Freyre atribui esta observação a Gabriel Soares, ou se ela é fruto <strong>de</strong> sua<br />

interpretação, contu<strong>do</strong>, o que se encontra no Trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> Gabriel Soares que se assemelhe ao<br />

que afirma Gilberto Freyre, é este trecho extraí<strong>do</strong> <strong>do</strong> Trata<strong>do</strong> Descritivo <strong>do</strong> Brasil em<br />

1587: 74<br />

porque são as filhas mui requestadas <strong>do</strong>s mancebos que as namoram; os quais servem os pais das damas <strong>do</strong>is<br />

e três anos primeiro que lhas dêem por mulheres; e não as dão senão aos que melhor os servem, a quem os<br />

namora<strong>do</strong>res fazem a roça, e vão pescar e caçar para os sogros que <strong>de</strong>sejam <strong>de</strong> ter, e lhe trazem a lenha <strong>do</strong><br />

mato; e como os sogros lhes entregam as damas, eles se vão agasalhar...<br />

72 FREYRE, op. cit. p. 183.<br />

73 SOUZA, op. cit. p. 311.<br />

74 SOUZA, op. cit. p.304.<br />

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