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Universidade Federal do Paraná - Departamento de História ...

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quinhentista Gabriel Soares <strong>de</strong> Souza. Nada em sua obra <strong>de</strong>nuncia esta forma <strong>de</strong> pensar, ou<br />

mesmo a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> justificar algo <strong>de</strong>ste tipo com este tipo <strong>de</strong> argumentação. Talvez<br />

Monteiro tenha produzi<strong>do</strong> uma super-interpretação da fonte, basea<strong>do</strong> em uma construção <strong>de</strong><br />

raciocínio que se ampara em to<strong>do</strong> conhecimento <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, que se tem mais <strong>de</strong> quatro<br />

séculos <strong>de</strong>pois da publicação <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> Gabriel Soares <strong>de</strong> Souza.<br />

Para Gabriel Soares, to<strong>do</strong>s os indígenas seriam bárbaros, exceto os seus<br />

(provavelmente índios já catequiza<strong>do</strong>s). A distinção feita por Soares entre Tupis e Tapuias,<br />

baseia-se muito mais no critério lingüístico a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> inclusive pelos Tupis, que<br />

<strong>de</strong>nominavam <strong>de</strong> Tapuias a to<strong>do</strong>s os grupos indígenas com quem não podiam se comunicar<br />

verbalmente. A generalização <strong>do</strong> termo Tapuia é <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s Tupis e não <strong>de</strong><br />

Portugueses. O que Soares faz são menções específicas que <strong>de</strong>vem ser compreendidas no<br />

âmbito <strong>de</strong> sua particularida<strong>de</strong> e não no âmbito da generalização. Note o quanto o<br />

julgamento <strong>de</strong> Soares não permite generalizações a respeito da inserção <strong>do</strong>s "Tapuias"<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um quadro evolutivo, composto também por portugueses e Tupis.<br />

Aqui Gabriel Gabriel Soares atesta a presença <strong>de</strong> Tapuias no litoral, no capítulo em<br />

que ele <strong>de</strong>screve trecho <strong>de</strong> costa compreendi<strong>do</strong> entre o Rio <strong>de</strong> São Pedro até o Cabo <strong>de</strong><br />

Santa Maria. 35<br />

Esta costa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o rio <strong>do</strong>s Patos até a boca <strong>do</strong> rio da Prata é povoada <strong>de</strong> tapuias, gente <strong>do</strong>méstica e<br />

bem acondicionada, que não come carne humana nem faz mal à gente branca que os comunica, como<br />

são os mora<strong>do</strong>res da capitania <strong>de</strong> São Vicente,<br />

Observe a narrativa <strong>de</strong> Soares em relação aos Aimorés, também consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s<br />

Tapuias pelo autor. E note o quanto Monteiro foi longe em sua análise generalista.<br />

Em que se <strong>de</strong>clara quem são os aimorés, sua vida e costumes 36 .<br />

Parece razão que não passemos avante sem <strong>de</strong>clarar que gentio é este a quem chamam<br />

aimorés, que tanto dano têm feito a esta capitania <strong>do</strong>s Ilhéus, segun<strong>do</strong> fica dito, cuja costa era<br />

povoada <strong>do</strong>s Tupiniquins, os quais a <strong>de</strong>spovoaram com me<strong>do</strong> <strong>de</strong>stes brutos, e se foram viver ao<br />

sertão; <strong>do</strong>s quais tupiniquins não há já nesta capitania e não duas al<strong>de</strong>ias, que estão junto <strong>do</strong>s<br />

engenhos <strong>de</strong> Henrique Luís, as quais têm já muito pouca gente. Descen<strong>de</strong>m estes aimorés <strong>de</strong> outros<br />

gentios a que chamam tapuias, <strong>do</strong>s quais nos tempos <strong>de</strong> atrás se ausentaram certos casais, e foram-se<br />

para umas serras mui ásperas, fugin<strong>do</strong> a um <strong>de</strong>sbarate, em que os puseram seus contrários, on<strong>de</strong><br />

residiram muitos anos sem verem outra gente; e os que <strong>de</strong>stes <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>n-ram, vieram a per<strong>de</strong>r a<br />

linguagem e fizeram outra nova que se não enten<strong>de</strong> <strong>de</strong> nenhuma outra nação <strong>do</strong> gentio <strong>de</strong> to<strong>do</strong> este<br />

35 SOUZA, op. cit. p.122.<br />

36 SOUZA, op. cit. pp.79-80.<br />

31

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