Universidade Federal do Paraná - Departamento de História ...
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maravilhar trazerem <strong>do</strong> sertão, entre outros tupinambás, um menino <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos para <strong>do</strong>ze,<br />
no ano <strong>de</strong> 1586, que era tão alvo, que <strong>de</strong> o ser muito não podia olhar para a clarida<strong>de</strong>.<br />
Hipótese 1 - Que a obra tenha si<strong>do</strong> escrita pelo menos em parte na Europa, pois o<br />
autor narra um acontecimento ocorri<strong>do</strong> em 1586, quan<strong>do</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as notas<br />
biográficas, ele <strong>de</strong>veria estar na Europa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1584.<br />
Hipótese 2 - Que o autor tenha continua<strong>do</strong> a produzir o texto <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 1584,<br />
valen<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> testemunho <strong>de</strong> terceiros e <strong>de</strong> notícias, que po<strong>de</strong>riam ter si<strong>do</strong> trazidas por<br />
viajantes que regressavam <strong>do</strong> Brasil ou ainda por intermédio <strong>de</strong> cartas particulares, visto<br />
que a aparição <strong>do</strong> pequeno índio branco (provavelmente albino) se <strong>de</strong>u em terras que<br />
pertenciam ao próprio Gabriel Soares.<br />
Hipótese 3 - Que o autor, sen<strong>do</strong> um Senhor <strong>de</strong> engenho e com negócios a serem<br />
cuida<strong>do</strong>s, tenha volta<strong>do</strong> ao Brasil antes <strong>de</strong> 1591 (segun<strong>do</strong> sua biografia nesta época Gabriel<br />
Soares estaria no Reino, neste mesmo ano ele teria recebi<strong>do</strong> o seu <strong>de</strong>spacho) on<strong>de</strong> continua<br />
a escrever a obra.<br />
Através da leitura <strong>do</strong> trecho fica evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> que o autor não concluiu a obra nos<br />
<strong>de</strong>zessete anos em que morou no Brasil, ou seja, antes <strong>de</strong> 1584, época <strong>de</strong> sua partida para a<br />
Europa.<br />
Ao que tu<strong>do</strong> indica a intencionalida<strong>de</strong> maior <strong>do</strong> livro, está diretamente relacionada<br />
aos interesses priva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> seu autor, que parece querer recomendar-se a El Rey, para<br />
receber concessões <strong>de</strong> exploração, assim com as prerrogativas oficiais. O livro é um esforço<br />
<strong>do</strong> autor em se apresentar como um homem valoroso, conhece<strong>do</strong>r da realida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Brasil e<br />
apto para protagonizar o papel <strong>do</strong> conquista<strong>do</strong>r das terras e riquezas <strong>do</strong> interior <strong>do</strong> Brasil.<br />
Sobre a formação cultural <strong>do</strong> autor, não existem informações, apenas pequenas<br />
pistas <strong>do</strong>s seus hábitos <strong>de</strong> leitura e daquilo que po<strong>de</strong>ria tê-lo inspira<strong>do</strong> a escrever, ou ainda<br />
lhe servi<strong>do</strong> <strong>de</strong> fonte escrita. O próprio autor cita "os Livros da índia" 2 e ao também a leitura<br />
relativa à Jurisprudência, o que fica claro através da citação e análise <strong>do</strong> Regimento <strong>de</strong><br />
Tomé <strong>de</strong> Souza.<br />
Livros da Índia. 3<br />
2 - Gabriel Soares <strong>de</strong> Souza, não especifica em nenhum momento qualquer título <strong>de</strong> obra. É constante<br />
em sua obra a referência aos “tais” Livros da índias.<br />
3 SOUZA, op. cit.p. 73.<br />
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