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Universidade Federal do Paraná - Departamento de História ...

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<strong>do</strong> critério exclusivamente basea<strong>do</strong> no “sangue”. Ou seja, os critérios <strong>de</strong> parentesco eram<br />

apenas “patrilineares”. Portanto, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com este critério “patrilinear”, o impedimento<br />

<strong>de</strong> intercurso sexual que viria a caracterizar o que chamamos <strong>de</strong> incesto, seguiria também o<br />

critério <strong>de</strong> “patrilinearida<strong>de</strong>”. Portanto, o intercurso sexual entre consangüíneos – não teria<br />

impedimentos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m moral, ou seja, não seria incestuoso, se esta consangüinida<strong>de</strong> fosse<br />

restrita ao la<strong>do</strong> materno.<br />

Quanto ao tema incesto, Freyre <strong>de</strong>monstra que Anchieta ultrapassa o nível <strong>de</strong><br />

observação que se resume à superficialida<strong>de</strong>. O mesmo grau <strong>de</strong> percepção, Freyre atribui a<br />

Gabriel Soares. Neste caso, Gabriel Soares é apropria<strong>do</strong> por Freyre, para reiterar aquilo que<br />

já havia si<strong>do</strong> observa<strong>do</strong> por Anchieta, acrescentan<strong>do</strong>, porém, que mesmo assim havia<br />

transgressões a esta norma cultural, conforme po<strong>de</strong> ser visto neste trecho 67 <strong>do</strong> Trata<strong>do</strong><br />

Descritivo <strong>do</strong> Brasil em 1587: “É este gentio tão luxurioso que poucas vezes têm respeito<br />

às irmãs e tias, e porque este peca<strong>do</strong> é contra seus costumes, <strong>do</strong>rmem com elas pelos<br />

matos...”.<br />

Freyre também refere-se às índias e <strong>do</strong> seu gosto pelo banho 68 , assim como <strong>do</strong> seu<br />

ao asseio, que seria maior que o asseio <strong>do</strong>s índios; segun<strong>do</strong> Freyre, as índias cuidavam <strong>de</strong><br />

tu<strong>do</strong> referente à Higiene, menos <strong>de</strong> lavar as re<strong>de</strong>s sujas, que seria uma tarefa própria aos<br />

índios homens. Na sua argumentação sobre os hábitos <strong>de</strong> higiene das mulheres indígenas,<br />

Freyre apropria-se <strong>de</strong> Jean <strong>de</strong> Léry e <strong>de</strong> Gabriel Soares, estabelecen<strong>do</strong> uma relação <strong>de</strong><br />

complementarida<strong>de</strong> entre os discursos <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is cronistas.<br />

No que se refere a Gabriel Soares, estas são as palavras utilizadas por Freyre 69 :<br />

Nas mulheres a cargo <strong>de</strong> quem se achava toda a série <strong>de</strong> cuida<strong>do</strong>s <strong>de</strong> higiene <strong>do</strong>méstica entre os<br />

indígenas, com exceção da lavagem das re<strong>de</strong>s sujas, era ainda maior que nos homens o gosto pelo<br />

banho e pelo asseio <strong>do</strong> corpo. São asseadíssimas, nota Gabriel Soares.<br />

Deve-se notar que Gilberto Freyre, atribui uma afirmação a Gabriel Soares, mas não<br />

indica <strong>de</strong> que trecho <strong>de</strong> Trata<strong>do</strong> <strong>de</strong>scritivo <strong>do</strong> Brasil em 1587, ele teria retira<strong>do</strong> tal<br />

afirmação <strong>de</strong> Gabriel Soares a respeito da higiene da mulher indígena. O que se verifica<br />

após o exame da obra <strong>de</strong> Gabriel Soares é que o mesmo não faz referência a nada que se<br />

67 SOUZA, op. cit. p.308.<br />

68 FREYRE, op. cit. p.182.<br />

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