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Universidade Federal do Paraná - Departamento de História ...

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das quais tiram logo uma arroba <strong>de</strong> banha da barriga, cuja carne os índios têm em muita estima, e os<br />

mamelucos, por acharem-na muito saborosa.<br />

Brasil ou América Portuguesa?<br />

Em toda a obra <strong>de</strong> Soares, não existem referências às palavras: colônia, Brasil<br />

Colônia ou Brasil Colonial, nem tão pouco é utiliza<strong>do</strong> o termo América, ou América<br />

Portuguesa. O que prova que to<strong>do</strong>s estes termos são produtos <strong>de</strong> construções<br />

historiográficas escritas a partir <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> presente para <strong>de</strong>screver o próprio<br />

presente, ou um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>. Muitas vezes, talvez para diferenciar os<br />

contextos <strong>de</strong> Brasil Esta<strong>do</strong> Nacional Soberano <strong>de</strong> seu contexto anterior <strong>de</strong> subalternida<strong>de</strong> na<br />

hierarquia <strong>de</strong> relações <strong>do</strong> Império ultramarino Português ou ainda para não en<strong>do</strong>ssar a idéia<br />

<strong>de</strong> linearida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um "passa<strong>do</strong> nacional" construí<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> <strong>de</strong>scobrimento ou<br />

achamento <strong>do</strong> Brasil por Pedro Álvares Cabral em 1500, ou a partir <strong>de</strong> 1549 com a<br />

fundação da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salva<strong>do</strong>r por Tomé <strong>de</strong> Souza, como é da preferência <strong>de</strong> alguns.<br />

O uso <strong>do</strong> Topônimo América Portuguesa ao invés <strong>de</strong> Brasil é <strong>de</strong> uso recorrente na<br />

historiografia <strong>do</strong> século XX. Ainda no século XVIII, a intelectualida<strong>de</strong> portuguesa e luso-<br />

brasileira já usava preferencialmente o topônimo América Portuguesa. Porém, para efeito<br />

<strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong>, a construção retórica <strong>de</strong> sonorida<strong>de</strong> pomposa <strong>de</strong>ve ce<strong>de</strong>r lugar ao que está<br />

conti<strong>do</strong> nas fontes <strong>de</strong> época. Neste ponto é mais seguro dar fé ao palavrea<strong>do</strong> simplório <strong>de</strong><br />

Gabriel Soares <strong>de</strong> Souza para analisar o Brasil <strong>do</strong> Século XVI. Veja quais as palavras ele<br />

utiliza repetidas vezes para se referir à terra 21 :<br />

e com a força da gente da terra se po<strong>de</strong>rão apo<strong>de</strong>rar e fortificar <strong>de</strong> maneira que não haja po<strong>de</strong>r<br />

humano com que se possam tirar <strong>do</strong> Brasil estes inimigos, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m fazer gran<strong>de</strong>s danos a seu<br />

salvo em todas as terras marítimas da coroa <strong>de</strong> Portugal e Castela,<br />

cujo fundamento é mostrar as gran<strong>de</strong>s qualida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Brasil,<br />

Corre esta corda <strong>do</strong>s tapuias toda esta terra <strong>do</strong> Brasil pelas cabeceiras <strong>do</strong> outro gentio<br />

Como a tenção com que nos ocupamos nestas lembranças foi para mostrar bem o muito que há que<br />

dizer da Bahia <strong>de</strong> To<strong>do</strong>s os Santos, cabeça <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Brasil,<br />

mas são-no <strong>de</strong> todas as outras nações <strong>do</strong> gentio <strong>do</strong> Brasil, e entre todas elas lhes chamam “taburas”.<br />

No princípio da povoação <strong>do</strong> Brasil vieram alguns homens a per<strong>de</strong>r os pés, e outros a encherem-se<br />

<strong>de</strong> boubas, o que não acontece agora, porque to<strong>do</strong>s os sabem tirar, e não se <strong>de</strong>scuidam tanto <strong>de</strong> si,<br />

21 SOUZA, op. cit. pp.352-341-337-333-274.<br />

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