Acessar Dissertação - Programa de Pós-Graduação em Ciências ...
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pensar que os processos sociais são movidos e orientados nessa interação <strong>de</strong>corrente da<br />
forma <strong>de</strong> organização e <strong>de</strong> representação que os agentes impl<strong>em</strong>entam<br />
.<br />
4. Engajamento religioso e movimentos sociais: luta pela terra e conflitos<br />
Os anos 80 se mostram como um período conturbado que se inscreve na literatura<br />
como um momento “<strong>de</strong> crescimento e fortalecimento do campesinato” e marcado pela<br />
explosão <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> conflitos no campo, consi<strong>de</strong>rando Jean-Pierre Leroy (2000).<br />
Esses conflitos colocam entre os protagonistas camponeses, agentes sociais, ligados a<br />
entida<strong>de</strong>s e movimentos, grileiros e pistoleiros. Para o mesmo autor “na segunda meta<strong>de</strong><br />
dos anos 80, a questão agrária continua se afirmando como questão central, tanto para as<br />
organizações <strong>de</strong> massa quanto para as entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> apoio e assessoria como a Comissão<br />
Pastoral da Terra/CPT, partidos e muitos intelectuais” (LEROY, 2000, p. 6).<br />
A violência e os conflitos no campo não <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser objeto <strong>de</strong> reflexões na<br />
atuação dos atores sociais envolvidos nas CEBs da área <strong>de</strong> Santana. É <strong>de</strong>sse fato que tenho<br />
algumas imagens da minha infância quando, por participar da sociabilida<strong>de</strong> local, <strong>em</strong> Santo<br />
Antonio, pu<strong>de</strong> escutar comentários do cotidiano, ou das atuações religiosas a respeito<br />
<strong>de</strong>sses assuntos, conforme aconteciam <strong>em</strong> diferentes partes do estado e lá eram<br />
acompanhados.<br />
Além disso, o “caso <strong>de</strong> vida” 101 , acontecimento fictício <strong>de</strong> fundo na realida<strong>de</strong> que<br />
faziam parte dos livros e “Jornalzinho” oferecido como recurso pedagógico pela Igreja<br />
para evangelização, conciliado a leitura da Bíblia, nas reuniões, encontram nos fatos da<br />
vida real el<strong>em</strong>entos para refletir sobre os t<strong>em</strong>as sociais, políticos e econômicos.<br />
Mais precisamente, as lutas <strong>de</strong> sindicalistas e padres que atuavam <strong>em</strong> regiões<br />
vizinhas ganhavam repercussão no povoado <strong>de</strong> Santo Antonio. Esse foi o caso <strong>de</strong><br />
“Quintino” 102 , como um justiceiro que enfrentou o Estado paraense e os ricos na luta pelos<br />
<strong>de</strong>sfavorecidos; e “Benezinho” 103 e “Virgilio” 104 , tratados pelos interlocutores <strong>em</strong> registros<br />
101 “Caso <strong>de</strong> vida”, tratava-se <strong>de</strong> uma narrativa baseado <strong>em</strong> fatos da vida, por meio do qual era introduzido o<br />
<strong>de</strong>bate <strong>de</strong> certos t<strong>em</strong>as, no “Jornalzinho” produzido pela paróquia como material <strong>de</strong> orientação dos trabalhos<br />
<strong>de</strong> evangelização.<br />
102 Os autores LOUREIRO, 2001 e CARVALHO, 2005, se refer<strong>em</strong> a história <strong>de</strong> Quintino, no entanto,<br />
Loureiro (2001) faz uma análise mais <strong>de</strong>tida <strong>em</strong> seu trabalho intitulado “Estado, Bandido e Heróis: utopia e<br />
luta na Amazônia”.<br />
103 Ver “Fascículo 11: Quilombolas <strong>de</strong> Bujaru e Concórdia, Pará. In: Projeto Nova Cartografia Social da<br />
Amazônia; Série: Movimentos Sociais, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> coletiva e conflitos. – Belém, outubro <strong>de</strong> 2006.<br />
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