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(LEITE, 2002, p. 74). Ilka Boaventura Leite ao apontar o termo comunida<strong>de</strong> como “parte<br />
do vocabulário” daquela comunida<strong>de</strong> por ela pesquisada, e consi<strong>de</strong>ra a respeito da<br />
“importância assumida pelo conceito <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong> na própria construção da<br />
Antropologia”. Mas, sobretudo procura <strong>de</strong>stacar que se interessa <strong>em</strong> manter a “referência,<br />
tal como é usada pelos moradores, para i<strong>de</strong>ntificar e <strong>de</strong>screver” comunida<strong>de</strong> (LEITE, 2002, p. 74).<br />
É <strong>de</strong>ssa maneira que o termo ganha representação simbólica e significado político e<br />
social nas situações que faz<strong>em</strong> <strong>em</strong>prego da palavra comunida<strong>de</strong> nas narrativas das pessoas<br />
<strong>de</strong> Santo Antonio. Ela é <strong>de</strong>notada na experiência social engendrada <strong>de</strong> sentido próprio na<br />
vivência local. Portanto, ao refletir sobre a trajetória <strong>de</strong>ssa construção ou instituição da<br />
comunida<strong>de</strong> para os interlocutores, procurei levantar o significado e que critérios esses<br />
atores utilizam para <strong>de</strong>finir uma “comunida<strong>de</strong>” e o espaço social como tal.<br />
A <strong>de</strong>speito da categoria comunida<strong>de</strong> e povoado como venho citando e como<br />
procuro discutir é importante l<strong>em</strong>brar o que nos diz Alfredo Wagner Berno <strong>de</strong> Almeida<br />
Para esse autor a “noção <strong>de</strong> povoado compreen<strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> moradia” (ALMEIDA,<br />
2006b, p. 17). E distinguindo as duas categorias (povoado e comunida<strong>de</strong>) o autor<br />
consi<strong>de</strong>ra, entretanto, trata-se <strong>de</strong> “situações passiveis <strong>de</strong> aproximação” a medida que por<br />
vezes “os povoados são referidos a comunida<strong>de</strong>s”.<br />
“Embora não haja uma correspondência exata entre os povoados,<br />
produto da agregação, e as comunida<strong>de</strong>s, que os articulam segundo<br />
diferentes planos <strong>de</strong> organização social, po<strong>de</strong>-se afirmar, guardadas as<br />
distinções, que se trata <strong>de</strong> situações passiveis <strong>de</strong> aproximação. Os<br />
povoados consist<strong>em</strong> <strong>em</strong> realida<strong>de</strong>s <strong>em</strong>piricamente observáveis, enquanto<br />
que as comunida<strong>de</strong>s teoricamente transcen<strong>de</strong>m a um grupo <strong>de</strong> moradia,<br />
compreen<strong>de</strong>ndo relações sociais com vizinhança, situação comum <strong>de</strong><br />
interesses, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e formas <strong>de</strong> ação comum que po<strong>de</strong>m ser lidas como<br />
‘relações comunitárias étnicas’” (ALMEIDA, 2006b, p. 18).<br />
Um dos momentos <strong>em</strong> que se aplica o termo “comunida<strong>de</strong>” para a experiência <strong>de</strong><br />
Santo Antonio t<strong>em</strong> ver com um <strong>de</strong>sm<strong>em</strong>bramento na comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santana 65 , feito por<br />
alguns sítios, geograficamente mais próximos cujos m<strong>em</strong>bros faziam parte <strong>de</strong> Grupos <strong>de</strong><br />
Evangelização, que <strong>de</strong>cidiram se juntar e formar uma “comunida<strong>de</strong>”. Assim, no conjunto<br />
<strong>de</strong> povoados da área (São Judas, Curuperé, Curuperézinho e outros), Santo Antonio é<br />
aquele qual mais recent<strong>em</strong>ente foi atribuído esse caráter <strong>de</strong> “comunida<strong>de</strong>”, ganhando<br />
65 Desm<strong>em</strong>bramento que se dá <strong>em</strong> relação a Vila <strong>de</strong> Santana, tida como um dos lugares antigos do rio Bujaru<br />
e on<strong>de</strong> se encontra a Igreja matriz das comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssa região. Para Edna Castro (2005), Santana foi um<br />
dos lugares <strong>de</strong> escravatura e ponto <strong>de</strong> irradiação para formação dos <strong>de</strong>mais povoados locais.<br />
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