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Sávio, morador da Foz do Cravo, i<strong>de</strong>ntifica a sua localida<strong>de</strong> como uma<br />
comunida<strong>de</strong>, mas, logo <strong>em</strong> seguida, esclarece crer seu pertencimento a Santo Antonio.<br />
Acho que aqui é uma comunida<strong>de</strong>! As pessoas se reún<strong>em</strong>! T<strong>em</strong> várias<br />
casas... Mas, agora ta tudo misturado com o Santo Antonio! Acho que é<br />
só uma comunida<strong>de</strong> (Sávio, 2007).<br />
Com isso informa um sentido das relações que ocorr<strong>em</strong> num âmbito do cotidiano,<br />
mas se reporta ao sentido mais formal assumido nos últimos anos, como já me referi<br />
anteriormente.<br />
Valdomiro, também <strong>de</strong> Foz do Cravo, sobre a questão: “Você mora <strong>em</strong> uma<br />
comunida<strong>de</strong>?” respon<strong>de</strong>u frisando a dubieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> pertencimento, uma vez que está “entre<br />
Santo Antonio e” Santana. Mas, distingue que a relação com Santana “é mais para rezar, mas<br />
trabalho não é <strong>de</strong>senvolvido”. Já <strong>em</strong> “Santo Antonio por que somos sócios [da ARQUINEC]” e<br />
on<strong>de</strong> se “<strong>de</strong>senvolve o trabalho” <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> organização da associação, mas não participa “<strong>de</strong><br />
culto” dominical.<br />
Essas e outras falas como mencionarei adiante dão a tônica do <strong>em</strong>prego da palavra<br />
que t<strong>em</strong> inclusive suscitado reflexões acadêmicas sob diversas perspectivas.<br />
In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> entrar nos <strong>de</strong>bates que ren<strong>de</strong>riam suscitar essa categoria<br />
(comunida<strong>de</strong>) no âmbito das ciências sociais, conforme b<strong>em</strong> l<strong>em</strong>bra Leite (2002), já que<br />
me preocupo <strong>em</strong> tratá-la na maneira que os interlocutores dão sentido a vivência <strong>em</strong> Santo<br />
Antonio. Vale dizer que há estudos que tratam da própria categoria atribuída a um grupo<br />
social ou o próprio conceito <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong> e/ou sua trajetória no conhecimento<br />
sociológico, histórico e na etnologia (MENDRAS, 1978, GOMES, 2006).<br />
Com efeito, enquanto neste trabalho a preocupação é com um grupo que se<br />
i<strong>de</strong>ntifica como “comunida<strong>de</strong> quilombola”; Márcio Queiroz Chaves (2005) aborda sob o<br />
titulo “Comunida<strong>de</strong> e reprodução social: estudo sobre uma população ribeirinha do<br />
município <strong>de</strong> Ponta <strong>de</strong> Pedras – Ilha <strong>de</strong> Marájó-PA”, uma comunida<strong>de</strong> ribeirinha <strong>em</strong> suas<br />
estratégias <strong>de</strong> reprodução social.<br />
Este autor discorre sobre o conceito <strong>de</strong> “comunida<strong>de</strong>” discutida por Ferdinand<br />
Tönnies e Zygmunt Bauman. E, assinala que a comunida<strong>de</strong> que estuda “como uma<br />
organização social <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado número <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s domésticas que mantêm entre<br />
si um conjunto <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> diversas or<strong>de</strong>ns”. E, que estando, “sobretudo, orientadas para<br />
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