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elacionamento com o outro das pessoas na relação <strong>de</strong> parentesco” 58 . É importante <strong>de</strong>stacar<br />
que tal consiste numa vivência do próprio grupo que atribui significados, símbolos a<br />
relação <strong>de</strong> parentesco, por eles vivenciadas.<br />
Segundo Georges Balandier (1980) para diversos “autores a or<strong>de</strong>m do parentesco<br />
exclui teoricamente a do político. (...) segundo a forma <strong>de</strong> Morgan (...) uma rege o estado<br />
<strong>de</strong> societas, e a outra o <strong>de</strong> civitas, tal como, segundo a terminologia que durante algum<br />
t<strong>em</strong>po esteve <strong>em</strong> moda, uma evoca as estruturas <strong>de</strong> reciprocida<strong>de</strong> e outra as estruturas <strong>de</strong><br />
subordinação. Em ambos os casos, a dicotomia se manifesta”. Para este autor, no entanto,<br />
a antropologia política, não concebe “parentesco e política como termos” específico, n<strong>em</strong><br />
como “opostos um ao outro”. Assim, assinala que “por ocasião <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> campo” se<br />
“revelou os laços complexos que exist<strong>em</strong> entre os dois sist<strong>em</strong>as e fundamentou a análise e<br />
a elaboração teórica das suas relações”. E que isso permitiu abrir “a fronteira traçada entre<br />
o parentesco e o político” tornando “aparente a existência <strong>de</strong> relações políticas que se<br />
fundamentam na utilização do principio <strong>de</strong> <strong>de</strong>scendência, fora do quadro estreito do<br />
parentesco. Do mesmo modo, ainda nessas socieda<strong>de</strong>s, o parentesco fornece ao político um<br />
mo<strong>de</strong>lo e uma linguag<strong>em</strong>” (BALANDIER, 1980, p. 59-60).<br />
Diante da diversida<strong>de</strong> do campo observo alguns el<strong>em</strong>entos que essas perspectivas<br />
teóricas fornec<strong>em</strong> para pensar os dados <strong>em</strong>píricos aqui expostos relativo a parentesco<br />
indicativo não só <strong>de</strong>scendência e consangüinida<strong>de</strong>, mas, implicado à relações sociais,<br />
políticas e i<strong>de</strong>ológicas. De modo que, parentesco se vê imbricado nas situações observadas<br />
do grupo. Nesse sentido, é pertinente enten<strong>de</strong>r e parentesco <strong>em</strong> conexão com as relações<br />
sociais, <strong>de</strong> gênero e políticas, on<strong>de</strong> se forjam as participações nas formas associativas.<br />
E retomando a São Raimundo, especificamente, se nota que a relação do<br />
entrevistado com o grupo <strong>de</strong> parentes na moradia e o fato <strong>de</strong> a pessoa mais velha da<br />
localida<strong>de</strong> ter 65 anos, n<strong>em</strong> <strong>de</strong> longe po<strong>de</strong> sugeri que a formação do grupo seja recente. Os<br />
relatos apontam gerações passadas das quais <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>m os atuais moradores com os quais<br />
constitu<strong>em</strong> vínculos <strong>de</strong> parentesco mais antigos. Portanto, as unida<strong>de</strong>s familiares atuais<br />
<strong>em</strong>erg<strong>em</strong> <strong>de</strong>sses ancestrais e parentes daqueles por qu<strong>em</strong> passa o domínio da herança e<br />
proprieda<strong>de</strong> da terra. Elas surg<strong>em</strong> a partir <strong>de</strong> estratégias matrimoniais com pessoas das<br />
proximida<strong>de</strong>s ou <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s vizinhas. Logo, formam novas moradias e as relações<br />
58 Traduzido do texto <strong>em</strong> francês, <strong>de</strong> Louis Dumont. Introduction à Deux Théories d’<br />
Anthropologie Sociale. Paris: EPHE-Sorbone, 1971, p. 21-53.<br />
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