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Acessar Dissertação - Programa de Pós-Graduação em Ciências ...

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– com tanto gosto, pensei –, pois só não t<strong>em</strong> todas <strong>de</strong>vido a insetos (formiga-branca)<br />

atacar<strong>em</strong> o local <strong>em</strong> que as guardava. Sua fala é movida por gran<strong>de</strong> sentimento, <strong>em</strong>oção<br />

quando informa <strong>de</strong> sua participação.<br />

Maria, como é mais conhecida, diz ter iniciado no Grupo <strong>de</strong> Evangelização Santa<br />

Maria por intermédio <strong>de</strong> um convite quando este grupo funcionava na localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santa<br />

Maria. Agora, participa do Grupo Cristo Ressuscitado. No movimento participa e, diz<br />

gostar, sendo atualmente, a tesoureira do Grupo <strong>de</strong> Mulheres.<br />

Acho bom participar, aon<strong>de</strong> a gente <strong>de</strong>scobre os direito das<br />

mulher. Porque [antes] pra mulher sair <strong>de</strong> casa, tinha que se ajoelhar no<br />

pé do marido, pedir, botar as mãos postas pra ele <strong>de</strong>ixar o cara sair pra<br />

participar duma reunião notro lugar. Agora não! Foi <strong>de</strong>scoberto, assim<br />

como ele t<strong>em</strong> o direito <strong>de</strong>le mulher também [t<strong>em</strong>]. No dia <strong>de</strong> participar da<br />

reunião só diz olha vou pra tal lugar participar <strong>de</strong> tal coisa. Elas só vão!<br />

(Maria das Dores, 2007).<br />

Fica evi<strong>de</strong>nte que Maria utiliza expressões metafóricas para marcar uma<br />

experiência on<strong>de</strong> as mulheres tinham seus interesses negligenciados e, sob uma espécie <strong>de</strong><br />

julgo do marido cabia a ele o aval para que saíss<strong>em</strong>, mesmo que para participar <strong>de</strong> uma<br />

reunião <strong>de</strong> mulheres. Mas, como ela mesma esclarece participar faz vir a tona os direitos<br />

da mulher. Portanto, po<strong>de</strong>-se afirmar que essa forma <strong>de</strong> participação po<strong>de</strong> ter trazido <strong>em</strong><br />

seu bojo el<strong>em</strong>entos que apontam para contestações e rupturas com os padrões tradicionais<br />

das relações <strong>de</strong> gênero, <strong>em</strong>bora essas mulheres, naquele momento, talvez sequer tivess<strong>em</strong><br />

adotado valores do “movimento f<strong>em</strong>inista”, como explicam as antropólogas Machado e<br />

Mariz (s/d) 116 .<br />

Maria ainda relata que <strong>em</strong> seguida à participação no Grupo <strong>de</strong> Evangelização,<br />

iniciou no Clube <strong>de</strong> Mães <strong>de</strong> Vila <strong>de</strong> Santana. E, <strong>em</strong> seguida, juntamente com sua mãe,<br />

passou a freqüentá-lo na Comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campo Ver<strong>de</strong>; lá ajudaram a compra uma Santa.<br />

Portanto, período <strong>em</strong> que ainda se tratava <strong>de</strong> Clube <strong>de</strong> Mães, como informa. “Depois<br />

fundaram o movimento aí no Santo Antonio e nós saímos do Campo Ver<strong>de</strong> e entramos aí<br />

já com o nome <strong>de</strong> Grupo <strong>de</strong> mulheres”.<br />

No povoado <strong>de</strong> Santo Antonio entre suas companheiras <strong>de</strong> participação estavam:<br />

“comadre Emilia, madrinha Celina, finada mamãe”. Com isso alu<strong>de</strong> para as relações <strong>de</strong><br />

116 Ver artigo das autoras intitulado “Mulheres e prática religiosa nas classes populares: uma comparação<br />

entre as igrejas pentecostais, as Comunida<strong>de</strong>s Eclesiais <strong>de</strong> Base e os grupos carismáticos” disponível<br />

<strong>em</strong>:http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_34/rbcs34_05.htm<br />

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