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Acessar Dissertação - Programa de Pós-Graduação em Ciências ...

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Para o autor ela resulta da <strong>de</strong>nominada “violência simbólica, violência suave,<br />

invisível a suas próprias vítimas, que se exerce pelas vias puramente simbólicas da<br />

comunicação e do conhecimento, ou mais precisamente, do <strong>de</strong>sconhecimento, do<br />

reconhecimento ou, <strong>em</strong> última instância, do sentimento” (BOURDIEU, 1999, p. 7-8).<br />

Mas, sobretudo, <strong>em</strong> Santo Antonio o que se vê operando, muitas vezes, é uma<br />

prática e a i<strong>de</strong>alização <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo (WOLFF, 1999). Assim, se têm diferentes tipos <strong>de</strong><br />

convívio doméstico que <strong>de</strong>monstram que há mulheres chefes <strong>de</strong> família 152 . E, mesmo<br />

aqueles <strong>em</strong> que os homens é qu<strong>em</strong> assum<strong>em</strong> formalmente a chefia, contudo, as mulheres<br />

<strong>de</strong>manda gran<strong>de</strong> influencia nas <strong>de</strong>cisões e exerc<strong>em</strong> com bastante autonomia, a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

sair do espaço doméstico e o da participação. E aí o que se t<strong>em</strong> é o mo<strong>de</strong>lo instituído <strong>de</strong><br />

família e <strong>de</strong> dominação funcionando no imaginário como um mo<strong>de</strong>lo padrão, no entanto,<br />

que opera a partir <strong>de</strong> uma própria realida<strong>de</strong> especifica que po<strong>de</strong> ser burlado, mas n<strong>em</strong> por<br />

isso <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> existir como um recurso que é acionado <strong>em</strong> certos momentos da<br />

sociabilida<strong>de</strong> (WAGLEY, 1977 [1956]).<br />

Nas práticas sociais já mencionadas no povoado <strong>de</strong> Santo Antonio e nas formas <strong>de</strong><br />

sociabilida<strong>de</strong> ocasionadas pelas reuniões sociais como festas, aniversários <strong>de</strong>nota-se a<br />

divisão nas atribuições <strong>de</strong> homens e mulheres (MOTTA-MAUÉS, 1993). E uma <strong>de</strong>ssas<br />

ocasiões homens e mulheres – jovens e pessoas <strong>de</strong> mais ida<strong>de</strong> – <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penharam diversas<br />

tarefas. Contudo, marcadamente, pu<strong>de</strong> notar que as mulheres praticavam as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

cozinhar, lavar louça, servir a comida oferecida aos convidados, assim como, da venda <strong>de</strong><br />

outras para arrecadar fundos para pagamento do fogão comprado pelo Grupo <strong>de</strong> Mulheres.<br />

Os homens se ocuparam <strong>em</strong> comprar cerveja, gelar e ven<strong>de</strong>r. Também, cuidaram da<br />

preparação da lenha e fogo para o churrasco e <strong>de</strong> assá-lo. E no dia seguinte, reunidos no<br />

mesmo lugar, juntos – homens e mulheres – prestaram conta dos gastos e do lucro obtido.<br />

Entretanto, nesses momentos da sociabilida<strong>de</strong> não se exclui um ou outro gênero, mas há<br />

muitas vezes, uma compl<strong>em</strong>entarida<strong>de</strong>.<br />

Assim, penso que mesmo com essa divisão, isso não implica uma total<br />

subordinação <strong>de</strong> um gênero sobre o outro. Maria Angelica Motta-Maués tratando <strong>de</strong><br />

152 Cristina S. Wolff, tratando sobre gênero nos seringais do Alto Juruá diz que “As mulheres e crianças não<br />

tinham lugar nesta fábrica [como era tratado o seringal], pelo menos no mo<strong>de</strong>lo, i<strong>de</strong>almente. Entretanto elas<br />

existiam e ocupavam as mais diversas posições” (WOLFF, 1999, p. 76). Portanto, [e]mbora não fizess<strong>em</strong><br />

parte visivelmente do esqu<strong>em</strong>a produtivo dos seringais, as mulheres neles exerciam diversas tarefas, que<br />

possibilitavam sua sobrevivência <strong>em</strong> um sist<strong>em</strong>a do qual estavam excluídas i<strong>de</strong>almente” (WOLFF, 1999, p.<br />

76). Isso para dizer da diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> momentos <strong>em</strong> que situações práticas não condiz<strong>em</strong> com o mo<strong>de</strong>lo i<strong>de</strong>al<br />

representado <strong>em</strong> uma dada sociabilida<strong>de</strong>, no entanto, esses sujeitos invisibilizados marcam suas estratégias<br />

<strong>de</strong> atuação que po<strong>de</strong>m inverter o lugar da dominação.<br />

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