02.06.2013 Views

Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto

Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto

Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Deve-se a Wharton, no século XVII,<br />

a designação de "tireóide " para o órgão cervical<br />

que tinha por missão "...arre<strong>do</strong>n<strong>da</strong>r e tornar belo<br />

o pescoço, preenchen<strong>do</strong> os espaços vazios junto<br />

<strong>da</strong> laringe...", o que se harmoniza com o facto<br />

de ser "... particularmente nas mulheres que a<br />

glândula tem dimensões maiores" (327). Embora<br />

atraente, de certo não é esta suposição que justifica<br />

o interesse nomea<strong>da</strong>mente de clínicos, patologistas<br />

e imunologistas pela glândula tireoideia.<br />

A glândula tireoideia pode apresentar<br />

alterações tanto <strong>da</strong> função como <strong>da</strong> morfologia,<br />

isola<strong>da</strong>mente ou simultaneamente, o que associa<strong>do</strong><br />

à frequência com que estas alterações se manifes­<br />

tam contribui para que a patologia tireoideia<br />

seja muito varia<strong>da</strong>. Nos seus aspectos gerais,<br />

esta patologia aparece já relativamente sistemati­<br />

za<strong>da</strong> em trata<strong>do</strong>s de Anatomia Patológica <strong>da</strong>s<br />

primeiras déca<strong>da</strong>s deste século (107,178,184,<br />

237).<br />

Em 1912, Hashimoto descreveu uma<br />

forma particular de bócio, que individualizou<br />

como enti<strong>da</strong>de distinta <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença de Riedel e<br />

<strong>da</strong>s tireoidites crónicas, específicas e não específi­<br />

cas (127). Essa situação caracterizava-se por<br />

bócio difuso de volume modera<strong>do</strong>, que afectava<br />

particularmente as mulheres de meia i<strong>da</strong>de e que,<br />

como elementos fun<strong>da</strong>mentais, apresentava<br />

abun<strong>da</strong>nte infiltra<strong>do</strong> linfóide difuso, com centros<br />

germinativos, "atrofia" <strong>da</strong>s células vesiculares<br />

e grau variável de fibrose.<br />

Este trabalho de Hashimoto passou<br />

despercebi<strong>do</strong> durante vários anos. Efectivamente,<br />

em trata<strong>do</strong>s de Anatomia Patológica edita<strong>do</strong>s durante<br />

as duas primeiras déca<strong>da</strong>s deste século (107,237),<br />

não se encontram referências ao "bócio linfóide"<br />

como enti<strong>da</strong>de, embora a propósito <strong>do</strong> bócio<br />

exoftálmico se descreva a possibili<strong>da</strong>de de haver<br />

infiltra<strong>do</strong> linfóide focal com centros germinativos.<br />

A questão <strong>da</strong> individualização <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença<br />

de Hashimoto como uma enti<strong>da</strong>de voltou a uma<br />

fase de confusão após a publicação, em 1922, <strong>do</strong><br />

estu<strong>do</strong> de Ewing sobre a <strong>do</strong>ença de Hashimoto e<br />

a <strong>do</strong>ença de Riedel (87). Basean<strong>do</strong> a sua opinião<br />

em apenas quatro casos estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s, Ewing considerou<br />

que tanto a <strong>do</strong>ença de Hashimoto como a <strong>do</strong>ença<br />

de Riedel correspondiam a fases, respectivamente<br />

precoce e tardia, de uma mesma situação patológi­<br />

ca. Esta generalização, além de descaracterizar<br />

a <strong>do</strong>ença de Hashimoto, incorria no erro de consi­<br />

derar como <strong>do</strong>ença de Riedel situações com caracte­<br />

rísticas perfeitamente distintas <strong>da</strong>s originalmente

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!