Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto
Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto
Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
anti-receptores de TSH poem em evidência zonas<br />
antigénicas distintas, relaciona<strong>da</strong>s respectivamente<br />
com o efeito promotor <strong>do</strong> crescimento celular<br />
e o efeito de estimulação <strong>da</strong> secreção hormonal.<br />
Os conhecimentos actuais permitem<br />
pois distinguir diferentes tipos de anticorpos anti-<br />
-receptores de TSH, uns estimulantes e outros<br />
bloquea<strong>do</strong>res, dirigi<strong>do</strong>s para zonas antigénicas<br />
relaciona<strong>da</strong>s com a secreção hormonal ou com<br />
o crescimento celular (50, 79, 80, 279, 303, 316).<br />
A conjugação <strong>do</strong>s efeitos resultantes <strong>da</strong> actuação<br />
destes tipos de auto-anticorpos esclarece o largo<br />
espectro de apresentação <strong>da</strong>s <strong>do</strong>enças auto-imunes<br />
<strong>da</strong> glândula tireoideia (81). Aparentemente, a<br />
sua participação na patogénese <strong>da</strong> tireoidite linfocí-<br />
tica é menos importante <strong>do</strong> que na <strong>do</strong>ença de<br />
Graves ou no mixedema primário. Deve-se, contu<strong>do</strong>,<br />
notar que também têm si<strong>do</strong> detecta<strong>do</strong>s na tireoidite<br />
linfocftica (37, 81, 84, 89, 322) e que, em algumas<br />
situações, a sua importância na patogénese <strong>da</strong><br />
tireoidite poderá ser relevante (79, SI, 322).<br />
O aparecimento de auto-anticorpos<br />
em <strong>do</strong>enças auto-imunes, nomea<strong>da</strong>mente na glândula<br />
tireoideia, tem si<strong>do</strong> atribuí<strong>do</strong> a uma desregulação<br />
<strong>do</strong> funcionamento <strong>do</strong> sistema imune, ten<strong>do</strong>-se<br />
focaliza<strong>do</strong> o problema sobretu<strong>do</strong> a nível <strong>do</strong>s linfó-<br />
citos T. Contrariamente ao que se tem verifica<strong>do</strong><br />
no <strong>do</strong>mfnio <strong>da</strong> imuni<strong>da</strong>de humoral, os estu<strong>do</strong>s<br />
efectua<strong>do</strong>s não têm permiti<strong>do</strong> um esclarecimento<br />
satisfatório desta questão. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s<br />
pelos vários autores não são concor<strong>da</strong>ntes, tanto<br />
no que se refere ao número global de linfócitos T<br />
(46, 47, 69, 313) ou de linfócitos T "helper" (69)<br />
e T supressores (69, 307), como no que diz respeito<br />
a alteração <strong>da</strong> activi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s linfócitos T supres<br />
sores (69, 228, 235, 236, 262, 307). Estas discrepân<br />
cias são certamente o resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong>des<br />
técnicas que envolvem as investigações sobre<br />
este assunto. E contu<strong>do</strong> lógico que, <strong>da</strong><strong>do</strong> o carácter<br />
regula<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s linfócitos T supressores sobre os<br />
linfócitos T "helper", a alteração se manifeste<br />
naquela classe de linfócitos, não sen<strong>do</strong> necessário<br />
que o seu número varie para que haja deficiência<br />
<strong>da</strong> sua função. Esta deficiência, por outro la<strong>do</strong>,<br />
não deve afectar a generali<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s linfócitos<br />
T supressores, pois tal não se coaduna com a orga-<br />
no-especifici<strong>da</strong>de que caracteriza as <strong>do</strong>enças<br />
auto-imunes. Esta dedução está em sintonia com<br />
os resulta<strong>do</strong>s de estu<strong>do</strong>s laboratoriais que mostram<br />
haver, nomea<strong>da</strong>mente na tireoidite linfocftica,<br />
uma deficiência <strong>da</strong> activi<strong>da</strong>de específica (de anti-<br />
génio ou de órgão) de linfócitos T supressores<br />
(24, 69, 220, 321).<br />
As alterações <strong>da</strong> função tireoideia —<br />
hipertireoidismo, na <strong>do</strong>ença de Craves, e tendên<br />
cia ao hipotireoidismo, na tireoidite linfocftica<br />
— constituem uma <strong>da</strong>s principais questões de inter<br />
pretação patogénica. Apesar de em ambas as <strong>do</strong>enças<br />
se tratar de uma alteração de natureza funcional,<br />
embora de senti<strong>do</strong> oposto, as explicações imunológi<br />
cas que têm si<strong>do</strong> propostas são, contu<strong>do</strong>, divergentes.<br />
Na <strong>do</strong>ença de Craves podem ser detec<br />
ta<strong>do</strong>s vários tipos de auto-anticorpos dirigi<strong>do</strong>s<br />
contra componentes <strong>da</strong> membrana celular (239, 240).<br />
Alguns desses auto-anticorpos têm efeitos estimu<br />
lantes sobre a célula tireoideia e determinam inibição<br />
<strong>da</strong> acção de TSH sobre os respectivos receptores<br />
(84, 166, 239, 240, 296, 297, 322). Actualmente, não<br />
existem dúvi<strong>da</strong>s de que o hipertireoidismo na <strong>do</strong>ença<br />
de Craves é uma consequência <strong>da</strong> actuação de<br />
anticorpos sobre os receptores de TSH, levan<strong>do</strong>,<br />
como a TSH, a activação <strong>do</strong> sistema de adenil-cicla-<br />
se/AMP-cíclico e estimulação <strong>da</strong> função tireoideia<br />
(30, 84, 166, 232, 239, 240, 297, 322, 344). Apenas<br />
se discute a natureza destes auto-anticorpos: uns<br />
autores admitem que são anticorpos anti-receptores<br />
(idiótipos), poden<strong>do</strong> o seu anti-idiótipo ligar-se<br />
à TSH (89, 90, 271), enquanto outros autores sugerem<br />
que são anti-idiótipos de anticorpos dirigi<strong>do</strong>s para<br />
a TSH (idiótipos) (89, 90, 144, 246, 271). Ambas<br />
as possibili<strong>da</strong>des são teoricamente admissíveis<br />
(89, 90), sen<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> possfvel que, nuns casos, a<br />
IgG responsável pela estimulação seja anticorpo<br />
anti-receptor de TSH e, noutros casos, anti-idiótipo<br />
de anticorpo contra TSH. A atribuição desta natureza<br />
aos anticorpos anti-receptores coaduna-se com<br />
a hipótese de poder haver interacção cruza<strong>da</strong> com<br />
outros idiótipos (57), o que explicaria flutuações<br />
<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> funcional <strong>da</strong> glândula tireoideia em relação<br />
com activa<strong>do</strong>res policlonais <strong>do</strong> sistema imune,<br />
como em algumas situações infecciosas (57, 306).<br />
Contrariamente à <strong>do</strong>ença de Craves,<br />
os mecanismos imunológicos propostos na patogé<br />
nese <strong>da</strong> tireoidite linfocftica centram-se em fenó-