02.06.2013 Views

Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto

Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto

Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

descrito nas formas fibrosas <strong>da</strong> tireoidite linfocftica<br />

(159, 333).<br />

Perante estes <strong>da</strong><strong>do</strong>s, poder-se-ia argu­<br />

mentar que a fibrose na tireoidite linfocftica,<br />

se enquadraria na evolução natural de um processo<br />

inflamatório crónico.<br />

Não nos parece, contu<strong>do</strong>, que a questão<br />

seja assim tão simples. A tireoidite linfocftica<br />

tem uma evolução arrasta<strong>da</strong> no tempo, mas a<br />

fibrose apenas é acentua<strong>da</strong> em cerca de \1% <strong>do</strong>s<br />

casos. Afinal, a cronici<strong>da</strong>de não justifica, só por<br />

si, a fibrose, o que é apoia<strong>do</strong> pelo facto de não<br />

termos encontra<strong>do</strong> uma diferença significativa<br />

entre as i<strong>da</strong>des médias <strong>do</strong>s "<strong>do</strong>entes" que<br />

apresentavam tireoidite linfocftica difusa,<br />

respectivamente com e sem fibrose.<br />

As características <strong>da</strong> fibrose intersticial<br />

também não sugerem que ela correspon<strong>da</strong> à "cicatri­<br />

zação" de lesões destrutivas secundárias à tireoidite<br />

linfocftica. Esta conclusão resulta sobretu<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />

comparação com as áreas de fibrose cicatricial<br />

secundárias a alterações necro-hemorrágicas,<br />

frequentes nomea<strong>da</strong>mente em casos de bócio<br />

difuso ou nodular (103, 247). Nestes casos a fibrose<br />

forma ban<strong>da</strong>s que coram de vermelho pelo méto<strong>do</strong><br />

de van Gieson. Ora, nas nossas observações, a<br />

fibrose intersticial <strong>da</strong> tireoidite linfocftica só<br />

ocasionalmente (e sempre focalmente) assumia<br />

o aspecto de faixas de fibrose van Gieson<br />

"positivas".<br />

A caracterização imunocitoqufmica <strong>do</strong><br />

infiltra<strong>do</strong> linfóide não permite também avançar<br />

na compreensão desta questão. Na tireoidite de<br />

Riedel estão referi<strong>do</strong>s altos valores percentuais<br />

de células "secretoras" de IgA, que atingem os<br />

valores médios <strong>da</strong> ordem <strong>do</strong>s H7% (121), o que<br />

contrasta com os valores de aproxima<strong>da</strong>mente<br />

10% encontra<strong>do</strong>s na tireoidite linfocftica difusa<br />

(171, 203). Deve-se notar que na variante fibrosa<br />

<strong>da</strong> tireoidite linfocftica, Harach e colab (121)<br />

encontraram 1536 de células com IgA e Knecht<br />

e colab (171) referem maior concentração de<br />

células IgA "positivas" em áreas próximas de septos<br />

fibrosos. Estes factos parecem, pois, apontar<br />

para uma possfvel, mas inexplica<strong>da</strong>, relação entre<br />

a fibrose e a "secreção" de IgA.<br />

Os nossos resulta<strong>do</strong>s não nos aconselham,<br />

no entanto, a seguir esta orientação. Do mesmo<br />

mo<strong>do</strong> que Knecht e colab (171), observámos ocasio­<br />

nalmente, em algumas áreas de fibrose, uma relativa<br />

maior concentração de células com IgA mas, no<br />

conjunto <strong>da</strong>s observações, tal facto não se repetiu<br />

de forma relevante. Por outro la<strong>do</strong>, não encontrámos<br />

diferença significativa entre as percentagens<br />

de células com IgA, respectivamente nos casos<br />

de tireoidite com e sem fibrose (nos casos com<br />

fibrose, a percentagem era até inferior). Não<br />

nos parece, pois, que na tireoidite linfocftica<br />

haja qualquer relação entre o desenvolvimento<br />

<strong>da</strong> fibrose e a presença de IgA. A eleva<strong>da</strong> percenta­<br />

gem de células com IgA na tireoidite de Riedel,<br />

que eventualmente terá a ver com a patogénese<br />

desta <strong>do</strong>ença, poderá, no entanto, em casos de<br />

dúvi<strong>da</strong>, contribuir para o diagnóstico diferencial<br />

com eventuais formas acentua<strong>da</strong>mente fibrosantes<br />

<strong>da</strong> tireoidite linfocftica.<br />

A matriz extracelular é constituí<strong>da</strong><br />

por uma complexa mistura de colagénio(s), elastina,<br />

glicoproteínas e proteoglicanos (128, 188). Estes<br />

componentes variam tanto qualitativamente como<br />

quantitativamente consoante o tipo de matriz,<br />

sen<strong>do</strong> a composição especffica <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> (188).<br />

A matriz intersticial associa<strong>da</strong> a fibroblastos<br />

e a miofibroblastos contém colagénio de tipos<br />

I e 111, fibronectina e tipos específicos de glicopro­<br />

teínas e proteoglicanos (188). Na lâmina basal<br />

reconhecem-se colagénio de tipo IV, laminina,<br />

entractina e proteoglicano BM^, varian<strong>do</strong> a propor­<br />

ção destes elementos nos diferentes teci<strong>do</strong>s (33, 92,<br />

180, 195, 199, 200, 212, 295). O colagénio <strong>do</strong> tipo<br />

IV é característico <strong>da</strong>s lâminas basais (102, 238, 258)<br />

e o <strong>do</strong> tipo 11 observa-se sobretu<strong>do</strong> na matriz<br />

cartilagfnea, enquanto o <strong>do</strong> tipo I existe tanto<br />

na matriz intersticial como na óssea (102, 238).<br />

No estroma intersticial a matriz assume<br />

diferentes padrões de organização, poden<strong>do</strong>-se<br />

distinguir, ultrastruturalmente, um padrão de<br />

organização denso, com feixes de colagénio em<br />

íntimo contacto com fibroblastos maduros, e um<br />

padrão de organização laxo, onde o colagénio<br />

está presente em fibrilhas mistura<strong>da</strong>s com material<br />

de electrondensi<strong>da</strong>de semelhante à <strong>da</strong> lâmina<br />

basal (119). Esta última matriz, situa<strong>da</strong> nomea<strong>da</strong>­<br />

mente junto <strong>da</strong>s lâminas basais, evidencia caracte­<br />

rísticas de fibras reticulfnicas (argênticas) (16, 102,<br />

82

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!