Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto
Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto
Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
119, 257) e parece ser composta fun<strong>da</strong>mentalmente<br />
por colagénio <strong>do</strong> tipo 111 (mistura<strong>do</strong> por vezes<br />
com alguns feixes de colagénio <strong>do</strong> tipo I) e fibronec-<br />
tina (119, 256, 257). Na matriz densa identificam-se<br />
sobretu<strong>do</strong> feixes de colagénio <strong>do</strong> tipo 1 liga<strong>do</strong>s<br />
por rede de colagénio <strong>do</strong> tipo III, enquanto a fibro-<br />
nectina existe em menor quanti<strong>da</strong>de que na matriz<br />
laxa (16, 119).<br />
Na tireoidite linfocftica com fibrose<br />
estes <strong>do</strong>is padrões de organização <strong>da</strong> matriz intersti<br />
cial foram facilmente reconheci<strong>do</strong>s. Nas áreas<br />
de fibrose intersticial, as fibras reticulínicas eram<br />
abun<strong>da</strong>ntes e dispunham-se no seio de uma matriz<br />
com padrão de organização laxo, em termos ultras-<br />
truturais. Por estas características podemos inferir<br />
que nas áreas perivesiculares a fibrose resulta<br />
fun<strong>da</strong>mentalmente se um enriquecimento em<br />
fibronectina e colagénio <strong>do</strong> tipo III. De igual mo<strong>do</strong>,<br />
podemos deduzir que os septos interlobulares,<br />
bem como as ocasionais áreas de fibrose intersticial<br />
com aspecto de pequenos septos, são constituí<strong>do</strong>s<br />
fun<strong>da</strong>mentalmente por colagénio <strong>do</strong> tipo I e <strong>do</strong><br />
tipo III. E evidente que estas conclusões são um<br />
pouco arrisca<strong>da</strong>s, pois, para além de se tratar<br />
de um assunto ain<strong>da</strong> controverso, não são os méto<strong>do</strong>s<br />
de impregnação argêntica e de van Cieson que,<br />
pela sua relativa inespecifici<strong>da</strong>de, nos permitirão<br />
caracterizar de mo<strong>do</strong> irrefutável a composição<br />
<strong>da</strong> matriz extracelular.<br />
O estroma intersticial não é um espaço<br />
inerte e alguns quadros patológicos poderão ser<br />
explica<strong>do</strong>s por uma perturbação* <strong>da</strong> sua biologia<br />
(238, 294). Esta perturbação poderá consistir num<br />
desequilíbrio entre a deposição e a reabsorção<br />
de componentes <strong>da</strong> matriz, o que poderá conduzir<br />
a um aumento ou deficiência de alguns componentes<br />
(238).<br />
O colagénio e a fibronectina são <strong>do</strong>s<br />
componentes <strong>da</strong> matriz extracelular aqueles que<br />
mais têm si<strong>do</strong> estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s e valoriza<strong>do</strong>s na fibrogé-<br />
nese. Admite-se, nomea<strong>da</strong>mente no que se refere<br />
ao colagénio, que o seu aumento no interstício<br />
possa ser o resulta<strong>do</strong> de uma síntese exagera<strong>da</strong>,<br />
conservan<strong>do</strong>-se normal a degra<strong>da</strong>ção, ou, oposta<br />
mente, de uma diminuição <strong>da</strong> activi<strong>da</strong>de colagenolf-<br />
tica, manten<strong>do</strong>-se normal, ou eventualmente<br />
aumenta<strong>da</strong>, a rpsDectiva síntese (238). Nestes<br />
processos biológicos, complica<strong>do</strong>s e ain<strong>da</strong> insuficien<br />
temente esclareci<strong>do</strong>s, intervêm diversos factores<br />
(238). As linfoquinas e as colagenases, estas produzi<br />
<strong>da</strong>s quer por células mesenquimatosas quer por<br />
células epiteliais (71, 238, 253, 294), são factores<br />
que merecem ser destaca<strong>do</strong>s. Tem si<strong>do</strong> realça<strong>do</strong><br />
0 papel <strong>da</strong>s linfoquinas na chama<strong>da</strong> de monócitos,<br />
os quais por sua vez libertam media<strong>do</strong>res capazes<br />
de induzirem a proliferação de fibroblastos e<br />
a deposição de colagénio, sobretu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s tipos<br />
1 e III (253, 294). De igual mo<strong>do</strong> parece importante<br />
a activi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s colagenases, por os produtos<br />
<strong>da</strong> degra<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> colagénio funcionarem também<br />
como factores quimiotáticos para os monócitos,<br />
e assim concorrerem para a perpetuação <strong>do</strong> ciclo<br />
<strong>da</strong> fibrogénese (71).<br />
E evidente que os mecanismos <strong>da</strong> fibro<br />
génese são mais complexos <strong>do</strong> que a esquematização<br />
acima traça<strong>da</strong> poderia fazer crer e não se pode<br />
ignorar o papel que nela desempenham outros<br />
factores, nomea<strong>da</strong>mente a fibronectina. E conheci<strong>da</strong><br />
a afini<strong>da</strong>de desta glicoproteína para as fibrilhas<br />
de colagénio (33, 99, 199, 208), bem com a sua<br />
capaci<strong>da</strong>de de opsonização e a sua interferência<br />
na organização <strong>do</strong> coágulo fibrinoso, possibilitan<strong>do</strong><br />
a migração de fibroblastos (16, 208, 339).<br />
In vitro, demonstrou-se que a célula<br />
hepática é capaz de produzir laminina, fibronectina<br />
e colagénio <strong>do</strong>s tipos I e IV (no trabalho em questão<br />
não foi pesquisa<strong>do</strong> o colagénio <strong>do</strong> tipo III) (268).<br />
Em situações de fibrogénese hepática experimental,<br />
a laminina e a fibronectina aparecem precocemente<br />
no espaço intercelular, surgin<strong>do</strong> mais tarde o<br />
colagénio <strong>do</strong>s tipos I e IV (52, 202, 242, 256). Os<br />
estu<strong>do</strong>s sobre este assunto mostram ain<strong>da</strong>, como<br />
uma <strong>da</strong>s alterações iniciais <strong>do</strong> processo lesionai,<br />
a capilarização <strong>do</strong>s sinusóides, que corresponde<br />
a deposição, no espaço de Disse, de fibronectina,<br />
laminina e colagénio <strong>do</strong> tipo IV, sob a forma de<br />
"membrana basal" (242). Nas fases de espessamento<br />
reticulínico <strong>do</strong> espaço de Disse, é já possível detec<br />
tar também colagénio <strong>do</strong>s tipos I e III<br />
(16, 102, 119, 257).<br />
Nas situações de fibrose e de cirrose<br />
hepáticas, as quanti<strong>da</strong>des de colagénio <strong>do</strong>s tipo<br />
I, III e IV estão aumenta<strong>da</strong>s (201, 202, 256). No<br />
nício <strong>da</strong> fibrose, a razão entre o colagénio <strong>do</strong><br />
83