02.06.2013 Views

Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto

Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto

Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

pode, em alguns casos de tireoidite <strong>linfocítica</strong>,<br />

ter relação ain<strong>da</strong> com modificações <strong>do</strong> interstício<br />

entre a estrutura vesicular e o capilar sanguíneo.<br />

O aumento <strong>do</strong> espaço entre estas duas estruturas,<br />

facto que observamos na tireoidite <strong>linfocítica</strong><br />

e que atribuímos à estimulação persistente, natu­<br />

ralmente que afectará também a capaci<strong>da</strong>de fun­<br />

cional <strong>da</strong> glândula tireoideia. Deve-se notar que<br />

esta alteração morfológica pode ser obviamente<br />

mais pronuncia<strong>da</strong> nas fases tardias <strong>da</strong> evolução<br />

<strong>da</strong> tireoidite <strong>linfocítica</strong>, precisamente quan<strong>do</strong><br />

é também mais forte a possibili<strong>da</strong>de de surgir<br />

hipotireoidismo.<br />

Pensamos que os argumentos que aca­<br />

bámos de expor permitem-nos concluir que as<br />

alterações funcionais observa<strong>da</strong>s na tireoidite<br />

<strong>linfocítica</strong>, nomea<strong>da</strong>mente a tendência para o<br />

hipotireoidismo, não resultam de agressões citotó-<br />

xicas sobre as células tireoideias. A convergência<br />

de diversos factores, uns de natureza genética<br />

e outros de base imunológica, permite entender<br />

esta alteração funcional. Esta pode ser afecta<strong>da</strong><br />

ain<strong>da</strong> por modificações cito-arquitecturais ocorri<strong>da</strong>s<br />

na glândula tireoideia durante a evolução <strong>do</strong> pro­<br />

cesso de tireoidite.<br />

INFILTRADO LINFOIDE<br />

O infiltra<strong>do</strong> linfóide <strong>da</strong> tireoidite<br />

<strong>linfocítica</strong> tanto pode ser foca! e relativamente<br />

discreto, como pode ser muito abun<strong>da</strong>nte e ocupar<br />

de um mo<strong>do</strong> difuso praticamente to<strong>da</strong> a glândula<br />

tireoideia. A sua presença, ao contrário <strong>da</strong>s outras<br />

situações tireoideias auto-imunes, é contu<strong>do</strong><br />

indispensável para o diagnóstico <strong>da</strong> tireoidite<br />

<strong>linfocítica</strong>.<br />

Embora nem to<strong>do</strong>s os autores estejam<br />

de acor<strong>do</strong>, existem alguns <strong>da</strong><strong>do</strong>s sugestivos de<br />

o infiltra<strong>do</strong> linfóide manter-se bastante estável<br />

ao longo <strong>do</strong> tempo, após a manifestação clínica<br />

<strong>da</strong> tireoidite <strong>linfocítica</strong> (123, 129). Esta indicação<br />

é também obti<strong>da</strong> <strong>da</strong> análise <strong>da</strong>s i<strong>da</strong>des <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes<br />

com tireoidite <strong>linfocítica</strong>: a i<strong>da</strong>de média <strong>do</strong>s <strong>do</strong>entes<br />

não varia significativamente com o grau de<br />

infiltra<strong>do</strong> linfóide, conforme mostram os nossos<br />

resulta<strong>do</strong>s.<br />

Não se verifica também uma correlação<br />

constante entre as características <strong>do</strong> infiltra<strong>do</strong><br />

linfóide e o título de auto-anticorpos (147, 171)<br />

ou a situação clínica (116, 129). Mesmo em<br />

casos de tireoidite <strong>linfocítica</strong> com infiltra<strong>do</strong> linfóide<br />

muito abun<strong>da</strong>nte, nem sempre se manifesta hipoti­<br />

reoidismo (171, 187).<br />

Esta falta de correlação entre o infiltra<strong>do</strong><br />

linfóide e os parâmetros clínicos e imunológicos,<br />

conjuga<strong>da</strong> com a relativa estabili<strong>da</strong>de temporal<br />

que o infiltra<strong>do</strong> linfóide parece patentear, suscitam<br />

a dúvi<strong>da</strong> de se o infiltra<strong>do</strong> linfóide traduzirá efecti­<br />

vamente um processo de "agressão" contra o teci<strong>do</strong><br />

tireoideu (275), como tem si<strong>do</strong> admiti<strong>do</strong> para explicar<br />

situações de hipotireoidismo após tireoidectomia<br />

em <strong>do</strong>entes com <strong>do</strong>ença de Graves (122, 317, 342,343).<br />

e como surge?<br />

Que significa, então, o infiltra<strong>do</strong> linfóide<br />

0 infiltra<strong>do</strong> linfóide é composto por<br />

uma população de linfócitos T e outra de linfócitos<br />

B.<br />

Na população de células T reconhecem-se<br />

linfócitos T "helper", dispostos sobretu<strong>do</strong> no interstí­<br />

cio e em grupos, e linfócitos T supressores, locali­<br />

za<strong>do</strong>s nomea<strong>da</strong>mente entre as células tireoideias<br />

(5, 147, 198, 217,324). Os linfócitos T "helper"<br />

são mais abun<strong>da</strong>ntes que os linfócitos T supressores,<br />

sen<strong>do</strong> a proporção entre estas células diferente<br />

<strong>da</strong> observa<strong>da</strong> no sangue. No infiltra<strong>do</strong> linfóide <strong>da</strong><br />

tireoidite <strong>linfocítica</strong> encontrou-se o valor de 4,7<br />

para a razão entre os linfócitos T "helper" e os<br />

linfócitos T supressores, enquanto no sangue <strong>do</strong>s<br />

mesmos <strong>do</strong>entes a razão era de 2,1, atribuin<strong>do</strong>-se<br />

a diferença a uma diminuição <strong>do</strong>s linfócitos T su­<br />

pressores no infiltra<strong>do</strong> linfóide (147).<br />

A localização <strong>do</strong>s linfócitos T supressores<br />

entre as células tireoideias tem si<strong>do</strong> valoriza<strong>da</strong><br />

no senti<strong>do</strong> de poder estar relaciona<strong>da</strong> com acções<br />

citotóxicas (198). Esta interpretação não nos parece<br />

contu<strong>do</strong> suficientemente fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong>, pois não<br />

só linfócitos B podem também ter essa localização,<br />

como em teci<strong>do</strong> tireoideu considera<strong>do</strong> normal,<br />

é possível detectar linfócitos T supressores, eviden­<br />

temente que raros, entre as células tireoideias<br />

(198).<br />

O componente linfóide B, com número<br />

1 02

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!