Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto
Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto
Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
auto-anticorpos e a citotoxici<strong>da</strong>de (32, 273),<br />
mas "in vivo" não tem si<strong>do</strong> possfvel estabelecer<br />
correlação entre o título de auto-anticorpos e<br />
a situação clínica (239, 240, 272).<br />
5. — Os ensaios "in vitro" efectua<strong>do</strong>s<br />
Na patogénese <strong>da</strong> tireoidite linfocftica<br />
são de destacar os seguintes aspectos:<br />
processo auto-imune.<br />
— Desencadeamento e manutenção <strong>do</strong><br />
— Alterações morfológicas e funcionais<br />
<strong>da</strong>s células tireoideias.<br />
— Infiltra<strong>do</strong> linfóide.<br />
DESENCADEAMENTO E MANUTENÇÃO<br />
DO PROCESSO AUTOIMUNE<br />
E indubitável que na tireoidite linfocFtica<br />
existem alterações de natureza imunológica que<br />
permitem situá-la no grupo <strong>da</strong>s <strong>do</strong>enças auto-imunes<br />
organo-específicas. Essas alterações caracterizam-<br />
-se pela formação de auto-anticorpos dirigi<strong>do</strong>s<br />
contra estruturas normais <strong>da</strong> célula tireoideia,<br />
o que naturalmente traduz uma "disfunção" <strong>do</strong><br />
sistema imune.<br />
Nos últimos anos tem-se regista<strong>do</strong><br />
significativos avanços no conhecimento <strong>da</strong> compo<br />
sição e funcionamento <strong>do</strong> sistema imune (1, 26,<br />
29, 35, 104, 138, 149, 197, 252, 279, 309, 310).<br />
Persistem, contu<strong>do</strong>, ain<strong>da</strong> numerosas lacunas, de<br />
que destacamos a questão <strong>da</strong> tolerância imunológica-<br />
(indução e per<strong>da</strong> de tolerância), o que limita<br />
seriamente a compreensão <strong>da</strong> patogénese <strong>da</strong>s<br />
<strong>do</strong>enças auto-imunes.<br />
A tolerância imunológica é um processo<br />
reactivo que exige um contacto directo entre<br />
as células imunologicamente activas e os compo<br />
nentes antigénicos <strong>do</strong> organismo (306). Desta<br />
com a finali<strong>da</strong>de de demonstrar citotoxici<strong>da</strong>de,<br />
mesmo quan<strong>do</strong> as células alvo são células tireoi<br />
deias, não reproduzem necessariamente o que se<br />
passa "in vivo".<br />
G - PROPOSTA DE INTERPRETAÇÃO DA PATOGÉNESE DA TIREOIDITE LINFOCÎTICA<br />
interacção resulta a "eliminação" <strong>do</strong>s clones reac<br />
tivos para os auto-antigénios, como afirma a teoria<br />
de Burnet (41, 306), ou o seu "silenciamento", segun<strong>do</strong><br />
a teoria mais recente <strong>da</strong> anergia clonal (306). Esta<br />
última hipótese coaduna-se melhor com os resulta<strong>do</strong>s<br />
de estu<strong>do</strong>s experimentais que indicam não haver<br />
eliminação de clones (306).<br />
De entre as importantes acções <strong>da</strong>s<br />
células T destacam-se as que regulam o funciona<br />
mento <strong>do</strong>s linfócitos B. Os linfócitos T "helper"<br />
exercem uma acção estimula<strong>do</strong>ra, conduzin<strong>do</strong> a<br />
activação de linfócitos B, enquanto os linfócitos<br />
T supressores têm uma acção inibi<strong>do</strong>ra.<br />
Tem-se atribuí<strong>do</strong> aos linfócitos T<br />
supressores a capaci<strong>da</strong>de de inibir os clones linfóides<br />
auto-reactivos, possibilitan<strong>do</strong> deste mo<strong>do</strong> o estabe<br />
lecimento <strong>da</strong> tolerância imunológica (306). No<br />
momento actual, esta teoria parece-nos a mais<br />
adequa<strong>da</strong> para a compreensão <strong>do</strong> problema <strong>da</strong><br />
auto-imuni<strong>da</strong>de. Tal não implica que explique to<strong>da</strong>s<br />
as questões, como, por exemplo, os mecanismos<br />
intervenientes na acção de "silenciamento" <strong>do</strong>s<br />
linfócitos reactivos para os auto-antigénios.<br />
A ausência de reactivi<strong>da</strong>de poderá ser<br />
explica<strong>da</strong> por um fenómeno de modulação antigénica<br />
(53, 306): a ligação <strong>do</strong>s auto-antigénios aos<br />
receptores de superfície <strong>da</strong>s células linfóides, durante<br />
a fase de maturação ontogénica, induziria privação<br />
<strong>do</strong>s receptores <strong>da</strong> superficie nas células<br />
imuno-reactivas e consequente tolerância para<br />
aqueles antigénios (306). Esta hipótese, embora<br />
aliciante, fun<strong>da</strong>menta-se contu<strong>do</strong> num fenómeno<br />
reversível e de importância ain<strong>da</strong> por definir no<br />
funcionamento <strong>do</strong> sistema imune, o que não nos<br />
96