02.06.2013 Views

Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto

Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto

Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

e a presença de células estimula<strong>da</strong>s com microvilo-<br />

si<strong>da</strong>des longas e relativamente abun<strong>da</strong>ntes, sugerem<br />

que as modificações morfológicas são provavelmente<br />

secundárias a alterações metabólicas.<br />

E evidente que também factores de<br />

natureza imunológica podem ser invoca<strong>do</strong>s para<br />

explicar a tendência ao hipotireoidismo na tireoidite<br />

linfocftica. Os anticorpos anti-microssomais e<br />

os anticorpos dirigi<strong>do</strong>s contra os receptores de<br />

TSH são obviamente os anticorpos que mais prova­<br />

velmente poderão actuar como media<strong>do</strong>res deste<br />

efeito imunológico.<br />

Os antigénios microssomais localizam-se<br />

na área apical <strong>da</strong> célula tireoideia (239, 240).<br />

Hipoteticamente, os anticorpos anti-microssomais<br />

poderão perturbar a activi<strong>da</strong>de metabólica desta<br />

importante área celular, mas não existem <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />

que permitam tirar tal conclusão.<br />

Como é natural, os anticorpos contra<br />

os receptores <strong>do</strong> TSH constituem a causa mais<br />

lógica e plausível <strong>da</strong>s perturbações funcionais<br />

tireoideias de causa imunológica. E assim na <strong>do</strong>ença<br />

de Graves, em virtude <strong>da</strong> acção de anticorpos<br />

estimulantes <strong>da</strong> função (84, 222, 232, 296, 301, 302)<br />

e no mixedema primário, onde pre<strong>do</strong>minam os<br />

anticorpos bloquea<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s receptores de TSH<br />

(80, 81). Na tireoidite linfocftica não está demons­<br />

tra<strong>da</strong> a existência de anticorpos bloquea<strong>do</strong>res<br />

<strong>da</strong> secreção hormonal, mas em alguns casos estão<br />

descritos anticorpos anti-receptores de TSH com<br />

efeito estimulante (37, 81, 84, 89, 240, 322). Da<strong>do</strong><br />

que a tendência para o hipotireoidismo é, na<br />

tireoidite MnfocPtica, um processo de evolução<br />

lenta, poden<strong>do</strong> inclusivamente não se manifestar<br />

clinicamente, poder-se-á argumentar que o titulo<br />

<strong>do</strong>s anticorpos bloquea<strong>do</strong>res é demasia<strong>do</strong> baixo<br />

para ser detecta<strong>do</strong> pelos méto<strong>do</strong>s actualmente<br />

disponíveis.<br />

Uma outra hipótese, esta mais especula­<br />

tiva, para explicar a deficiência funcional <strong>da</strong><br />

célula tireoideia, tem a ver com o número de<br />

receptores de TSH. Este número poderá estar<br />

diminuí<strong>do</strong> por um mecanismo de modulação antigé-<br />

nica, responsável pela interiorização e posterior<br />

degra<strong>da</strong>ção <strong>do</strong>s receptores (51, 53). Uma vez que<br />

os efeitos <strong>da</strong> modulação antigénica são reversíveis.<br />

este mecanismo poderá constituir também uma<br />

<strong>da</strong>s causas responsáveis por variações periódicas<br />

<strong>da</strong> função tireoideia.<br />

Na zona <strong>da</strong> interface epitélio-interstício<br />

observam-se algumas <strong>da</strong>s características ultrastru-<br />

turais mais relevantes, mas não específicas, <strong>da</strong><br />

tireoidite linfocftica: "depósitos" de tipo imuno-<br />

-complexo e prolongamentos citoplasmáticos,<br />

notan<strong>do</strong>-se em alguns destes prolongamentos imagens<br />

sugestivas de estruturas em "degra<strong>da</strong>ção". Os<br />

"depósitos" e os prolongamentos citoplasmáticos<br />

mantêm frequentemente entre si uma relativa<br />

proximi<strong>da</strong>de topográfica e ocasionalmente obser­<br />

vam-se imagens que sugerem uma inter-relação.<br />

Ignoramos o significa<strong>do</strong> destes aspectos<br />

ultrastruturais, assim como se desconhece quais<br />

os antigénios que participam nos "depósitos" de<br />

tipo imuno-complexo. Estamos convictos de que<br />

não traduzem alterações dependentes de fenómenos<br />

citotóxicos, mas admitimos que resultem de reac­<br />

ções imunológicas.<br />

Os prolongamentos citoplasmáticos,<br />

aumentan<strong>do</strong> a superfície basal <strong>da</strong> célula tireoideia,<br />

devem constituir uma a<strong>da</strong>ptação <strong>da</strong> célula ao esta<strong>do</strong><br />

funcional, enquanto as estruturas em "degra<strong>da</strong>ção"<br />

poderão resultar <strong>da</strong> acção de anticorpos contra<br />

antigénios localiza<strong>do</strong>s na zona basal. Reconhecemos,<br />

porém, que esta interpretação é demasia<strong>do</strong><br />

especulativa e não se fun<strong>da</strong>menta em factos<br />

conheci<strong>do</strong>s.<br />

De mais fácil compreensão são os<br />

"depósitos" extracelulares de tipo imuno-complexo.<br />

O infiltra<strong>do</strong> linfóide <strong>da</strong> tireoidite linfocftica é<br />

imunologicamente activo e participa na produção<br />

de anticorpos contra antigénios tireoideus (209,<br />

225). Existem, pois, condições locais para a forma­<br />

ção de complexos antigénio-anticorpo, além de<br />

imuno-complexos circulantes (45, 85, 131,154,155,<br />

158) . Os "depósitos" clfnicos de tipo imuno-com­<br />

plexo poder-se-iam formar em excesso de anticorpo,<br />

o que justificaria a dificul<strong>da</strong>de de demonstração<br />

<strong>do</strong> antigénio pelas técnicas de imunofluorescência.<br />

Em nossa opinião, estes "complexos" não participam<br />

em mecanismos citotóxicos para as células tireoideias<br />

e a sua formação corresponde a um epifenómeno<br />

dependente <strong>da</strong>s circunstâncias imunológicas em<br />

que se desenvolve a tireoidite <strong>linfocítica</strong>.<br />

A tendência para o hipotireoidismo<br />

101

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!