02.06.2013 Views

Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto

Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto

Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

variável de centros germinativos e de plasmócitos,<br />

exibe um padrão que podemos considerar de reactivo<br />

(174, 221). As células produtoras de IgG são as<br />

mais frequentes, o que se coaduna com a produção<br />

local de anticorpos anti-tireoideus, os quais per­<br />

tencem a esta classe de imunoglobulinas (239).<br />

Estas características <strong>do</strong> infiltra<strong>do</strong><br />

linfóide reforçam a dúvi<strong>da</strong> que atrás formulámos<br />

sobre o significa<strong>do</strong> <strong>do</strong> infiltra<strong>do</strong> linfóide na tireoi-<br />

dite <strong>linfocítica</strong>. Admitimos que a sua presença<br />

possa interferir com a activi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> glândula<br />

tireoideia e que condicione algumas alterações<br />

morfológicas, mas por um efeito secundário.<br />

Os linfócitos são células móveis que<br />

se dirigem e estadiam nos órgãos linfóides. O<br />

seu movimento para os órgãos linfóides é orienta<strong>do</strong>,<br />

assim como a sua localização em áreas apropria<strong>da</strong>s<br />

destes órgãos (96, 289, 290, 291). Esta capaci<strong>da</strong>de<br />

de os linfócitos ocuparem certas zonas de órgãos<br />

linfóides é conheci<strong>da</strong> por ecotaxia (115).<br />

A circulação e a localização orienta<strong>da</strong>s<br />

<strong>do</strong>s linfócitos podem depender <strong>da</strong> existência de<br />

factores quimiotáticos, mas esta hipótese revela-se<br />

insuficiente para explicar, por exemplo, o facto<br />

de a migração de linfócitos se efectuar ao nivel<br />

<strong>da</strong> vénula pós-capilar (97). Embora se possa admitir<br />

que na vénula pós-capilar existe um gradiente<br />

quimiotático adequa<strong>do</strong>, o mais provável é que<br />

essa migração resulte <strong>da</strong> interacção entre estruturas<br />

moleculares (receptores) existentes na superfície<br />

<strong>da</strong>s células en<strong>do</strong>teliais e na <strong>do</strong>s linfócitos (96,<br />

97, 146, 291). Esta hipótese, que não afasta a<br />

possibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> actuação simultânea de factores<br />

quimiotáticos, tem suporte experimental (101, 146)<br />

e já se demonstraram, com anticorpos monoclonais,<br />

algumas estruturas <strong>da</strong> superficie de linfócitos<br />

que medeiam a interacção com as células en<strong>do</strong>teliais<br />

<strong>da</strong> vénula pós-capilar, bem como a localização<br />

<strong>do</strong>s linfócitos nos órgãos linfóides (101). Tem<br />

pois fun<strong>da</strong>mento a ideia de que a ecotaxia é o<br />

resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> interacção de receptores situa<strong>do</strong>s<br />

na superficie <strong>do</strong>s linfócitos e <strong>da</strong>s células residentes<br />

<strong>do</strong>s órgãos linfóides (96, 101, 290, 291). Atribuiu-se<br />

aos macrófagos a possibili<strong>da</strong>de de participar nessa<br />

interacção (96), além <strong>do</strong> en<strong>do</strong>télio <strong>da</strong> vénula pós-<br />

-capilar, mas teoricamente outras células poderão<br />

também participar se ostentarem os receptores<br />

apropria<strong>do</strong>s.<br />

A expressão <strong>da</strong> estrutura antigénica<br />

DR <strong>do</strong> complexo "major" de histocompatibili<strong>da</strong>de<br />

observa-se, em condições normais, apenas em<br />

células <strong>do</strong> sistema imune, incluin<strong>do</strong> os macrófagos,<br />

e em células en<strong>do</strong>teliais (61, 120). Esta distribuição<br />

parece "marcar" as células, ou pelo menos parte<br />

delas, que paralelamente estão relaciona<strong>da</strong>s com<br />

a localização orienta<strong>da</strong> <strong>do</strong>s linfócitos.<br />

As células tireoideias normalmente<br />

não expressam estas estruturas antigénicas DR,<br />

mas passam a expressá-las em situações de<br />

tireoidite <strong>linfocítica</strong> e de <strong>do</strong>ença de Craves<br />

(5, 67, 120, 148, 189, 190). O facto de as células<br />

tireoideias que evidenciam estes "marca<strong>do</strong>res"<br />

estarem situa<strong>da</strong>s principalmente nas áreas com<br />

infiltra<strong>do</strong> linfóide (148, 189), suscita a questão<br />

<strong>da</strong> relação <strong>do</strong> infiltra<strong>do</strong> linfóide com essas<br />

estruturas <strong>da</strong> superficie celular.<br />

Pelos conhecimentos actuais, não<br />

é possível atribuir às estruturas DR uma<br />

participação na ecotaxia. Contu<strong>do</strong>, pensamos<br />

que se a célula tireoideia pode expressar, em<br />

certas condições, estruturas DR, poderá também<br />

expressar na sua superfície outras estruturas<br />

também liga<strong>da</strong>s ao sistem imune mas relaciona<strong>da</strong>s<br />

com a ecotaxia. Uma hipótese alternativa é que<br />

a expressão destes receptores relaciona<strong>do</strong>s com<br />

a ecotaxia se verifique em outras células<br />

"residentes" <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> tireoideu, como os macró­<br />

fagos.<br />

A existência de teci<strong>do</strong> linfóide associa<strong>do</strong><br />

a estruturas epiteliais, fora <strong>do</strong>s clássicos órgãos<br />

linfóides periféricos, nem sempre traduz inflamação<br />

ou "rejeição" auto-imune. O chama<strong>do</strong> "tumor"<br />

de Warthin corresponde a uma destas situações.<br />

A sua população linfóide é constituí<strong>da</strong> por linfócitos<br />

B e por linfócitos T, sen<strong>do</strong> os de fenótipo OKT4+<br />

(linfócitos T "helper") mais numerosos que os<br />

OKT8+ (linfócitos T supressores) (59, 74, 93, 141,<br />

175). Este "tumor" constitui pois uma estrutura<br />

epitélio-linfóide sem elementos ver<strong>da</strong>deiramente<br />

neoplásicos e em que o teci<strong>do</strong> linfóide não traduz<br />

processo inflamatório nem "agressão" auto-imune.<br />

Os linfomas tireoideus apresentam<br />

também algumas características que contribuem,<br />

1 o i

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!