02.06.2013 Views

Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto

Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto

Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

egiões estão em "desequilíbrio" de ligação) (323),<br />

enquanto na tireoidite <strong>linfocítica</strong> a associação<br />

é mais evidente com o fenótipo DR5 (88, 323).<br />

A verificação destas associações não é, porém,<br />

acompanha<strong>da</strong> <strong>do</strong> conhecimento <strong>da</strong>s interacções<br />

que explicam a susceptibili<strong>da</strong>de genética para<br />

estas <strong>do</strong>enças. E possível, contu<strong>do</strong>, admitir,<br />

conforme já afirmámos, que possa haver<br />

interferência com a função específica de linfócitos<br />

T supressores, <strong>da</strong><strong>do</strong> ser conheci<strong>do</strong> que as interacções<br />

entre as células apresenta<strong>do</strong>ras de antigénios,<br />

os linfócitos T e os linfócitos B se efectuam em<br />

contexto apropria<strong>do</strong> <strong>do</strong> complexo "major" de<br />

histocompatibili<strong>da</strong>de (1, 23, 25, 61, 138, 215, 279).<br />

As células tireoideias normais não<br />

apresentam estruturas antigénicas relaciona<strong>da</strong>s<br />

com os genes <strong>da</strong> classe II <strong>do</strong> sistema "major" de<br />

histocompatibili<strong>da</strong>de (120). Normalmente, apenas<br />

as células que participam na resposta imune expri­<br />

mem estes antigénios (61, 120). Porém, tem-se<br />

verifica<strong>do</strong> haver expressão aberrante de antigénios<br />

DR em células tireoideias de <strong>do</strong>entes com <strong>do</strong>ença<br />

de Graves e tireoidite <strong>linfocítica</strong> (5, 67, 120, 148,<br />

189, 190) . Não está defini<strong>do</strong> se esta expressão<br />

corresponde a uma alteração primária, de base<br />

genética, <strong>da</strong> célula tireoideia ou se é secundária<br />

a influência <strong>do</strong> meio (34, 244, 269). Demonstrou-se<br />

também expressão de antigénios DR no epitélio<br />

<strong>do</strong>s duetos mamários durante a lactação (168)<br />

e em neoplasias (179), e é conheci<strong>do</strong> que o Y -inter­<br />

feron, linfoquina liberta<strong>da</strong> pelo sistema imune<br />

activa<strong>do</strong> (34, 252, 264), induz também expressão<br />

destes antigénios numa varie<strong>da</strong>de de células, algu­<br />

mas não relaciona<strong>da</strong>s com o sistema imune (264,<br />

310) .<br />

Alguns autores, destacan<strong>do</strong>-se o grupo<br />

de Botazzo e colab, têm atribui<strong>do</strong> a esta expressão<br />

aberrante DR pelas células tireoideias um papel<br />

fun<strong>da</strong>mental no processo auto-imune, nomea<strong>da</strong>­<br />

mente por permitir que a célula tireoideia passe<br />

a actuar como célula apresenta<strong>do</strong>ra de antigénios<br />

e participe na iniciação <strong>do</strong>s fenómenos de citotoxi-<br />

ci<strong>da</strong>de (34, 190, 191, 244). Em nossa opinião,<br />

e de acor<strong>do</strong> com a interpretação de outros autores,<br />

esta expressão de antigénios DR deverá ser valori­<br />

za<strong>da</strong>, não no senti<strong>do</strong> de iniciação <strong>da</strong> resposta<br />

imune, mas no <strong>da</strong> sua manutenção (329). A célula<br />

tireoideia, ao actuar como célula apresenta<strong>do</strong>ra<br />

de antigénios tireoideus, participaria na activação<br />

<strong>do</strong> sistema imune e na produção de auto-anticorpos<br />

pelo infiltra<strong>do</strong> linfóide <strong>da</strong> glândula (209, 225). Esta<br />

interpretação coaduna-se com o facto de a expressão<br />

aberrante DR se verificar principalmente nas células<br />

tireoideias <strong>da</strong>s áreas com infiltra<strong>do</strong> linfóide ( 148,<br />

189). A possibili<strong>da</strong>de de o grau de expressão DR<br />

ser influencia<strong>do</strong> pelo T -interferon (40,264,310),<br />

poderá também constituir uma <strong>da</strong>s explicações<br />

para variações <strong>do</strong>s títulos de auto-anticorpos, nome­<br />

a<strong>da</strong>mente em relação com infecções víricas.<br />

Supomos poder concluir, em sintonia<br />

com o que tem si<strong>do</strong> proposto para a interpretação<br />

<strong>da</strong> tireoidite auto-imune espontânea em frangos<br />

<strong>da</strong> estirpe "Obesa" ("obese strain chickens") (176,<br />

261, 311, 328), que o aparecimento <strong>da</strong> <strong>do</strong>ença auto-<br />

-imune na glândula tireoideia tem relação com<br />

uma predisposição multigénica, a qual influencia<br />

não só o funcionamento <strong>do</strong> sistema imune, mas<br />

também as células tireoideias e a relação destas<br />

com o referi<strong>do</strong> sistema. Desta "disfunção" de base<br />

multigénica, resulta a produção de auto-anticorpos<br />

contra diversos antigénios normais <strong>da</strong> célula tireoi­<br />

deia, deven<strong>do</strong> ser destaca<strong>do</strong>s os que têm como<br />

alvo os receptores de TSH.<br />

Consoante as combinações <strong>do</strong>s genes<br />

predisponentes, originar-se-iam diversas situações<br />

imunológicas que poderiam ter, ou não, expressão<br />

clínica. Nuns casos, os quadros clínicos e imunoló­<br />

gicos manifestam-se como formas típicas de <strong>do</strong>ença<br />

de Graves ou de tireoidite <strong>linfocítica</strong> (o mixedema<br />

primário é uma outra situação também típica,<br />

dependente fun<strong>da</strong>mentalmente de auto-anticorpos<br />

bloquea<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s receptores de TSH (80, 81)). Outras<br />

vezes, os condicionalismos genéticos determinam<br />

situações em que as expressões imunológicas e<br />

clínicas são menos típicas, como as que referimos<br />

anteriormente (Ver <strong>Tireoidite</strong> Linfocítica "versus"<br />

Doença de Graves) e que podem ser explica<strong>da</strong>s<br />

de acor<strong>do</strong> com o(s) tipo(s) de auto-anticorpo(s)<br />

forma<strong>do</strong>(s) contra receptores de TSH: anticorpos<br />

estimulantes ou inibi<strong>do</strong>res <strong>da</strong> função e/ou <strong>do</strong> cresci­<br />

mento celular. Ain<strong>da</strong> nesta perspectiva genética<br />

podem ser interpreta<strong>do</strong>s os <strong>da</strong><strong>do</strong>s epidemiológicos<br />

que revelam coexistência de casos de tireoidite<br />

<strong>linfocítica</strong> e de <strong>do</strong>ença de Graves em indivíduos<br />

99

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!