02.06.2013 Views

Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto

Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto

Tireoidite linfocítica - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

parece compatível com a relativa estabili<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> tolerância imunológica.<br />

Mais recentemente, foi levanta<strong>da</strong><br />

a questão <strong>da</strong> possível participação <strong>da</strong> interleuqui-<br />

na-2 (IL-2) na indução <strong>da</strong> tolerância imunológica.<br />

A exposição a antigénios durante a fase de matura­<br />

ção <strong>do</strong> sistema imune, em ausência relativa de<br />

IL-2, poderia ser "paralizante" para os linfócitos<br />

T, tornan<strong>do</strong>-os incapazes de no futuro reagirem<br />

a esses antigénios (196). Outra interpretação<br />

seria a possibili<strong>da</strong>de de aquela exposição despertar<br />

ou aumentar a activi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s células T supressoras<br />

(196). Esta última hipótese coaduna-se com a<br />

tese que atribui às células linfóides T supressoras<br />

a responsabili<strong>da</strong>de pela tolerância imunológica,<br />

no entanto parece-nos que ambas as interpretações<br />

são demasia<strong>do</strong> especulativas em relação ao nível<br />

actual de conhecimentos.<br />

Outras hipóteses, invocan<strong>do</strong> mecanismos<br />

de activi<strong>da</strong>de supressora periférica, têm si<strong>do</strong><br />

propostas para explicar a ausência de resposta<br />

aos auto-antigénios, deven<strong>do</strong> ser destaca<strong>da</strong> a<br />

que recorre ao sistema regula<strong>do</strong>r <strong>do</strong> idiótipo-anti-<br />

-idiótipo (60, 104, 306).<br />

No segmento variável <strong>da</strong> cadeia polipe-<br />

ptídica <strong>do</strong> anticorpo existe um conjunto de deter­<br />

minantes antigénicos — os idiótipos — contra<br />

os quais podem ser produzi<strong>do</strong>s anticorpos (104, 105,<br />

279). Um anticorpo anti-idiótipo dirige-se apenas<br />

para um determinante antigénico idiotípico, desi­<br />

gna<strong>do</strong> idiótope. Os receptores de superficie <strong>do</strong>s<br />

linfócitos B e T, nomea<strong>da</strong>mente os receptores<br />

para antigénios e produtos de secreção, podem<br />

também expressar determinantes antigénicos<br />

idiotípicos (104). Nem to<strong>da</strong>s as células T envolvi<strong>da</strong>s<br />

no reconhecimento <strong>da</strong> antigénios têm idiótipos,<br />

mas os linfócitos T "helper" e os linfócitos T su­<br />

pressores são "idiótipo-positivos" (104). Da actuação<br />

<strong>do</strong> sistema idiótipo-anti-idiótipo, nomea<strong>da</strong>mente<br />

sobre os linfócitos T e os linfócitos B, tanto pode<br />

resultar estimulação como supressão <strong>da</strong> activi<strong>da</strong>de<br />

<strong>do</strong> sistema imune (86, 104, 306). Esta possibili<strong>da</strong>de<br />

poderia explicar a ausência de reacção <strong>do</strong> sistema<br />

imune aos auto-antigénios, se em células T supres­<br />

soras existissem os determinantes anti-idiotípicos<br />

correspondentes aos idiótipos exibi<strong>do</strong>s pelas células<br />

B ou células T "helper" implica<strong>da</strong>s na resposta<br />

aos auto-antigénios (57, 104). Nestas circunstâncias.<br />

<strong>da</strong> interacção directa entre as células T supressoras<br />

e as células T "helper" ou células B resultaria<br />

anulação <strong>da</strong> reacção auto-imune.<br />

Em nossa opinião, esta hipótese também<br />

não se harmoniza com a relativa estabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

tolerância imunológica, uma vez que a acção<br />

regula<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> sistema <strong>do</strong> idiótipo-anti-idiótipo<br />

se caracteriza precisamente pela sua flexibili<strong>da</strong>de,<br />

o que, aliás, permite que esse sistema actue como<br />

regula<strong>do</strong>r periférico <strong>da</strong>s reacções imunológicas.<br />

Recentemente foi sugeri<strong>do</strong> que uma<br />

subclasse de linfócitos T com funções de "veto"<br />

poderia participar na manutenção <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de<br />

tolerância imunológica (65, 248). Mas também<br />

esta hipótese é controversa, pois o conceito de<br />

células T com função de "veto" pertence ao <strong>do</strong>mínio<br />

<strong>da</strong> especulação, segun<strong>do</strong> os conhecimentos actuais<br />

sobre o funcionamento <strong>do</strong> sistem imune.<br />

Em conclusão, a tolerância imunológica<br />

deverá ser o resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> activi<strong>da</strong>de supressora<br />

de células T sobre os clones linfóides auto-reactivos,<br />

mas os mecanismos que medeiam essa acção persis­<br />

tem ain<strong>da</strong> no campo <strong>da</strong>s hipóteses.<br />

Também hipóteses especulativas são,<br />

como é evidente, as que têm si<strong>do</strong> propostas para<br />

explicar o desencadeamento <strong>da</strong>s respostas auto-<br />

-imunes.<br />

Na concepção de Burnet, a per<strong>da</strong> de<br />

tolerância imunológica resulta <strong>da</strong> activi<strong>da</strong>de de<br />

clones "proibi<strong>do</strong>s" (41, 306). Estes surgiam por<br />

mutações somáticas em linfócitos programa<strong>do</strong>s<br />

para reagirem a antigénios estranhos, mas próximos<br />

<strong>do</strong>s antigénios <strong>do</strong> próprio indivíduo. Esta hipótese<br />

revelou-se, porém, pouco satisfatória perante os<br />

conhecimentos que foram adquiri<strong>do</strong>s sobre o mo<strong>do</strong><br />

de funcionamento e de regulação <strong>do</strong> sistem imune.<br />

Foi sugeri<strong>do</strong> que o "desbloqueamento"<br />

<strong>do</strong>s clones "silencia<strong>do</strong>s" poderia ser consegui<strong>do</strong><br />

por um mecanismo de "by-pass" que possibilitasse<br />

a activação <strong>da</strong>s células reactivas para os auto-an­<br />

tigénios (linfócitos T "helper" ou linfócitos B) (57).<br />

Os activa<strong>do</strong>res policlonais exógenos, mediante<br />

reacções cruza<strong>da</strong>s, poderiam actuar nesse senti<strong>do</strong><br />

(57, 306). A acção destes activa<strong>do</strong>res poderia também<br />

manifestar-se sobre o sistema <strong>do</strong> idiótipo-anti-idió­<br />

tipo, originan<strong>do</strong> estimulação <strong>da</strong>s células auto-reacti-<br />

vas no caso de estas apresentarem idiótipos de<br />

reacção cruza<strong>da</strong> com determinantes idiotípicos<br />

97

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!