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game of trohnes!

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A<br />

FEDOR<br />

193<br />

ratazana guinchou quando a mordeu, esperneando violentamente em suas<br />

mãos, num frenesi para fugir. A barriga era a parte mais mole. Rasgou a<br />

carne doce, com o sangue quente escorrendo pelos lábios. Era tão bom que lhe<br />

trouxe lágrimas aos olhos. A sua barriga trovejou e ele engoliu. À terceira<br />

dentada a ratazana parou de lutar, e ele estava sentindo-se quase satisfeito.<br />

Então ouviu o som de vozes do outro lado da porta da masmorra.<br />

Aquietou-se de imediato, temendo até mastigar. A sua boca estava<br />

cheia de sangue, carne e pelos, mas não se atrevia a cuspir ou a engolir. Escutou<br />

aterrorizado, duro como pedra, o raspar de botas e o tilintar de chaves de ferro.<br />

Não, pensou, não, por favor, deuses, agora não, agora não. Levara tanto tempo<br />

até apanhar a ratazana. Se me apanharem agora com ela vão leva-la e depois vão<br />

contar, e o Lorde Ramsay vai me magoar.<br />

Sabia que devia esconder a ratazana, mas tinha tanta fome. Tinham-se<br />

passado dois dias desde que comera, ou talvez três. Ali em baixo, no escuro, era<br />

difícil saber. Apesar dos seus braços e pernas estarem magros como juncos, tinha<br />

a barriga inchada e oca e doía-lhe tanto que descobrira que não conseguia dormir.<br />

Sempre que fechava os olhos dava se lembrar-se da Senhora Hornwood. Depois<br />

do casamento de ambos, o Lorde Ramsay a trancara numa torre e a matara de<br />

fome. No fim, ela comera os próprios dedos.<br />

Agachou-se a um canto da cela, agarrando a presa sob o queixo. Sangue<br />

escorreu pelos cantos da boca enquanto mordiscava a ratazana com o que restava<br />

dos seus dentes, tentando devorar o máximo da carne morna que pudesse antes de<br />

a cela ser aberta. A carne era fibrosa, mas tão rica que pensou que talvez fosse<br />

ficar mal disposto. Mastigou e engoliu, tirando pequenos ossos dos buracos nas<br />

gengivas de onde dentes tinham sido arrancados. Doía mastigar, mas ele tinha<br />

tanta fome que não conseguia parar.<br />

Os sons estavam ficando mais fortes. Por favor, deuses, ele não vem me<br />

buscar, rezou, arrancando uma das patas da ratazana. Passara-se muito tempo<br />

desde que alguém viera buscá-lo. Havia outras celas, outros prisioneiros. Às<br />

vezes ouvia-os gritando, mesmo através das espessas paredes de pedra. São<br />

sempre as mulheres que gritam mais alto. Chupou a carne crua e tentou cuspir o<br />

osso da pata, mas este se limitou a escorregar sobre o lábio inferior e a<br />

emaranhar-se na barba. Vai embora, rezou, vai embora, passa por mim, por favor,<br />

por favor.<br />

Mas os passos pararam precisamente quando eram mais ruidosos, e as<br />

chaves tilintaram mesmo junto da porta. A ratazana caiu dos seus dedos. Limpou<br />

os dedos ensanguentados nas calças.

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