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FORMIGONI, Maria Lucia Oliveira de Souza. A intervenção ... - Unifesp

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Como po<strong>de</strong> se ver pela <strong>de</strong>scrição do <strong>de</strong>senvolvimento da sessão<br />

(anexo IV), a posição teórica do terapeuta era a <strong>de</strong> lidar com a questão do uso da<br />

droga, até que se pu<strong>de</strong>sse estar discutindo questões da vida que levariam a esse uso.<br />

Então, po<strong>de</strong>mos dizer que apesar da orientação psicoanalítica do terapeuta, o trabalho<br />

não era feito só através da Técnica <strong>de</strong> Psicoterapia Analítica <strong>de</strong> Grupo, mas também<br />

eram incluídas questões da teoria da psicoterapia breve e focal.<br />

Esta era uma terapia que tentava ajudar os pacientes a perceberem<br />

que tinham uma vida mental, que estava "intoxicada" pela escolha <strong>de</strong> um produto<br />

externo (a droga) que era a justificativa <strong>de</strong> todas as suas dificulda<strong>de</strong>s. Além disso, era<br />

uma terapia focada na questão do uso <strong>de</strong> drogas e na disposição <strong>de</strong>sses pacientes<br />

a<strong>de</strong>quarem ou se absterem <strong>de</strong>sse uso na vida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que procurassem se tratar,<br />

consi<strong>de</strong>rando que a vida, em muitos <strong>de</strong> seus aspectos estava contaminada "pela<br />

droga".<br />

Também era breve no sentido <strong>de</strong> que tínhamos um número <strong>de</strong><br />

sessões previamente <strong>de</strong>limitado, tínhamos um objetivo <strong>de</strong>finido diante dos pacientes<br />

e diante da própria instituição, que era o <strong>de</strong> sermos uma das partes <strong>de</strong> uma pesquisa<br />

mais ampla.<br />

Assim como as sessões tinham esta seqüência, que foi acima citada,<br />

cada grupo teve uma dinâmica especial e muito interessante, mas, todos eles também<br />

tiveram, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> suas dinâmicas específicas, um caminho que consi<strong>de</strong>ramos<br />

comuns.<br />

Durante os dois primeiros meses, quando os grupos eram "abertos"<br />

(como já nos referimos anteriormente) o tema central <strong>de</strong> todos eles era a droga. A<br />

droga era o tema <strong>de</strong> quase todas as sessões por todos os membros do grupo e ela era<br />

apresentada das mais diferentes formas. Ora, era uma gran<strong>de</strong> fonte <strong>de</strong> prazeres, e<br />

<strong>de</strong>scrições eram feitas <strong>de</strong> forma tão sedutora que muitos membros se <strong>de</strong>claravam<br />

<strong>de</strong>sejosos <strong>de</strong> beber naquele momento. O terapeuta, assim como os observadores,<br />

contratransferencialmente sentiam o mesmo. Este era um momento precioso e o<br />

terapeuta podia vivenciar e traduzir para os pacientes o espaço que a droga ocupava<br />

na vida <strong>de</strong>sprazerosa <strong>de</strong>les e como ela dava a todos uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> tão procurada e<br />

tão perdida no tempo da vida. Ora, a droga era o gran<strong>de</strong> perseguidor, teríamos que<br />

fechar os bares, perseguir os traficantes, nos encerrar <strong>de</strong>ntro dos hospitais<br />

psiquiátricos para nos livrarmos <strong>de</strong>la. A droga é que nos buscava e entrava <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

nossas vidas, quase que sem problemas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da nossa vonta<strong>de</strong>. A<br />

riqueza <strong>de</strong>ssa hora era quando se podia discutir a fragilida<strong>de</strong> infantil <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> todos<br />

aqueles adultos que apesar <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rem assumir responsabilida<strong>de</strong>s em muitos aspectos<br />

<strong>de</strong> suas vidas, também se sentiam tomados e dominados por um "objeto externo".<br />

Muitos outros aspectos "da droga" eram apresentados e o que<br />

pu<strong>de</strong>mos observar que <strong>de</strong>finimos este tempo <strong>de</strong> "grupo aberto" no sentido <strong>de</strong> Estar<br />

recebendo pacientes novos mas, este foi um tempo on<strong>de</strong> os pacientes também<br />

abandonavam o grupo. Atribuímos esse abandono a dois fatos: um objetivo- a<br />

constante entrada <strong>de</strong> elementos novos atrapalhava o aprofundamento do trabalho e<br />

outro, mais subjetivo que enten<strong>de</strong>mos como sendo o tempo e o momento on<strong>de</strong> os<br />

pacientes <strong>de</strong>cidiam se queriam falar só da droga ou se queriam aprofundar-se um<br />

pouco nas suas problemáticas pessoais. (Po<strong>de</strong>mos ver este dado dos abandonos<br />

também nos anexos I e II).<br />

Passado o tempo da fala sobre a droga, os mais diferentes assuntos<br />

eram discutidos e se conseguia um aprofundamento no trabalho. O grupo funcionava<br />

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