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FORMIGONI, Maria Lucia Oliveira de Souza. A intervenção ... - Unifesp

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nível sócio-econômico <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vim consegui subir... Meus amigos, eu vejo hoje, pelo<br />

fatalismo social não subiram. Biro-Biro foi até a lua e eu alcancei a altura <strong>de</strong> um<br />

avião...<br />

ML - E como é "fatalismo social" com as drogas?<br />

P3 - Acho complicado porque em famílias pobres e ricas você tem<br />

O mesmo problema...<br />

ML - (Interrompendo) E pra você?<br />

P3 - Você diz...<br />

ML - Calma! Ela chegou e já rolou a bola como um Pelé mesmo!<br />

(repete a questão sobre fatalismo e pergunta). "Dá pra ser um atleta na hora <strong>de</strong><br />

largar a droga ou a bebida?"<br />

P1 - Eu sou mais velho que os dois e minha experiência com o álcool tem sido boa<br />

relativamente. Fiquei um tempo sem a A... (faz uma listagem <strong>de</strong> episódios <strong>de</strong> recaídas<br />

e melhoras)... E agora antes <strong>de</strong> vir pra cá comecei <strong>de</strong> novo (não ficou claro se diz que<br />

bebeu ontem, hoje mesmo ou diz genericamente do período atual).<br />

Não sei se é pela ansieda<strong>de</strong>. Não é a primeira terapia que faço...Eu fumo também.<br />

Acho que você (ML) também fuma...<br />

ML - Como sabe?<br />

P1 - Pelo jeito.<br />

(P1 e P3 também dão palpites a respeito "pelos <strong>de</strong>ntes" etc).<br />

P1 - Pra mim o tornar-se abstêmio é o primeiro dia, os outros ficam mais fáceis. Eu<br />

também tenho origem humil<strong>de</strong> e você (P3) não é o Pelé não. Meu pai é muito pobre e<br />

trabalha até hoje <strong>de</strong> alfaiate aos 71 anos... Eu me sinto muito bem quando estou<br />

abstêmio, me sinto outro. Nunca caí pelas calçadas, mas me sinto muito melhor.<br />

P3 - Mas seria um heroísmo ficar abstêmio? (para P1)<br />

Pois <strong>de</strong>sse mar <strong>de</strong>saparece muita gente, não sei qual a porcentagem que sai fora disso.<br />

Também me sinto muito melhor sem álcool. Será que a gente tem raiva da gente<br />

mesmo? Será um capeta que quer nos <strong>de</strong>struir? Este capeta seremos nós mesmos?<br />

P2 - Meu problema não é álcool, eu cheiro, falou? Faz duas semanas que não venho,<br />

quando cheiro sou outra coisa. Basta alguém duvidar do esforço <strong>de</strong> parar que eu<br />

cheiro.<br />

ML - Você cheirou estas duas semanas?<br />

P2 - Cheirei uma grama um dia e uma grama no outro dia. Essa semana eu só<br />

fumei... Minha mãe duvidou <strong>de</strong> mim e eu fiquei com raiva, duvidou que quero parar...<br />

Acho que dá pra sair...<br />

ML - Você acha que tem que ficar resistente <strong>de</strong>ssa raiva?<br />

P2 - Concordo.<br />

ML - Acho que esta raiva que dá da dúvida do outro é a raiva da dúvida da gente<br />

mesmo... Será que não é vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> justificar a porcaria que se é?<br />

P2 - Eu já senti isso, mas <strong>de</strong> quando bate a luci<strong>de</strong>z...<br />

ML - Parece que o difícil é encarar o sucesso que vocês alcançaram (para P3 e<br />

P2).<br />

ML - Ele me olhou com o olho arregalado!<br />

P3 - Eu tenho pouca visão no olho direito...<br />

ML - É pouca visão ou ficou assustado com o que eu disse?<br />

P3 - (Repete) "Eu tenho pouca visão no olho direito, e tenho mania <strong>de</strong> arregalar os<br />

olhos..."<br />

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