microsociologia da sociabilidade na mobilidade urbana
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José O. Alcântara Jr.<br />
gerador de vítimas, o que gera mais carros <strong>na</strong>s ruas, mais pessoas<br />
fora delas e mais conflito. Peter Hall (2005).<br />
Roland Barthes (2007, pp. 215), a<strong>na</strong>lisa o automóvel <strong>da</strong><br />
seguinte forma:<br />
“Creio que o automóvel é hoje o equivalente bastante exacto <strong>da</strong>s grandes<br />
catedrais góticas: quero dizer, uma criação que faz época, concebi<strong>da</strong> com<br />
paixão por artistas desconhecidos, consumi<strong>da</strong> <strong>na</strong> sua imagem, se não no<br />
seu uso, por um povo inteiro, que através dela se apropria de um objecto<br />
perfeitamente mágico.<br />
Para a economista Tatia<strong>na</strong> Schor 14 a socie<strong>da</strong>de em que se<br />
vive é uma socie<strong>da</strong>de em que se consome mais do que se apropria.<br />
O automóvel, neste contexto, tem a função mais de ostentação<br />
(consumo) do que de utili<strong>da</strong>de (apropriação). Desta forma,<br />
desenvolve-se uma sociabili<strong>da</strong>de entre condutores e pedestres<br />
marca<strong>da</strong> pela anulação do indivíduo-pedestre em relação ao<br />
indivíduo-condutor que tem ao seu favor graças ao dinheiro a<br />
possibili<strong>da</strong>de de ostentar um bem luxuoso e confortável tal como é<br />
o automóvel. Enfim, pode-se fazer uma a<strong>na</strong>logia coloquial: uma<br />
pessoa com carro e um outra sem ele, são duas pessoas com prestígio<br />
socialmente opostos. São duas pessoas distintas socialmente.<br />
Observações regulares <strong>da</strong>s ações dos condutores<br />
e pedestres <strong>na</strong> mobili<strong>da</strong>de urba<strong>na</strong><br />
Apresento o gráfico 02, o qual sintetiza as principais<br />
ocorrências observa<strong>da</strong>s: as ações dos condutores e pedestres entre<br />
eles foram identifica<strong>da</strong>s ações quanto ao uso abusivo do recurso <strong>da</strong><br />
buzia<strong>na</strong>, dos desrespeitos, por parte dos condutores e pedestres,<br />
nos aspectos referentes às infrações regulares. Observou-se <strong>na</strong><br />
situação especifica<strong>da</strong> do uso <strong>da</strong> buzi<strong>na</strong>, a necessi<strong>da</strong>de de uma<br />
subdivisão para as anotações, devido ao uso diversificado deste<br />
recurso, ficando <strong>da</strong> seguinte forma os principais motivos ou razões<br />
para o acio<strong>na</strong>mento deste equipamento de si<strong>na</strong>lização sonora:1)<br />
quando o condutor de automóvel buzi<strong>na</strong> para outro após o si<strong>na</strong>l<br />
abrir; 2) quando o condutor de automóvel buzi<strong>na</strong> para ciclistas,<br />
motoqueiros e carroceiros que “atrapalham” o seu fluxo; 3) quando<br />
o condutor de automóvel buzi<strong>na</strong> para outro que se desloca devagar<br />
14<br />
SCHOR, 1999, pp. 108