28.01.2015 Views

microsociologia da sociabilidade na mobilidade urbana

microsociologia da sociabilidade na mobilidade urbana

microsociologia da sociabilidade na mobilidade urbana

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

64<br />

Maria <strong>da</strong>s Graças do Nascimento Prazeres<br />

além de não haver interrupção por falta de energia elétrica, que<br />

paralisava os bondes durante várias vezes por dia” (Jor<strong>na</strong>l O<br />

Imparcial, 06-07-1966).<br />

Apesar de to<strong>da</strong> a defesa proferi<strong>da</strong> pelo inspetor Wilson ao<br />

colocar o ônibus como um serviço de transporte de “rapidez e<br />

conforto”, esta afirmação é um tanto contraditória, uma vez que<br />

eram comuns reclamações dos populares, principalmente ao fato de<br />

que os ônibus encerravam antes <strong>da</strong>s 21h e só saiam do ponto de<br />

parti<strong>da</strong> quando já estava completamente lotados, o que atrasava<br />

em muito a viagem. Portanto, o conforto e a rapidez pregados pelas<br />

autori<strong>da</strong>des não condiziam com a reali<strong>da</strong>de dos ônibus lotados e<br />

<strong>da</strong>s longas e exaustivas esperas até atingir o número suficiente de<br />

passageiros para <strong>da</strong>rem parti<strong>da</strong>.<br />

Mesmo que a presença dos ônibus fossem recente e algo<br />

novo, pode-se inferir que a população e os jor<strong>na</strong>listas já haviam<br />

percebido que o problema não era o meio de transporte em si. Na<br />

reali<strong>da</strong>de, o que havia fracassado nos bondes de tração animal e de<br />

tração elétrica e que continuava com sérias deficiências com relação<br />

aos ônibus era a administração destes serviços. Um dos jor<strong>na</strong>is que<br />

circulava <strong>na</strong> déca<strong>da</strong> de 1960 demonstra a falta de credibili<strong>da</strong>de que<br />

se tinha construído sobre o transporte público <strong>da</strong> capital. Assim se<br />

lê: “A substituição, quando <strong>da</strong> retira<strong>da</strong> dos trilhos <strong>da</strong> Aveni<strong>da</strong> Pedro<br />

II, lançaram um linha circular de ônibus. Não durou um mês. Fora<br />

os bondes <strong>da</strong> Estra<strong>da</strong> de Ferro. Nova linha de ônibus. Nova decepção<br />

(Diário <strong>da</strong> Manhã, 09-07-1966).<br />

Essas irregulari<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s linhas de ônibus deixavam um ar<br />

de desorganização, que implicavam sérios transtornos e desconforto<br />

para quem por hora precisava utilizar o transporte para se locomover<br />

pela ci<strong>da</strong>de. Diante de tamanho problema o poder público não deveria<br />

permanecer inerte, enquanto o povo pagava pelo injusto preço de<br />

não ter sequer um transporte com horário e roteiro definidos. No<br />

mesmo jor<strong>na</strong>l mencio<strong>na</strong>do anteriormente foi postado um alerta: “É<br />

tempo, pois de atrair-se empreendedores que se disponham a garantir<br />

uma frota de coletivos capaz de responder à solicitação dos principais<br />

núcleos populacio<strong>na</strong>is em condições de segurança, pontuali<strong>da</strong>de e<br />

conforto” (Diário <strong>da</strong> Manhã, 05-12-1967).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!