microsociologia da sociabilidade na mobilidade urbana
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João Ricardo Costa Silva<br />
Já o carro de passeio, que nos seus primórdios eram um luxo<br />
de poucos, era vendido como um exemplo de liber<strong>da</strong>de para o seu<br />
possuidor que não mais passaria a ter que circular no itinerário dos<br />
antigos bondes e tampouco nos novos itinerários dos coletivos.<br />
O crescimento <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de de veículos automotores em<br />
São Luís contribuiu de forma marcante para a atual localização<br />
urbanística de muitos logradouros <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, deixando os automóveis<br />
marcas indeléveis de sua presença no ambiente urbano.<br />
O veículo automotor tem em seu benefício a sua grande<br />
pratici<strong>da</strong>de para a mobili<strong>da</strong>de urba<strong>na</strong>, sendo bastante a<strong>da</strong>ptado e<br />
útil ao estilo frenético <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> urba<strong>na</strong>. O carro, em especial, terá um<br />
impacto importante para o tipo metropolitano individual 1 que vai<br />
emergir gra<strong>da</strong>tivamente nos grandes centros urbanos.<br />
Juntamente com a maior liber<strong>da</strong>de, o século XVIII exigiu a especialização<br />
funcio<strong>na</strong>l do homem e seu trabalho; essa especialização tor<strong>na</strong> o individuo<br />
incomparável a outro e ca<strong>da</strong> um deles indispensável <strong>na</strong> medi<strong>da</strong> mais alta<br />
possível (Simmel, p. 11).<br />
O automóvel de passeio vem a se tor<strong>na</strong>r um amalgama com<br />
a socie<strong>da</strong>de do relógio que impera <strong>na</strong> ci<strong>da</strong>de, tor<strong>na</strong>ndo o indivíduo<br />
a<strong>da</strong>ptado as relações sociais que se ramificam e se revelam em<br />
compromissos – profissio<strong>na</strong>l, estu<strong>da</strong>ntil, religioso, etc. – e serviços<br />
de <strong>na</strong>tureza varia<strong>da</strong>.<br />
Os relacio<strong>na</strong>mentos e afazeres do metropolitano típico são habitualmente<br />
tão variados e complexos que, sem a mais estrita pontuali<strong>da</strong>de nos<br />
compromissos e serviços, to<strong>da</strong> a estrutura se romperia e cairia num caos<br />
inextricável. Acima de tudo, esta necessi<strong>da</strong>de é cria<strong>da</strong> pela agregação de<br />
tantas pessoas com interesses tão diferenciados, que devem integrar suas<br />
relações e ativi<strong>da</strong>des em um organismo altamente complexo (Simmel, p.<br />
14).<br />
Assim, o automóvel vai se configurando como o meio de<br />
transporte que se a<strong>da</strong>pta as necessi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>na</strong> ci<strong>da</strong>de 2<br />
proporcio<strong>na</strong>ndo um deslocamento mais fácil e livre aos seus usuários.<br />
1<br />
O tipo metropolitano soberano individual (o indivíduo prosaico) seria o contraponto<br />
do tipo soberano de perso<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de (indivíduo provinciano), de acordo com a análise<br />
feita por Simmel acerca <strong>da</strong> metrópole e sua influência sobre o indivíduo.