microsociologia da sociabilidade na mobilidade urbana
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José O. Alcântara Jr.<br />
abor<strong>da</strong>gem <strong>da</strong> mobili<strong>da</strong>de urba<strong>na</strong> como um dos objetos <strong>da</strong> sociologia.<br />
Mais recentemente, vamos encontrar a questão <strong>da</strong> circulação como<br />
uma <strong>da</strong>s políticas do atual governo brasileiro. “A Política Nacio<strong>na</strong>l de<br />
Trânsito considera como marco referencial todo um conjunto de<br />
fatores históricos, culturais, sociais e ambientais que caracteriza a<br />
reali<strong>da</strong>de brasileira,” (Brasil, 2004, pp. 9).<br />
Portanto, iremos considerar a presença do automóvel como<br />
um dos agentes produtores de derivações habituais que produzem<br />
reflexos sócio-culturais. Para contextualizarmos esta dimensão nos<br />
alimentamos nos levantamentos de <strong>da</strong>dos, <strong>na</strong>s observações e<br />
impressões relativas aos agentes centrais dessa descrição, i. é., os<br />
condutores e os pedestres <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de São Luís.<br />
O nosso recorte é uma estruturação para uma<br />
<strong>microsociologia</strong> 4 . Segundo Gurvitch (1977), “A única fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de desta<br />
breve exposição é tor<strong>na</strong>r mais concreto a tese de que ca<strong>da</strong> grupo é<br />
um microcosmo de manifestações de sociabili<strong>da</strong>de, e que ca<strong>da</strong> classe<br />
e ca<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de global – (...) - representam, ao mesmo tempo,<br />
um macrocosmo de microcosmo e um microcosmo direto dos laços<br />
sociais (Gurvitch, 1977, pp 257). Assim, destaco um “por menor”,<br />
de um grande sistema social desenvolvido pelo ato de mobili<strong>da</strong>de<br />
urba<strong>na</strong> impresso no tecido urbano e, no caso específico os acidentes<br />
e incidentes transcorrentes neste espaço urbano.<br />
Parto de um pressuposto. A mobili<strong>da</strong>de urba<strong>na</strong> cria e forja<br />
traços sociais sob a sociabili<strong>da</strong>de dos moradores de uma ci<strong>da</strong>de.<br />
Desta forma redun<strong>da</strong> em maneiras que recaem sobre as condições<br />
de sociabili<strong>da</strong>de. A sociabili<strong>da</strong>de é aqui entendi<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong>s<br />
seguintes ponderações. Entendemos e incorporamos as seguintes<br />
afirmações de Simmel (1983, pp. 165/166). Dele vejamos o seguinte<br />
trecho:<br />
O motivo deriva de duas proposições: uma delas é que em qualquer socie<strong>da</strong>de<br />
huma<strong>na</strong> pode-se fazer uma distinção entre seu conteúdo e sua forma.<br />
Essa interação sempre surge com base em certos impulsos ou em função<br />
de certos propósitos. Os instintos eróticos, os interesses objetivos, os<br />
impulsos religiosos e propósitos de defesa ou ataque, de ganho ou jogo, de<br />
auxílio ou instrução, e incontáveis outros, fazem com que o homem viva<br />
com outros homens, aja por eles, com eles, contra eles, organizando desse<br />
modo, reciprocamente, as suas condições – em resumo, para influenciar os<br />
4<br />
Considerar Gurvitch, 1977, pp. 243-258