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microsociologia da sociabilidade na mobilidade urbana

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Microsociologia <strong>da</strong> sociabili<strong>da</strong>de 103<br />

Junto à satisfação de “decolar em terra firme” está também a<br />

preferência pela pratici<strong>da</strong>de, dinâmica e fluidez. Pouco preocupados<br />

com os excluídos, “os condutores” desejam o máximo de espaço<br />

<strong>na</strong>s vias públicas, sem impedimentos que obstacularizem a “corri<strong>da</strong>”<br />

rumo a seus objetivos particulares. Delineia-se a partir <strong>da</strong>í o conflito<br />

travado entre pedestres e motoristas, ambos concentrados em seus<br />

próprios interesses e incomo<strong>da</strong>dos com a presença uns dos outros<br />

<strong>na</strong> estressante via pública. Deste modo pronuncia-se Vasconcellos:<br />

Pedestres e motoristas – enquanto o primeiro deseja<br />

segurança e conforto <strong>na</strong> sua locomoção, o segundo deseja rapidez<br />

no trajeto, o que gera um conflito de regulamentação do espaço.<br />

Este conflito pode ser visualizado, por exemplo, quando se tenta<br />

instalar um semáforo veicular em áreas de grande movimento de<br />

pedestres: o semáforo, se respeitado, melhora a segurança dos<br />

pedestres, mas prejudica a fluidez dos veículos. (VASCONCELLOS,<br />

1999, pp. 50)<br />

Há uma peculiari<strong>da</strong>de dessa relação conflitante – a existente<br />

no espaço <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de - que é o fato de todo momento, pedestres e<br />

motoristas, trocam de posição, pois “a mesma pessoa assume vários<br />

papéis diferentes no tempo e no espaço, levando conseqüentemente<br />

a necessi<strong>da</strong>des e interesses também mutáveis no tempo e no espaço”<br />

(VASCONSELOS, 1999, pp. 49). O mais surpreendente é que ambos<br />

se esquecem completamente de suas necessi<strong>da</strong>des quando estão<br />

desempenhando outro papel. Para eles, o que importa é ter seus<br />

ímpetos atendidos em qualquer posição. Substitui-se explicitamente<br />

a empatia pelo egoísmo<br />

Posteriormente ele foi apontado como provocador do caos,<br />

poluidor <strong>da</strong> atmosfera, interventor <strong>da</strong> roti<strong>na</strong> e do curso normal do<br />

deslocamento. Sua pior face, entretanto, é a de máqui<strong>na</strong> assassi<strong>na</strong>,<br />

conforme evidenciam as estatísticas de acidentes de trânsito. Morrem<br />

cerca de 80 pessoas por ano <strong>na</strong>s ruas ludovicenses, segundo as<br />

estatísticas do Detran-MA. O horror dos acidentes não mitigou o<br />

fascínio pelo veículo, mas representou um alerta para os perigos <strong>da</strong><br />

moderni<strong>da</strong>de cinética.<br />

Na atuali<strong>da</strong>de, a massificação do automóvel preencheu to<strong>da</strong>s<br />

as vias, resultando em infindáveis engarrafamentos, uma ironia aos<br />

apressados que pensaram que a aquisição de um automóvel para<br />

ca<strong>da</strong> membro <strong>da</strong> família tor<strong>na</strong>ria suas vi<strong>da</strong>s mais lépi<strong>da</strong>s. Na ver<strong>da</strong>de,

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