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microsociologia da sociabilidade na mobilidade urbana

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Na trilha <strong>da</strong> modernização 59<br />

medi<strong>da</strong>s distantes <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, e não conseguiam resolver os<br />

problemas do transporte urbano, mas ape<strong>na</strong>s maquilavam as<br />

ver<strong>da</strong>deiras causas de to<strong>da</strong>s as falhas do serviço oferecido.<br />

Os horários colocados pela empresa muitas vezes deixavam<br />

de ser cumpridos, e constantemente, os carros atrasavam, deixando<br />

seus usuários por horas à espera dos mesmos. A inobservância dos<br />

horários era um problema sério, que comprometia em muito a<br />

quali<strong>da</strong>de do serviço prestado, e chegava até mesmo a gerar<br />

acidentes, pois como em alguns pontos dos trilhos as linhas se<br />

cruzavam, o carro que se atrasasse ou se adiantasse poderia<br />

encontrar-se com outro que vinha <strong>na</strong> direção contrária. Vejamos um<br />

exemplo disso em um dos jor<strong>na</strong>is <strong>da</strong> época:<br />

Por um tris<br />

...os bondes ns. 1 e 6 chocavam-se<br />

Ontem à tarde, o bonde n. 1 que trafegava <strong>na</strong> linha do Anil de volta deste<br />

Arrebalde passou pela Estação às 6,30 sem fazer a devi<strong>da</strong> para<strong>da</strong> afim de<br />

aguar<strong>da</strong>r para o urbano do horário, e prosseguiu <strong>na</strong> sua viagem para a<br />

praça João Lisboa. Ao aproximar-se, porem, <strong>da</strong> curva que leva ao “Céu”,<br />

defrontou subtamente com o n.6, que se dirigia para a Estação e com o qual<br />

se chocaria inevitavelmente se a marcha que ambos levavam e a perícia dos<br />

motorneiros, detendo em tempo os veículos não estivessem impedido a<br />

colisão num espaço de poucos metros (A Pacotilha, 16-12-1924).<br />

Como se vê nesta notícia, o não cumprimento dos horários<br />

podia ser gerado pelo simples desleixo <strong>da</strong> Companhia em não<br />

respeitar os mesmos ou, o que era mais grave, por outros problemas<br />

bastante comuns neste serviço como o mal estado de conservação<br />

dos carros, os descarrilhamentos e as que<strong>da</strong>s de energia.<br />

A situação em que se encontravam os carros era alarmante,<br />

e de acordo com Raimundo Palhano os melhoramentos efetivados<br />

nos serviços de bonde resumiram-se no complemento <strong>da</strong> linha<br />

circular, que cobria a zo<strong>na</strong> nobre, e <strong>na</strong> instalação de um novo sistema<br />

de agulhas (Palhano, 1988, p336). Ain<strong>da</strong> era insuficiente para que<br />

se pudesse ter um transporte de quali<strong>da</strong>de, pois mesmo com o novo<br />

conjunto de agulhas 14 , os veículos que deslizavam pelos trilhos <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong>de iam deixando pe<strong>da</strong>ços de sua maqui<strong>na</strong>ria pelo caminho. Havia<br />

ocasiões em que os próprios passageiros eram obrigados a aju<strong>da</strong>r<br />

14<br />

“Sistema de carris de ferro móveis para facilitar, <strong>na</strong>s linhas férreas, a passagem<br />

dos trens de uma via para outra”. (Ferreira, 1999).

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