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o outro possível: a poesia de armando freitas filho em ... - UninCor

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no texto nos recorda uma fala <strong>de</strong> Proust: “Proust não dizia que todo escritor não começa com<br />

pastiche?”. Jameson (1991, p. 43) relata <strong>em</strong> seu artigo que “O <strong>de</strong>saparecimento do estilo<br />

individual, a crescente inviabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um estilo pessoal, engendra a prática que se po<strong>de</strong><br />

chamar <strong>de</strong> pastiche, que <strong>de</strong>ve ser distinguido da paródia”.<br />

E mais diretamente Santiago (1989, p. 135) explica o termo pastiche:<br />

Fiz um pastiche <strong>de</strong> Graciliano Ramos. De certa forma, eu estou repetindo o estilo <strong>de</strong><br />

Graciliano Ramos, adoro o estilo <strong>de</strong> Graciliano Ramos, acho uma maravilha:<br />

portanto, acho que este estilo <strong>de</strong>ve ser reativado, e, sobretudo, <strong>de</strong>via ser reativado<br />

<strong>em</strong> um momento <strong>em</strong> que alguns escritores brasileiros, consi<strong>de</strong>rando os melhores,<br />

estavam escrevendo muito mau romance. (...) assumir, pior ainda, o Eu <strong>de</strong><br />

Graciliano Ramos. (...) mas eu gostaria exatamente <strong>de</strong> fazer um supl<strong>em</strong>ento a isso,<br />

<strong>de</strong> supl<strong>em</strong>entar isso que já é um todo. (...) pastiche (...) é transgressão.<br />

É aproximando e recuando os conceitos <strong>de</strong> pastiche e paródia que buscarei o<br />

conceito mais claro para a aproximação do poeta carioca ao poeta mineiro. Não <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong><br />

levar <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração o probl<strong>em</strong>a da referência, que é o estigma do mundo pós – mo<strong>de</strong>rno.<br />

Antes <strong>de</strong> <strong>de</strong>ter-me nas teorias e postulados que me lev<strong>em</strong> a refletir sobre as<br />

questões levantadas, gostaria <strong>de</strong> focalizar, ainda que sucintamente, a questão do t<strong>em</strong>po, fator<br />

que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo, t<strong>em</strong> marcado a trajetória poética <strong>de</strong> AFF.<br />

Consi<strong>de</strong>rando a questão do t<strong>em</strong>po abordada por Levinas <strong>em</strong> o “Humanismo do<br />

Outro Hom<strong>em</strong>”, o filósofo vê entre o ‘um que eu sou’ e ‘o <strong>outro</strong> pelo qual eu respondo’ que<br />

se abre uma diferença s<strong>em</strong> fundo on<strong>de</strong> amplia-se a noção:<br />

Não se trata, na proximida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> uma nova “experiência”, oposta à experiência da<br />

presença objetiva: ou <strong>de</strong> uma experiência da presença objetiva: ou <strong>de</strong> uma<br />

experiência do “tu” produzindo-se após, ou mesmo antes, da experiência do ser, ou<br />

<strong>de</strong> uma “experiência ética” a mais da percepção. Trata-se, antes, do questionamento<br />

da EXPERIÊNCIA como fonte <strong>de</strong> sentido, do limite da a percepção transcen<strong>de</strong>ntal,<br />

do fim da sincronia e dos seus termos reversíveis; trata –se da não-proprieda<strong>de</strong> do<br />

Mesmo e, através <strong>de</strong> todas estas limitações, do fim da atualida<strong>de</strong>, como se o<br />

int<strong>em</strong>pestivo viesse <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nar as concordâncias da representação. Como se essa<br />

estranha fraqueza fizesse estr<strong>em</strong>ecer e abalasse a presença ou o ser <strong>em</strong> ato.<br />

(LEVINAS, 1993, p.15)<br />

O t<strong>em</strong>po referido e ao qual proporei reflexões é a idéia do “t<strong>em</strong>po” necessário<br />

para a constituição do ser, mas também é idéia do ‘para além do ser’ 5 que como relação do<br />

“pensamento” ao Outro 6 , surge – como efeito <strong>de</strong> uma hipóstase – um sujeito transformado.<br />

A base epist<strong>em</strong>ológica <strong>de</strong>ste trabalho está na aproximação entre a literatura e a<br />

filosofia. Focando a Fenomenologia da alterida<strong>de</strong>, a partir do filósofo Levinas que analisa a<br />

5 LEVINAS, 2006.<br />

6 LEVINAS, 2006.

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