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o outro possível: a poesia de armando freitas filho em ... - UninCor

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duplicida<strong>de</strong> comunicativa a qual aborda Bakhtin no discurso “o discurso opera uma dupla<br />

relação: sobre o objeto <strong>de</strong> discurso e para o discurso <strong>de</strong> um <strong>outro</strong>” (Ibid, p. 26).<br />

De acordo com esse <strong>outro</strong> no espelhar bakhtiniano discutido por Flores po<strong>de</strong>-se<br />

pensar o diálogo que se trava entre AFF e CDA:<br />

O”eu para si” que subjaz o “eu para o <strong>outro</strong>” é, na verda<strong>de</strong>, a tese <strong>de</strong> que as vozes<br />

que constitu<strong>em</strong> a consciência do sujeito, esse, por sua vez, fala a partir do discurso<br />

do <strong>outro</strong>, com o discurso do <strong>outro</strong> e para o discurso do <strong>outro</strong>. Na voz do sujeito está<br />

a consciência que o <strong>outro</strong> t<strong>em</strong> <strong>de</strong>le. (FLORES, 1998, p. 31)<br />

O poeta ao intertextualizar fragmentos poéticos <strong>de</strong> CDA entrelaça vozes do <strong>outro</strong><br />

na sua <strong>poesia</strong>.<br />

A teoria bakhtiniana muito contribui para compreen<strong>de</strong>r o diálogo entre os poetas<br />

analisados, principalmente quando Flores (1998, p.33) realça a teoria da intersubjetivida<strong>de</strong>,<br />

pela qual, a constituição do sujeito se dá quando este for atravessado pela “alterida<strong>de</strong> da<br />

interlocução”.<br />

Na tentativa <strong>de</strong> interlocução, a superposição <strong>de</strong> um texto sobre <strong>outro</strong> po<strong>de</strong><br />

provocar certa atualização ou mo<strong>de</strong>rnização do primeiro texto. Nota-se nos versos seguintes,<br />

do po<strong>em</strong>a “Doente imaginário” <strong>em</strong> que o poeta, <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> citação explícita, transcreve<br />

versos <strong>de</strong> po<strong>em</strong>as <strong>de</strong> Drummond, como “Habitação para a noite 66 ”, “Destruição 67 ”, e <strong>outro</strong>s.<br />

Doente imaginário<br />

CDA não t<strong>em</strong> cura. Quando pega<br />

não passa, e martela virulento:<br />

na cabeça, introduzindo uma voz<br />

que esquizofreniza, insistente –<br />

Dos c<strong>em</strong> prismas <strong>de</strong> uma jóia,<br />

quantos há que não presumo.<br />

No ataque do coração, tatua:<br />

amor, a quanto me obrigas<br />

e no sexo, a sentença, dura –<br />

os amantes se amam cruelmente.<br />

Uma vez inoculado, CDA circula<br />

s<strong>em</strong> saída, s<strong>em</strong> vacina no sangue<br />

hospe<strong>de</strong>iro, invadindo a cida<strong>de</strong><br />

mesmo s<strong>em</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>tonar Manhattan:<br />

66 , Fazen<strong>de</strong>iro do Ar, 1979, p. 310.<br />

67 Lição <strong>de</strong> Coisas, 1979, p. 377.

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