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o outro possível: a poesia de armando freitas filho em ... - UninCor

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51<br />

1. Suas regras não possu<strong>em</strong> legitimação nelas mesmas, mas constitu<strong>em</strong> um<br />

contrato explícito ou não entre os jogadores.<br />

2. Na ausência <strong>de</strong> regras, não existe jogo, uma modificação <strong>de</strong> uma regra<br />

modifica a natureza do jogo, e um “lance” ou um enunciado que não satisfaça as regras, não<br />

pertence ao jogo <strong>de</strong>finido por elas.<br />

3. Todo enunciado <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado como um “lance” feito num jogo.<br />

Percebendo as possibilida<strong>de</strong>s dos jogos <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong> e <strong>de</strong> que as regras po<strong>de</strong>m<br />

ser flexibilizadas, Lyotard (1986) aceita as qualida<strong>de</strong>s abertas, potenciais das conversas<br />

comuns. Ele atribui muita importância à aparente contradição entre essa abertura e a rigi<strong>de</strong>z<br />

com que as instituições circunscrev<strong>em</strong> o que po<strong>de</strong> e como po<strong>de</strong> ser dito:<br />

Numa socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> que a componente comunicacional, torna-se cada dia mais<br />

evi<strong>de</strong>nte, (...) é certo que o aspecto da linguag<strong>em</strong> (langagier) adquire uma nova<br />

importância, que seria superficial reduzir à alternativa tradicional da palavra<br />

manipuladora ou da transmissão unilateral da mensag<strong>em</strong>, por um lado, ou da livre<br />

expressão ou do diálogo, por <strong>outro</strong> lado. (Ibid, p.29)<br />

O que o crítico tenta abordar é que as regras po<strong>de</strong>m ser flexibilizadas e mudadas<br />

para "encorajar a maior flexibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enunciação". O essencial para o pluralismo pósmo<strong>de</strong>rno<br />

é a idéia <strong>de</strong> que todos os grupos têm o direito <strong>de</strong> falar por si mesmos com sua<br />

própria voz, e <strong>de</strong> ter aceita uma voz como autêntica e legítima. A "atomização do social <strong>em</strong><br />

re<strong>de</strong>s flexíveis <strong>de</strong> jogos <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong>" sugere que cada um po<strong>de</strong> recorrer a um conjunto b<strong>em</strong><br />

distinto <strong>de</strong> códigos, a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da situação <strong>em</strong> que se encontrar (<strong>em</strong> casa, no trabalho, na<br />

igreja, na rua ou no bar, num enterro etc.). Na medida <strong>em</strong> que Lyotard aceita que o<br />

"conhecimento é a principal força <strong>de</strong> produção" na atualida<strong>de</strong>, o probl<strong>em</strong>a é <strong>de</strong>finir o lugar<br />

<strong>de</strong>sse po<strong>de</strong>r quando ele está evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente "disperso <strong>em</strong> nuvens <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos narrativos"<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma heterogeneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> jogos <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong>.<br />

Assim é que se percebe AFF <strong>de</strong>ixando-se seduzir, suspeita-se, pelo aspecto mais<br />

libertador e, portanto, mais atraente do pensamento pós-mo<strong>de</strong>rno: sua preocupação com a<br />

alterida<strong>de</strong>.<br />

O próprio título do po<strong>em</strong>a “O observador do observador, no escritório” uma obra<br />

alterizada que ataca o viés individualista no estabelecimento <strong>de</strong> novos estágios que<br />

introduz<strong>em</strong> na <strong>poesia</strong> a busca ao <strong>outro</strong>, ilustra um processo <strong>de</strong> contra-ataque a essas<br />

presunções individualistas da socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna, industrializada, maquinal. O poeta assume<br />

novas maneiras <strong>de</strong> reconstruir e representar as vozes e experiências <strong>de</strong> seus “eus”. Por parte,<br />

enfatiza a abertura dada no pós - mo<strong>de</strong>rnismo à compreensão da diferença e da alterida<strong>de</strong>,

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