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o outro possível: a poesia de armando freitas filho em ... - UninCor

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46<br />

O eu – lírico poético ao discursar com outra pessoa, no caso CDA, vê nele um<br />

interlocutor para refletir sobre o cotidiano, sobre a <strong>poesia</strong>, sobre o que acontece no mundo<br />

atual. Busca relacionar-se com o <strong>outro</strong> ser, como relata no verso:<br />

Drummond é o cara 55<br />

O eu-lírico busca uma referência ao poeta mo<strong>de</strong>rno, mas também traz a sua<br />

própria escrita. A <strong>poesia</strong> drummondiana é algo a que se volta, mas que dá possibilida<strong>de</strong> ao<br />

surgimento <strong>de</strong> algo novo.<br />

A perspectiva do fragmentário pós – mo<strong>de</strong>rno é uma constatação do real na<br />

socieda<strong>de</strong> capitalista e consequent<strong>em</strong>ente individualista, on<strong>de</strong> o indivíduo fruto do novo<br />

contexto passa a sofrer a perda <strong>de</strong> suas referências pessoais. Desta forma, a <strong>poesia</strong> <strong>de</strong> AFF<br />

ajuda a olhar por <strong>outro</strong> viés: propõe a libertação do indivíduo dos discursos totalitários, no<br />

qual, vivia, abrindo-se às possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> juntar-se, <strong>de</strong> agregar seus próprios<br />

pedaços/fragmentos a <strong>outro</strong>s.<br />

O sujeito que antes era marcado pela totalização das “narrativas-mestras”, agora<br />

se vê “fragmentado”, dividido entre o novo e o antigo, porém po<strong>de</strong> per<strong>de</strong>r suas referências, já<br />

que existe a crise da falta <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação aos heróis, aos gran<strong>de</strong>s acontecimentos. O que a<br />

<strong>poesia</strong> possibilita é um novo olhar sobre o ser fragmentado, que ao invés <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r-se no<br />

novo, ou <strong>de</strong> ficar agarrado ao antigo, <strong>de</strong>ve buscar uma referência, no caso CDA, para que haja<br />

o surgimento <strong>de</strong> algo novo. Essa é a nova forma <strong>de</strong> escrita poética, tanto aberta ao verso livre<br />

e curto quanto alterizada.<br />

Neste sentido outra característica <strong>de</strong>lineia-se, antes o indivíduo era <strong>de</strong>terminado<br />

pelas narrativas mestras, com poucas chances <strong>de</strong> mostrar sua subjetivida<strong>de</strong>, atualmente – na<br />

pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, mesmo que tenha abertura para sua escrita, será um paradoxo; pois não há<br />

mais um estilo próprio, autêntico.<br />

Quando Lyotard (1986) abordava o ‘fim das narrativas mestras’ teve-se uma visão<br />

<strong>de</strong> que o sujeito era centrado. Em contrapartida, com a abordag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Jameson <strong>de</strong> que no pós<br />

– mo<strong>de</strong>rnismo há “o fim da mônada, do ego e do indivíduo burguês”. (Id, p. 42) é possível<br />

pensar no probl<strong>em</strong>a da expressão. Jameson (1991) observa que “o probl<strong>em</strong>a da expressão está<br />

intimamente ligado a uma concepção <strong>de</strong> sujeito receptor monádico, cujos sentimentos são<br />

expressos através <strong>de</strong> uma projeção no exterior”. (Id, p. 42).<br />

Pensando na escrita poética que requer a categoria da mônada individual, percebese<br />

que o poeta isola-se; entregando-se à solidão da escrita.<br />

55 Raro Mar. O observador do observador, no escritório. 2006, p. 28.

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