o outro possÃvel: a poesia de armando freitas filho em ... - UninCor
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aposta na escrita – a palavra poética como flecha, e à máquina drummondiana – sua ativida<strong>de</strong><br />
constante, a velocida<strong>de</strong>, o potencial, conceitos que vão ser trabalhados mais adiante.<br />
Em “Tercetos na máquina” o poeta segue o mesmo ritmo <strong>de</strong> Drummond, usando<br />
três versos <strong>em</strong> cada estrofe, perfazendo um total <strong>de</strong> trinta e duas estrofes, não usa o verso<br />
<strong>de</strong>cassílabo, herança do classicismo para sua poética, traz um traço da pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>: o<br />
verso curto e livre. Em seu po<strong>em</strong>a, o eu – lírico discursa ora com a aparição da máquina – que<br />
se realiza <strong>em</strong> “A máquina do mundo”, ora com o ato <strong>de</strong> escrever. Inicia <strong>de</strong>screvendo a escrita<br />
poética que é árdua e a luta do poeta <strong>em</strong> alcançar o pensamento:<br />
Tercetos terríveis<br />
<strong>de</strong> tantas arestas soldadas<br />
s<strong>em</strong> cuidado e melodia.<br />
(...)<br />
O pensamento não parou<br />
para refinar um pouco<br />
a irrecusável caneta <strong>de</strong> ferro<br />
ora <strong>em</strong> brasa, ora gélida<br />
na escritura minuciosa<br />
no contraforte da montanha<br />
A escrita poética é difícil “tercetos terríveis”, “a escritura minuciosa”.<br />
Na 4 e 5 estrofes, o eu – lírico retoma as formas <strong>de</strong> aparição da máquina “no<br />
contraforte da montanha”, numa superiorida<strong>de</strong> a ele. Mais adiante, na 7 estrofe se localiza<br />
espacialmente “na treva do chão”:<br />
mostrando <strong>em</strong> baixo-relevo<br />
na treva do chão, a ferrug<strong>em</strong><br />
da existência corroída pela dor<br />
Nessa ambiência o sujeito lírico, fora <strong>de</strong> si, porque tenta buscar o <strong>outro</strong>, <strong>em</strong><br />
cont<strong>em</strong>plação, está numa perspectiva imóvel face à escrita poética <strong>de</strong> CDA. A forma <strong>de</strong><br />
aparição está superior a ele. Quando utiliza “atrás da couraça imóvel” se percebe a outra face<br />
possível <strong>de</strong>sse objeto, a face persuasiva que o atraía: “inevitável, inerente / apesar da mirada<br />
azul / do olhar e da serra”.<br />
Já que “não poupava ninguém / no corte da sua herança”. Parece <strong>de</strong>linear-se o<br />
convite a este mundo: o mundo da escrita cont<strong>em</strong>plativa <strong>de</strong> CDA, porém o eu – lírico –diante<br />
da grandiosida<strong>de</strong> - resistia, pois via “Iluminação negativa provinda / <strong>de</strong> um sol <strong>de</strong>sligado,