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o outro possível: a poesia de armando freitas filho em ... - UninCor

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34<br />

aposta na escrita – a palavra poética como flecha, e à máquina drummondiana – sua ativida<strong>de</strong><br />

constante, a velocida<strong>de</strong>, o potencial, conceitos que vão ser trabalhados mais adiante.<br />

Em “Tercetos na máquina” o poeta segue o mesmo ritmo <strong>de</strong> Drummond, usando<br />

três versos <strong>em</strong> cada estrofe, perfazendo um total <strong>de</strong> trinta e duas estrofes, não usa o verso<br />

<strong>de</strong>cassílabo, herança do classicismo para sua poética, traz um traço da pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>: o<br />

verso curto e livre. Em seu po<strong>em</strong>a, o eu – lírico discursa ora com a aparição da máquina – que<br />

se realiza <strong>em</strong> “A máquina do mundo”, ora com o ato <strong>de</strong> escrever. Inicia <strong>de</strong>screvendo a escrita<br />

poética que é árdua e a luta do poeta <strong>em</strong> alcançar o pensamento:<br />

Tercetos terríveis<br />

<strong>de</strong> tantas arestas soldadas<br />

s<strong>em</strong> cuidado e melodia.<br />

(...)<br />

O pensamento não parou<br />

para refinar um pouco<br />

a irrecusável caneta <strong>de</strong> ferro<br />

ora <strong>em</strong> brasa, ora gélida<br />

na escritura minuciosa<br />

no contraforte da montanha<br />

A escrita poética é difícil “tercetos terríveis”, “a escritura minuciosa”.<br />

Na 4 e 5 estrofes, o eu – lírico retoma as formas <strong>de</strong> aparição da máquina “no<br />

contraforte da montanha”, numa superiorida<strong>de</strong> a ele. Mais adiante, na 7 estrofe se localiza<br />

espacialmente “na treva do chão”:<br />

mostrando <strong>em</strong> baixo-relevo<br />

na treva do chão, a ferrug<strong>em</strong><br />

da existência corroída pela dor<br />

Nessa ambiência o sujeito lírico, fora <strong>de</strong> si, porque tenta buscar o <strong>outro</strong>, <strong>em</strong><br />

cont<strong>em</strong>plação, está numa perspectiva imóvel face à escrita poética <strong>de</strong> CDA. A forma <strong>de</strong><br />

aparição está superior a ele. Quando utiliza “atrás da couraça imóvel” se percebe a outra face<br />

possível <strong>de</strong>sse objeto, a face persuasiva que o atraía: “inevitável, inerente / apesar da mirada<br />

azul / do olhar e da serra”.<br />

Já que “não poupava ninguém / no corte da sua herança”. Parece <strong>de</strong>linear-se o<br />

convite a este mundo: o mundo da escrita cont<strong>em</strong>plativa <strong>de</strong> CDA, porém o eu – lírico –diante<br />

da grandiosida<strong>de</strong> - resistia, pois via “Iluminação negativa provinda / <strong>de</strong> um sol <strong>de</strong>sligado,

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