12.05.2015 Views

o outro possível: a poesia de armando freitas filho em ... - UninCor

o outro possível: a poesia de armando freitas filho em ... - UninCor

o outro possível: a poesia de armando freitas filho em ... - UninCor

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

48<br />

Dialogando com a teoria pós-mo<strong>de</strong>rna, os versos auxiliam e, às vezes, po<strong>de</strong>m<br />

clarear a reflexão <strong>em</strong> relação ao status da estética. As características que o pós-mo<strong>de</strong>rnismo<br />

não utiliza (que são as do mo<strong>de</strong>rnismo), porém estas não se per<strong>de</strong>m, são colocadas ao lado das<br />

que permanec<strong>em</strong> numa tentativa <strong>de</strong> compreensão da nova dominante cultural. A <strong>poesia</strong> t<strong>em</strong><br />

um viés que se confirma no jogo antitético: per<strong>de</strong>/ segura. Enfim, o pós-mo<strong>de</strong>rnismo r<strong>em</strong>ete a<br />

algumas características mo<strong>de</strong>rnistas <strong>em</strong> direção a novas categorias pós - mo<strong>de</strong>rnas.<br />

Afinal, se a i<strong>de</strong>ntificação é uma “Auto-estrada pedregosa, <strong>de</strong> ultrapassag<strong>em</strong> /ou<br />

<strong>de</strong>sastre, <strong>de</strong> dura travessia”, é porque o poeta se vê incapaz <strong>de</strong> acompanhar o passante, que se<br />

configura na impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acompanhar o momento presente.<br />

O poeta olha, observa CDA num aspecto <strong>de</strong> reparar e <strong>de</strong>le brota sua <strong>poesia</strong>. É do<br />

reparar, que é um olhar mais focado, <strong>de</strong>talhado on<strong>de</strong> <strong>em</strong>erg<strong>em</strong> seus versos.<br />

Ao relatar que “Drummond é o cara”, ímpar, s<strong>em</strong> igual, único, aquele que<br />

consegue atingir o inefável, AFF traz a idéia do sujeito individual, isolado, inatingível e<br />

fragmentado. Ao conceituá-lo, o limita, dando a imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> um caminho estreito “dura<br />

travessia”, que no eixo espacial está “do lado do” uma imensidão: o mar, está próximo <strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>ixando claro que, não está “ao lado <strong>de</strong>”. O eu lírico mostra-se próximo, não ao lado. Mais<br />

uma vez o poeta está distante do objeto <strong>de</strong>sejado, numa posição contrária, numa posição <strong>de</strong><br />

observador.<br />

O atravessar da estrada imagética pelo poeta, entretece fios vários <strong>de</strong> experiências<br />

vividas e lidas. A estrada revela, enquanto sujeito <strong>de</strong> uma estranha duplicida<strong>de</strong>, ao mesmo<br />

t<strong>em</strong>po, <strong>em</strong> que o convida a ultrapassá-la, é gentil e, o corrói. A <strong>poesia</strong> atrai o eu – lírico, como<br />

as ondas do mar, e ao mesmo t<strong>em</strong>po, o repele com a sua profundida<strong>de</strong> oceânica.<br />

O poeta tenta alcançar o limite do ser “Drummond é” e seu <strong>de</strong>slocamento espacial<br />

e t<strong>em</strong>poral é necessário para que possa ser realizada a observação, mesmo sabendo que esta é<br />

fragmentada.<br />

Observa-se nos versos “O que fica para trás, o que não se arrumou / na frente,<br />

sensível ao que a primeira mão / per<strong>de</strong>, e a segunda, segura, tenta.” a <strong>poesia</strong> como corte, como<br />

ruptura da prosa para introduzir o verso, ou dar continuida<strong>de</strong> ao verso. Uma <strong>poesia</strong> que possui<br />

<strong>em</strong> seu caminho o significante “pedregosa”, se barra e se rompe, o verso.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!