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o outro possível: a poesia de armando freitas filho em ... - UninCor

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50<br />

libertação do eu- lírico. O poeta se liberta da “pedra” – obstáculo – da <strong>poesia</strong> “Tinha uma<br />

pedra no meio do caminho” - cuja imag<strong>em</strong> é caracterizada <strong>em</strong> CDA- quando o po<strong>em</strong>a sai:<br />

Auto-estrada pedregosa, <strong>de</strong> ultrapassag<strong>em</strong><br />

ou <strong>de</strong>sastre, <strong>de</strong> dura travessia, que ferve<br />

do lado do mar, meigo e mordaz 62 .<br />

As imagens no po<strong>em</strong>a <strong>de</strong> AFF nunca estão sozinhas, às vezes, confun<strong>de</strong>m-se com<br />

as <strong>de</strong> CDA 63 , s<strong>em</strong>pre há algo por trás <strong>de</strong>las: o próprio eu, ou talvez a alterida<strong>de</strong>, a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ser o mesmo, ou a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> negar-se, fato que marca sua originalida<strong>de</strong>. Falar <strong>de</strong><br />

alguém por trás <strong>de</strong>le mesmo, por trás <strong>de</strong> véus.<br />

2.3.3 Os jogos <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong><br />

Na poética pós-mo<strong>de</strong>rna, procura-se interpretar a literatura por meio das teorias que a<br />

circundam. Para Hutcheon (1991, p.32) “há uma interação da teoria e prática, uma interação<br />

complexa <strong>de</strong> reações compartilhadas a provocações comuns”. Ao escrever sobre essa<br />

interação, a autora traz o fato <strong>de</strong> que as narrativas pós-mo<strong>de</strong>rnas são rompidas por uma “re<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>nsa <strong>de</strong> interligações e intertextos, e cada um encena os paradoxos da continuida<strong>de</strong> e da<br />

separação, da interpretação totalizante e da impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sentido final” (Ibid, p.33).<br />

Lyotard 64 coloca que o escritor pós-mo<strong>de</strong>rno está numa posição <strong>de</strong> filósofo, o<br />

texto que escreve não é governado por regras pré-estabelecidas. São essas regras que a obra<br />

<strong>de</strong> arte está buscando. O crítico coloca que “apesar <strong>de</strong> o vínculo social ser lingüístico” (1986,<br />

p.18), não é tecido por um único fio, mas por um “número in<strong>de</strong>terminado” <strong>de</strong> jogos <strong>de</strong><br />

linguag<strong>em</strong> e, não estabelece necessariamente “combinações lingüísticas estáveis, e as<br />

proprieda<strong>de</strong>s daquelas que estabelec<strong>em</strong>os não são necessariamente comunicáveis” (Ibid, p.<br />

16).<br />

Lyotard (1986, p.16) <strong>em</strong>prega Wittengenstein (o pineiro da teoria dos jogos <strong>de</strong><br />

linguag<strong>em</strong>) para iluminar a condição do conhecimento pós-mo<strong>de</strong>rno, esse “centraliza sua<br />

atenção sobre os efeitos dos discursos”, chama os diversos enunciados que ele caracteriza<br />

<strong>de</strong>sta maneira, e dos quais se enumerou alguns, <strong>de</strong> jogos <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong>.<br />

(Ibid, p.17) faz três observações sobre os jogos <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong>:<br />

62 Raro Mar. O observador do observador no escritório. 2003, p. 28.<br />

63 Como foi falado antes que não há apagamento, há proximida<strong>de</strong> <strong>em</strong> diferença.<br />

64 LYOTARD apud Hutcheon, 1991, p.33.

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