o outro possÃvel: a poesia de armando freitas filho em ... - UninCor
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2.4 Poesia e t<strong>em</strong>po<br />
A con<strong>de</strong>nsação dos po<strong>em</strong>as tendo como interlocutor CDA se dá nos livros<br />
Numeral/ Nominal e Raro Mar.<br />
Em Numeral, o poeta traz po<strong>em</strong>as que tratam <strong>de</strong> t<strong>em</strong>as variados, como: atos <strong>de</strong><br />
escrever (1, 16, 23), reescritas (3, 19), indagação existencial (7), transcendência (22),<br />
m<strong>em</strong>órias <strong>de</strong> ACC (27); só o po<strong>em</strong>a ‘26’ intertextualiza com CDA.<br />
Já, “Nominal”, apesar <strong>de</strong> repetir alguns t<strong>em</strong>as: releitura (Iluminações), atos <strong>de</strong><br />
escrita (Livro, Borrão), m<strong>em</strong>órias através <strong>de</strong> imagens fotográficas (Monroe, Sobre uma foto<br />
<strong>de</strong> Edward Weston, Sobre uma foto <strong>de</strong> Ana C.), abre t<strong>em</strong>as novos: po<strong>em</strong>as sensitivos (BB),<br />
<strong>de</strong>sejos sexuais (Fissura, Desejo), marginais (A um passante, Atlântica), acontecimentos<br />
sociais (Império) e dialoga com Guimarães Rosa (Três sertões). Seis po<strong>em</strong>as intertextualizam<br />
explicitamente com CDA: ‘CDA no coração’, ‘CDA na cabeça’, ‘Drummond andando’,<br />
‘Palavra-chave’, ‘Manual da máquina CDA’, ‘DNA, CDA’. Os po<strong>em</strong>as <strong>de</strong> Nominal se<br />
refer<strong>em</strong> a certos significantes da <strong>poesia</strong> <strong>de</strong> Drummond, por ex<strong>em</strong>plo: pedra, máquina, chave 74 ;<br />
e a <strong>de</strong>scrições físicas mais <strong>de</strong>talhadas: corpo, boca, face, rosto, óculos, mão, braços. Já o<br />
po<strong>em</strong>a ‘DNA, CDA’, se diferencia dos <strong>de</strong>mais já que está <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> prosa poética. Esse<br />
parece dar seqüência para os que estão <strong>em</strong> Raro Mar, <strong>em</strong> especial, ‘Releitura’, ficando na<br />
fronteira entre o verso e a prosa.<br />
Os po<strong>em</strong>as <strong>de</strong> Raro Mar: ‘Sonetilho do falso CDA’, ‘O observador do observador<br />
no escritório’, ‘Impressão’, ‘Releitura’, ‘Doente imaginário’, ‘Duas mesas’, ‘Aporia’<br />
analisados previamente e superficialmente pelos títulos acentuam um t<strong>em</strong>po diferente aos<br />
publicados <strong>em</strong> Nominal. Os po<strong>em</strong>as <strong>de</strong> Numeral concentram-se apenas numa <strong>de</strong>scrição física,<br />
esta po<strong>de</strong> ser redigida <strong>de</strong> forma mais distanciada, apenas externamente. Já os <strong>de</strong> Raro Mar, o<br />
eu – lírico observa mais atentamente não só o poeta, mas a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua <strong>poesia</strong>. Através<br />
dos versos, observa-se um olhar mais focado, mais <strong>de</strong>talhado no objeto poético.<br />
O eu - lírico aborda um t<strong>em</strong>po mais maduro vivido pelo poeta. Nesse sentido, o<br />
poeta perpassa por uma abordag<strong>em</strong> física - Numeral/ Nominal até chegar a uma observação<br />
mais <strong>de</strong>talhada no livro <strong>de</strong> 2006 75 . Observa-se uma m<strong>em</strong>ória poética mais aguçada, um olhar<br />
mais apurado (observador), as marcas (impressões), as fases <strong>de</strong> re-leitura, o pensamento que<br />
recorda (imaginário), e assim a retomada do soneto <strong>em</strong> Sonetilho do falso CDA e Aporia. É<br />
na primeira parte <strong>de</strong> Raro Mar <strong>em</strong> que estão estes po<strong>em</strong>as. A segunda parte t<strong>em</strong> como<br />
74 Esses significantes aparec<strong>em</strong> <strong>de</strong> forma mais <strong>de</strong>talhada no 1ºcapítulo.<br />
75 Raro mar, 2006.