12.05.2015 Views

o outro possível: a poesia de armando freitas filho em ... - UninCor

o outro possível: a poesia de armando freitas filho em ... - UninCor

o outro possível: a poesia de armando freitas filho em ... - UninCor

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

60<br />

Tanto um como o <strong>outro</strong> po<strong>em</strong>a é dividido <strong>em</strong> três fases:<br />

1º - a aparição<br />

AFF<br />

Atrás do coração controverso<br />

que não se expunha<br />

para fora do seu pulso<br />

mostrando <strong>em</strong> baixo-relevo<br />

na treva do chão, a ferrug<strong>em</strong><br />

da existência corroída pela dor<br />

inevitável, inerente<br />

apesar da mirada azul<br />

do olhar e da serra.<br />

CDA<br />

Abriu-se majestosa e circunspecta,<br />

s<strong>em</strong> <strong>em</strong>itir um som que fosse impuro<br />

n<strong>em</strong> um clarão maior que o tolerável<br />

pelas pupilas gastas na inspeção<br />

contínua e dolorosa do <strong>de</strong>serto,<br />

e pela mente exausta <strong>de</strong> mentar<br />

toda uma realida<strong>de</strong> que transcen<strong>de</strong><br />

a própria imag<strong>em</strong> sua <strong>de</strong>buxada<br />

no rosto do mistério, nos abismos.<br />

2º - a cont<strong>em</strong>plação<br />

AFF<br />

Que não poupava ninguém<br />

no corte da sua herança:<br />

laços <strong>de</strong> sangue coagulados<br />

há tanto, na terra <strong>de</strong>voluta<br />

que escorreu, entre os <strong>de</strong>dos<br />

fracos e quebrados do malvisto<br />

nascido para o <strong>de</strong>smonte<br />

e carência, enquanto crescia<br />

sob a luz da <strong>de</strong>rrisão.<br />

Iluminação negativa provinda<br />

<strong>de</strong> um sol <strong>de</strong>sligado, repentino<br />

que ainda brilha na m<strong>em</strong>ória<br />

da retina, e vai se retirando<br />

<strong>de</strong>ntro do passo do dia<br />

quando cai, no lusco-fusco<br />

<strong>em</strong> meio à pedra e céu<br />

e atinge o instante do equilíbrio<br />

<strong>de</strong> perfil e fundo, no ar rarefeito.<br />

CDA<br />

assim me disse, <strong>em</strong>bora voz alguma<br />

ou sopro ou eco ou simples percussão<br />

atestasse que alguém, sobre a montanha,<br />

a <strong>outro</strong> alguém, noturno e miserável,<br />

<strong>em</strong> colóquio se estava dirigindo:<br />

“O que procuraste <strong>em</strong> ti ou fora <strong>de</strong><br />

teu ser restrito e nunca se mostrou,<br />

mesmo afetando dar-se ou se ren<strong>de</strong>ndo,<br />

e a cada instante mais se retraindo,<br />

olha, repara, ausculta: essa riqueza<br />

sobrante a toda pérola, essa ciência<br />

sublime e formidável, mas hermética,<br />

essa total explicação da vida,<br />

nesse nexo primeiro e singular<br />

que n<strong>em</strong> concebes mais, pois tão esquivo<br />

se revelou ante a pesquisa ar<strong>de</strong>nte<br />

<strong>em</strong> que te consumiste... vê, cont<strong>em</strong>pla,<br />

abre teu peito para agasalhá-lo.”<br />

3º - a recusa / não recusa<br />

AFF<br />

CDA

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!