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o outro possível: a poesia de armando freitas filho em ... - UninCor

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Quando é citado o <strong>outro</strong>, apropria-se <strong>de</strong> seu discurso, passando a existir uma<br />

forma <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação, que é uma maneira <strong>de</strong> tornar a obra alheia diferente (DERRIDA,<br />

2002). Este recurso, sobrevaloriza-se pela criação <strong>de</strong> uma imag<strong>em</strong> mítica, e também como<br />

garantia <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> literária. O poeta AFF vai, pouco a pouco, recontextualizando cada<br />

fragmento do texto citado.<br />

Quando se busca <strong>em</strong> um processo <strong>de</strong> citação a opção por autores e tradição<br />

artística, preten<strong>de</strong>-se restituir a tradição ou buscar um lugar nela, mas também não querer que<br />

o fim da arte caia no paradoxo pós – mo<strong>de</strong>rnista. A busca da tradição, como objeto <strong>de</strong><br />

recuperação, é fundamental para que haja a inovação e não ruptura, é isso que o poeta AFF<br />

realiza <strong>em</strong> sua <strong>poesia</strong>. O poeta recupera para inovar.<br />

2.3.4.1 Modos <strong>de</strong> relação com o passado: paródia e pastiche<br />

A intertextualida<strong>de</strong> pós - mo<strong>de</strong>rna que Hutcheon (1991, p. 164) consi<strong>de</strong>ra<br />

“paródia intertextual” é uma sensação <strong>de</strong> presença do passado que só po<strong>de</strong> ser reconhecida a<br />

partir <strong>de</strong> seus textos e <strong>de</strong> seus vestígios ‘literários ou históricos’. Para a crítica, parodiar é<br />

sacralizar o passado e questioná-lo ao mesmo t<strong>em</strong>po, e não uma <strong>de</strong>struição <strong>de</strong>ste, esta ação<br />

torna-se um dos paradoxos pós-mo<strong>de</strong>rnistas.<br />

Deduz-se que a paródia não apenas recupera a história e a m<strong>em</strong>ória, mas<br />

questiona qualquer ato <strong>de</strong> escrita por meio da localização dos discursos da história e da ficção<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> intertextual <strong>em</strong> contínua expansão.<br />

Para Hutcheon (1991, p. 169) a paródia é a escrita atuando por meio <strong>de</strong> outras<br />

escritas, outras textualizações <strong>de</strong> experiência, e acrescenta que “interdiscursivida<strong>de</strong> é o termo<br />

mais preciso para discutir esse processo”.<br />

É necessário retomar os po<strong>em</strong>as <strong>em</strong> análise para observar quais vozes discursam.<br />

O poeta ao dialogar com CDA, apresenta outras vozes, que são marcadas pelo po<strong>de</strong>r. Nos<br />

versos “Quando pega / não passa, martela virulento” e “Uma vez inoculado, CDA circula /<br />

s<strong>em</strong> saída”, envolve todos os objetos e processos culturais <strong>de</strong> dominação que se apo<strong>de</strong>ram do<br />

hom<strong>em</strong> cont<strong>em</strong>porâneo. O hom<strong>em</strong> s<strong>em</strong> voz, cercado pela voz da instituição, do po<strong>de</strong>r,<br />

incapaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocar, está contaminado, “doente imaginário”. A partir <strong>de</strong>sses versos, há um<br />

<strong>de</strong>smascaramento <strong>de</strong> certas facetas da realida<strong>de</strong> brasileira.<br />

AFF apropria a voz do próprio poeta num sentido irônico, na idéia <strong>de</strong> que CDA<br />

também é incapaz, não consegue <strong>de</strong>tonar Manhattan. O poeta usa <strong>de</strong> um tom irônico na<br />

medida <strong>em</strong> que joga com o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> CDA.

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