o outro possÃvel: a poesia de armando freitas filho em ... - UninCor
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setas <strong>em</strong> várias direções, as que sa<strong>em</strong> <strong>de</strong> sua <strong>poesia</strong> é que conduz<strong>em</strong> à escrita poética<br />
armandiana.<br />
O eu - lírico “<strong>em</strong> perpétua elaboração” dá o ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> que não <strong>de</strong>seja fechar o<br />
conceito, está <strong>em</strong> contínua construção, isto diz que, não se conclui não se enclausura, não se<br />
conserva. Com isso o eu-lírico ensina a estarmos s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> metamorfose, <strong>em</strong> “contínua<br />
elaboração”, foge, sob pena <strong>de</strong> aprisionar o conceito; que se justifica novamente pelo verbete<br />
criado “drummondicionário”. É um amontoado <strong>de</strong> significados, mas são abertos ao além,<br />
r<strong>em</strong>etendo, não indicando. E assim os versos são vistos como contínuos, dão sentido à<br />
invenção da vida, valorizam a convivência e a diversida<strong>de</strong>, estão s<strong>em</strong>pre dinâmicos, <strong>em</strong><br />
passag<strong>em</strong> “o sentido da página da vida <strong>em</strong> trânsito”, transitando.<br />
O uso constante <strong>de</strong> prefixos r<strong>em</strong>ete à noção <strong>de</strong> que CDA traz uma certa<br />
anteriorida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> que ele está antecipado, com sua <strong>poesia</strong> está aquém <strong>de</strong> nós. Por isso AFF<br />
insiste na diversida<strong>de</strong> prefixal “Drummond difere, <strong>de</strong>sfere, divaga, diverso”. Diferir é o<br />
mesmo que ser diferente, o poeta o vê diferente <strong>de</strong> si, porque este está aquém e além a nós.<br />
Desfere 86 po<strong>de</strong>ria ser entendido como uma característica do poeta mo<strong>de</strong>rno <strong>em</strong> lançar sua<br />
escrita, que atinge o poeta carioca. Divagar 87 é o mesmo que <strong>de</strong>vanear, andar s<strong>em</strong> rumo, será<br />
que não é o poeta que fica divagando com a leitura da poética <strong>de</strong> CDA? E por fim, como já se<br />
espera – diverso – múltiplo.<br />
Por <strong>outro</strong> lado, os <strong>outro</strong>s prefixos ‘di’, ‘<strong>de</strong>s 88 ’ significam separação, movimentos<br />
para diversos lados, negação, ação contrária, não se r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> a uma relação <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong>, mas<br />
sim, <strong>de</strong> assimetria.<br />
Mais a frente, o poeta traz <strong>outro</strong> prefixo ‘<strong>em</strong>’: <strong>em</strong>paredada, indicando movimento<br />
para <strong>de</strong>ntro, é a posição <strong>de</strong> AFF diante da grandiosida<strong>de</strong> do <strong>outro</strong> poeta, fica como cercado,<br />
limitado, lado a lado, entre pare<strong>de</strong>s, s<strong>em</strong> saída “à noite <strong>em</strong>paredada”. O prefixo ‘<strong>em</strong>’ r<strong>em</strong>ete<br />
ao que fica no interior da <strong>poesia</strong>, no oculto, entre pare<strong>de</strong>s po<strong>de</strong> ser entendido como um<br />
labirinto, <strong>em</strong> que o leitor sai à procura <strong>de</strong> solução para um obstáculo ou um impasse.<br />
O intervalo que se estabelece na antítese t<strong>em</strong>poral que vai “da manhã porosa” a “à<br />
noite <strong>em</strong>paredada” po<strong>de</strong> ser entendido pelos verbetes/ palavras poéticas se<strong>de</strong>ntas para ser<strong>em</strong><br />
escritas, amanhec<strong>em</strong> pululando, ansiosos para chegar<strong>em</strong> ao papel, porém acabam<br />
enclausurados, não livres.<br />
CDA move sua escrita “linha a linha, movendo seu traçado”, passo a passo, como<br />
86 De acordo com o dicionário BARSA DE LINGUA PORTUGUESA. Desfere: lançar, <strong>de</strong>spedir, vibrar, dar com<br />
ímpeto. 2003, p.311.<br />
87 De acordo com o dicionário BARSA DE LINGUA PORTUGUESA. 2003, p.337.<br />
88 De acordo com a gramática FARACO & MOURA. Ed. Ática.1999, p.168-169.