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o outro possível: a poesia de armando freitas filho em ... - UninCor

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76<br />

escritor AFF “Nasce, sob a sentença do anjo sujo <strong>de</strong> sombra: vai ser gago na vida”.<br />

Intertextualiza-se ao verso do “Po<strong>em</strong>a <strong>de</strong> sete faces” <strong>de</strong> CDA:<br />

Quando nasci, um anjo torto<br />

<strong>de</strong>sses que viv<strong>em</strong> na sombra<br />

disse: Vai, Carlos! Ser gauche na vida.<br />

A intertextualida<strong>de</strong> que foi trabalhada no 2º capítulo volta aguçada nos versos<br />

acima.<br />

Os arrancos e a lentidão da pessoa gaga se manifestam muitas vezes <strong>em</strong> sua<br />

linguag<strong>em</strong>, <strong>de</strong>vido ao sentido que se dá a velocida<strong>de</strong> maquínica <strong>de</strong> CDA 92 . Até se sentir<br />

submisso “Nasce, sob a sentença do anjo sujo <strong>de</strong> sombra”, dando ênfase a preposição ‘sob’ e<br />

a comparação ao “Escorpião <strong>de</strong>baixo da pedra”.<br />

Vale ressaltar que a alterida<strong>de</strong> é melhorada no verso “Escorpião <strong>de</strong>baixo da pedra,<br />

que não o esmigalha, o incorpora à sua esfinge”. A esfinge egípcia é uma antiga criatura<br />

mística geralmente apresenta-se como um leão estendido — animal com associações solares<br />

sacras — com uma cabeça humana, usualmente a <strong>de</strong> um faraó. A esfinge era usada para<br />

<strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, assim como as pirâmi<strong>de</strong>s no Egito 93 . Um no <strong>outro</strong>, que é entendido<br />

como o eu - lírico e a <strong>poesia</strong> <strong>de</strong> CDA, não se submet<strong>em</strong>, não se engran<strong>de</strong>c<strong>em</strong>, porém<br />

incorporam, misturam e alterizam-se. A imag<strong>em</strong> da esfinge e a do escorpião cada um com seu<br />

po<strong>de</strong>r ou seu veneno não se compet<strong>em</strong>, visto que se ajuntam, se incorporam. A alterida<strong>de</strong> para<br />

Levinas é vista como “uma relação com o que se esquiva s<strong>em</strong>pre 94 ” e melhor explica que “O<br />

<strong>outro</strong> enquanto <strong>outro</strong> não é aqui não é aqui um objeto que v<strong>em</strong> a ser nosso ou que nos v<strong>em</strong> a<br />

ser; ele se retira, pelo contrário, para seu mistério 95 ”. Também ”O <strong>outro</strong> não é um ser<br />

encontrado, que ameaça ou que quer se apo<strong>de</strong>rar do leitor. O fato <strong>de</strong> ser refratário ao po<strong>de</strong>r<br />

não o torna uma potência maior do que é. É a alterida<strong>de</strong> que faz toda essa potência. Seu<br />

mistério constitui sua alterida<strong>de</strong> 96 ”. Através da imag<strong>em</strong> do escorpião e da esfinge é possível<br />

enten<strong>de</strong>r, um pouco, o que seja a alterida<strong>de</strong> proposta por Levinas, é o poeta se passando por<br />

um escorpião, inseto venenoso, pequeno que possui a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incorporar a esfinge, que<br />

é b<strong>em</strong> maior que ele. A alterida<strong>de</strong> é a diferença, é o que o <strong>outro</strong> t<strong>em</strong> e falta <strong>em</strong> mim, é uma<br />

mistura. Dessa relação, ao incorporar a esfinge, que é a imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> algo <strong>outro</strong>, maior que o<br />

92 Abordag<strong>em</strong> feita no 1ºcapítulo.<br />

93 http://pt.wikipedia.org/wiki/Esfinge. acessado <strong>em</strong> 20/10/2008.<br />

94 LEVINAS, 2006, p. 31.<br />

95 LEVINAS, 2006, p. 31.<br />

96 LEVINAS, 2006, p. 32.

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