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o outro possível: a poesia de armando freitas filho em ... - UninCor

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52<br />

b<strong>em</strong> como o potencial liberatório que ele oferece a todo um conjunto <strong>de</strong> novos movimentos a<br />

<strong>outro</strong>s mundos “auto-estrada (...) <strong>de</strong> ultrapassag<strong>em</strong>”.<br />

O jogo se trava na luta, na aposta, por estar “ao lado <strong>de</strong>”, colado e não “do lado<br />

<strong>de</strong>”. O poeta <strong>de</strong>seja essa ultrapassag<strong>em</strong>.<br />

Auto-estrada pedregosa, <strong>de</strong> ultrapassag<strong>em</strong><br />

ou <strong>de</strong>sastre, <strong>de</strong> dura travessia, que ferve<br />

do lado do mar, meigo e mordaz 65 .<br />

A vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> integração faz com que nele exercite a lição da <strong>poesia</strong> como “lance”,<br />

os lances dos jogos <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Lyotard; ao mesmo t<strong>em</strong>po, sintaxe (continuida<strong>de</strong>) e<br />

cesura (corte/ separação), centro (ao lado <strong>de</strong> – proximida<strong>de</strong>) e marg<strong>em</strong> (do lado <strong>de</strong> -<br />

distância).<br />

2.3.4 Intertextualida<strong>de</strong>: citação/ modos <strong>de</strong> relação com o passado: paródia e pastiche / o<br />

probl<strong>em</strong>a da referência<br />

Cabe aqui retomar as duas noções <strong>de</strong> intertextualida<strong>de</strong>:<br />

A intertextualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penha uma função complexa e contraditória nos processos<br />

<strong>de</strong> homeostase e <strong>de</strong> mudança do sist<strong>em</strong>a s<strong>em</strong>iótico literário. Por <strong>outro</strong> lado, a<br />

intertextualida<strong>de</strong> representa a força, a autorida<strong>de</strong> e o prestígio da m<strong>em</strong>ória do<br />

sist<strong>em</strong>a, da tradição literária: imita-se o texto mo<strong>de</strong>lar, cita-se o texto canônico,<br />

reitera-se o permanente, (...). Por <strong>outro</strong> lado, porém, a intertextualida<strong>de</strong> po<strong>de</strong><br />

funcionar como um meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>squalificar, <strong>de</strong> contestar e <strong>de</strong>struir a tradição literária,<br />

o código literário vigente: a citação po<strong>de</strong> ser pejorativa e ter propósitos caricaturais;<br />

sob o signo <strong>de</strong> ironia e do burlesco, a paródia contradita, muitas vezes <strong>de</strong>sprestigia e<br />

lacera, tanto formal como s<strong>em</strong>anticamente, um texto relevante numa comunida<strong>de</strong><br />

literária, procurando por conseguinte corroer ou ridicularizar o código literário<br />

subjacente a esse texto, b<strong>em</strong> como os códigos culturais correlatos, e intentando<br />

assim modificar o alfabeto, o código e a dinâmica do sist<strong>em</strong>a literário. (AGUIAR E<br />

SILVA, 1984, p.632)<br />

Na <strong>poesia</strong> <strong>de</strong> AFF, a intertextualida<strong>de</strong> assume um papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque e <strong>de</strong> difusão<br />

<strong>de</strong> versos já conhecidos. Enten<strong>de</strong>-se intertextualida<strong>de</strong> como sendo um “diálogo” entre textos,<br />

que pressupõe um universo cultural amplo e complexo. Implica-se na i<strong>de</strong>ntificação e no<br />

reconhecimento <strong>de</strong> r<strong>em</strong>issões a obras ou a textos mais ou menos reconhecidos.<br />

Flores (1998, p.16) ao discutir as teorias do filósofo Bakhtin amplia a noção <strong>de</strong><br />

diálogo. Segundo o crítico, Bakhtin introduz a idéia <strong>de</strong> comunicação dialógica “a linguag<strong>em</strong><br />

vive na comunicação dialógica daqueles que a usam” (Ibid, p.158). Vale ressaltar a<br />

65 Raro Mar. O observador do observador no escritório. 2003, p. 28.

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