65 estilo poético surge. 2.3.4.2 O probl<strong>em</strong>a da referência A realida<strong>de</strong> é construída, mantida e alterada não somente pela forma como nomeamos o mundo, mas, acima <strong>de</strong> tudo pela forma como, sociocognitivamente, interagimos com ele: interpretamos e construímos mundos através da interação com o entorno físico, social e cultural. Com a pós – mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, o sujeito per<strong>de</strong> a mônada individual 73 , há um contraste entre a perda <strong>de</strong>finitiva das fronteiras humanas. Revela-se uma concepção <strong>de</strong> língua <strong>de</strong>slocada completamente do código. A referência para CDA na sua <strong>poesia</strong> era com a linguag<strong>em</strong> e mundo, na <strong>poesia</strong> <strong>de</strong> AFF é diferenciada, este, por sua vez, t<strong>em</strong> como objeto <strong>de</strong> referência o <strong>outro</strong>. CDA luta com a escrita poética. O poeta AFF luta com a escrita e também com o sujeito real CDA. Fica interessante observar o que Koch e Mondada abordam sobre a questão da referência. Koch (2003, p.35) relata que “não se po<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a referência da forma como tradicionalmente era entendida”. As operações com os objetos <strong>de</strong> discurso apresentam uma dinamicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> várias or<strong>de</strong>ns, como postula Mondada (apud Koch, 2003, p. 38): O objeto <strong>de</strong> discurso caracteriza-se pelo fato <strong>de</strong> construir progressivamente uma configuração, enriquecendo-se com novos aspectos e proprieda<strong>de</strong>s, suprimindo aspectos anteriores ou ignorando <strong>outro</strong>s possíveis, que ele po<strong>de</strong> associar com <strong>outro</strong>s objetos ao integrar-se <strong>em</strong> novas configurações, b<strong>em</strong> pelo fato <strong>de</strong> articular-se <strong>em</strong> partes susceptíveis <strong>de</strong> se autonomizar<strong>em</strong> por sua vez <strong>em</strong> novos objetos. O objeto se completa discursivamente. É essa dinamicida<strong>de</strong> discursiva que se <strong>de</strong>ve levar <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração na <strong>poesia</strong> cont<strong>em</strong>porânea <strong>em</strong> análise, <strong>em</strong> que o referente, que antes predominava apenas como objeto lingüístico lexical, e também como relação ao mundo ce<strong>de</strong> lugar ao objeto <strong>de</strong> discurso <strong>em</strong> relação ao <strong>outro</strong>, trazendo para a <strong>poesia</strong> a questão filosófica: alterida<strong>de</strong>. A afirmação é importante, porque vai provocar um rico questionamento a respeito da atuação humana na realida<strong>de</strong>, como fazer pensar a realida<strong>de</strong> sobre o que cerca o mundo, seus objetos e eventos. Po<strong>de</strong>-se enten<strong>de</strong>r que é pelo entorno cultural que as intenções são <strong>de</strong>terminadas, os mundos são construídos e as vonta<strong>de</strong>s são materializadas. Como relata 73 Jameson, 1991, p. 45.
66 Mondada (2003) “o objeto se completa discursivamente”, neste caso, os poetas. na pós - mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. O poeta AFF recupera a questão da referência e traz uma nova conotação para ela
- Page 1 and 2:
FUNDAÇÃO COMUNITÁRIA TRICORDIANA
- Page 3 and 4:
Campos, Mariana Rezende Gontijo O O
- Page 5 and 6:
4 AGRADECIMENTOS A Deus, pela forç
- Page 7 and 8:
6 RESUMO CAMPOS, Mariana Rezende Go
- Page 9 and 10:
8 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AF
- Page 11 and 12:
10 INTRODUÇÃO No percurso de meus
- Page 13 and 14:
12 Embora o filósofo seja de uma
- Page 15 and 16: 14 no texto nos recorda uma fala de
- Page 17 and 18: 16 A fim de iniciar a discussão da
- Page 19 and 20: 18 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 A e
- Page 21 and 22: 20 mesmo o ritmo errado, desenfread
- Page 23 and 24: 22 questão de prazer próprio de c
- Page 25 and 26: 24 19 Escrever o pensamento à mão
- Page 27 and 28: 26 digitais possuem de síntese. O
- Page 29 and 30: 28 O movimento natural da leitura i
- Page 31 and 32: 30 autônoma. A partir desse relato
- Page 33 and 34: 32 perfis que se enfrentam / assim
- Page 35 and 36: 34 aposta na escrita - a palavra po
- Page 37 and 38: 36 lúcido, a oferta gratuita e env
- Page 39 and 40: 38 Palavra-chave Esta chave não é
- Page 41 and 42: 40 Dessa forma compreende-se a exal
- Page 43 and 44: 42 (...) Doente imaginário O leito
- Page 45 and 46: 44 modernismo, em consonância à p
- Page 47 and 48: 46 O eu - lírico poético ao discu
- Page 49 and 50: 48 Dialogando com a teoria pós-mod
- Page 51 and 52: 50 libertação do eu- lírico. O p
- Page 53 and 54: 52 bem como o potencial liberatóri
- Page 55 and 56: 54 terrorista avant la lettre que g
- Page 57 and 58: 56 A utilização do poema acima é
- Page 59 and 60: 58 tradição”. Ainda acrescenta
- Page 61 and 62: 60 Tanto um como o outro poema é d
- Page 63 and 64: 62 metamorfose, mas em diante, a tr
- Page 65: 64 Áporo é, como observado, uma r
- Page 69 and 70: 68 2.4 Poesia e tempo A condensaç
- Page 71 and 72: 70 Impossível sair ileso ou iludid
- Page 73 and 74: 72 Releitura Quem relê Drummond é
- Page 75 and 76: 74 a tecer um tapete, com cautela,
- Page 77 and 78: 76 escritor AFF “Nasce, sob a sen
- Page 79 and 80: 78 Vêem-se nessa análise imagens
- Page 81 and 82: 80 Alteridade, relação, outro, tr
- Page 83 and 84: 82 pontos tortos das linhas costura
- Page 85 and 86: 84 texto um laboratório de mutaç
- Page 87 and 88: 86 GULLAR, Ferreira. Poema sujo. Ri