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o outro possível: a poesia de armando freitas filho em ... - UninCor

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3 CONSIDERAÇOES FINAIS<br />

A dissertação <strong>em</strong> análise abordou o fato <strong>de</strong> que a filosofia e a literatura têm uma<br />

relação muito interessante. Por um lado, a linguag<strong>em</strong> poética aproxima os dois campos<br />

apresentando uma duplicida<strong>de</strong>, visto que a palavra revela/oculta ao mesmo t<strong>em</strong>po. Por <strong>outro</strong><br />

lado, é preciso consi<strong>de</strong>rar a autonomia da <strong>poesia</strong>, não buscando na filosofia uma forma <strong>de</strong><br />

explicação, busca-se apenas um clareamento das imagens que surg<strong>em</strong> na <strong>poesia</strong>.<br />

Assim, no interior <strong>de</strong>ssa complexa probl<strong>em</strong>ática, uma questão específica foi<br />

fundamental apresentar, justamente porque coloca <strong>em</strong> pauta textos altamente intertextuais, <strong>em</strong><br />

que é impossível não reconhecer a presença <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> transformação/ <strong>de</strong> mudança. É a<br />

questão do t<strong>em</strong>po e os efeitos sobre a produção poética, que se faz evi<strong>de</strong>nte na obra <strong>de</strong> AFF.<br />

A partir <strong>de</strong> vários estágios <strong>de</strong> leitura e releitura o poeta ao perpassar pela <strong>poesia</strong><br />

drummondiana une <strong>em</strong> sua trajetória significantes diversos. Debruça-se sobre esses pequenos<br />

enigmas e <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> afirmações, diálogos e contestações, não com tranqüilida<strong>de</strong>, mas com<br />

muita observação e cuidado, <strong>de</strong>sta forma vai surgindo sua <strong>poesia</strong>.<br />

Um ponto alto da <strong>poesia</strong> armandiana é marcado pelo significante pedra e máquina.<br />

A máquina da escrita se altera no <strong>de</strong>correr do t<strong>em</strong>po. E a pedra se quebra, se entrega à<br />

lapidação.<br />

A <strong>poesia</strong>, que no início, era versificada, doravante adquire ao longo <strong>de</strong> “Raro<br />

Mar” o aspecto prosaico. O observador vai <strong>de</strong>lineando o prisma poético até sentir-se diverso.<br />

Dessa forma, ao observar CDA, o poeta passa a ser observador <strong>de</strong> si mesmo.<br />

Po<strong>de</strong>-se dizer que <strong>de</strong>senvolve “a teoria da escrita intertextual”, já que sua <strong>poesia</strong> recupera e<br />

modifica, numa perspectiva minimalista, os fragmentos poéticos trabalhados por CDA.<br />

Ao ress<strong>em</strong>antizar constant<strong>em</strong>ente sua tradição, o poeta encena uma espécie <strong>de</strong><br />

escrita supl<strong>em</strong>entada e a oferece como espetáculo poético. Como relata Pereira (1991, p.71)<br />

“recorta a tradição e volta a editá-la sob a forma <strong>de</strong> fragmentos”.<br />

O poeta salva a tradição do esquecimento, sua <strong>poesia</strong> estimula leituras retroativas<br />

e conduz a questões <strong>de</strong> referencialida<strong>de</strong>. Conectando os fragmentos drummondianos<br />

trabalhados no passado aos oriundos da pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />

Nada melhor para realçar a análise do que o comentário <strong>de</strong> Pereira sobre o<br />

romance <strong>de</strong> Piglia “A cida<strong>de</strong> ausente”<br />

Repetir e diferir, alucinar para expressar as provisórias verda<strong>de</strong>s pessoais e sociais,<br />

inventar a ficção como uma utopia privada e ao mesmo t<strong>em</strong>po coletiva é fazer do

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