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o outro possível: a poesia de armando freitas filho em ... - UninCor

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80<br />

Alterida<strong>de</strong>, relação, <strong>outro</strong>, transformação são algumas palavras também utilizadas<br />

para nomear estados pessoais e filosóficos <strong>em</strong> que o indivíduo foge da solidão <strong>em</strong> busca <strong>de</strong><br />

convivência. O eu – lírico na trajetória poética do período selecionado para análise foca sua<br />

escrita numa intertextualida<strong>de</strong> constante ao poeta CDA. Isto é visto como uma forma <strong>de</strong> busca<br />

pelo diálogo e pela não fragmentação do ser e também pela recusa a questões cont<strong>em</strong>porâneas<br />

<strong>de</strong> individualismo. O <strong>outro</strong> do diálogo t<strong>em</strong> características muito positivas, pois está<br />

constant<strong>em</strong>ente influenciando o eu - lírico <strong>em</strong> seu fazer poético e o conduzindo-o s<strong>em</strong>pre a<br />

frente. O que se percebe <strong>em</strong> toda a análise é que o eu – lírico também se reveste <strong>em</strong> <strong>outro</strong> ao<br />

passar pelos estágios da <strong>poesia</strong> <strong>de</strong> CDA. Não só pelo verso explícito:<br />

Qu<strong>em</strong> relê Drummond é s<strong>em</strong>pre um <strong>outro</strong>.<br />

(...)<br />

com a transformação que se imprime <strong>em</strong> nós, impressentida 103 .<br />

Mas também pela quebra do significante “pedra”:<br />

só tato até topar com a máquina quebrada da pedra 104 .<br />

A questão do ser <strong>outro</strong> entra <strong>em</strong> constante <strong>de</strong>bate por <strong>outro</strong>s críticos como<br />

Kristeva (1941) que esclarece a questão do <strong>outro</strong> como um ser estrangeiro:<br />

Estranhamente o estrangeiro habita <strong>em</strong> nós: ele é a face oculta da nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, o<br />

espaço que arruína a nossa morada, o t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que se afundam o entendimento e a<br />

simpatia. Por reconhecê-lo <strong>em</strong> nós, poupamo-nos <strong>de</strong> ter que <strong>de</strong>testa-lo <strong>em</strong> si mesmo.<br />

Sintoma que torna o “nós” precisamente probl<strong>em</strong>ático, talvez impossível, o<br />

estrangeiro começa quando surge a consciência <strong>de</strong> minha diferença e termina<br />

quando nos reconhec<strong>em</strong>os todos estrangeiros, rebel<strong>de</strong>s aos vínculos e ás<br />

comunida<strong>de</strong>s. (KRISTEVA, 1941, p. 09)<br />

Para a crítica, o ser estrangeiro é a nossa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> refletir e aceitar nossas<br />

formas <strong>de</strong> alterida<strong>de</strong>, mas atualmente o que t<strong>em</strong> acontecido foge a essas características <strong>em</strong> que<br />

prevalec<strong>em</strong> as formas <strong>de</strong> viver com o <strong>outro</strong>.<br />

Os modos <strong>de</strong> viver do hom<strong>em</strong> cont<strong>em</strong>porâneo torna ser o humano cada dia mais<br />

distante uns dos <strong>outro</strong>s, calculistas, indiferentes, frios e interesseiros. Tornando-o apático a<br />

tudo e a todos. Os valores éticos cada vez mais escassos levam-no a um individualismo,<br />

<strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado o relacionamento interpessoal. Miscigenar-se indica uma busca ao <strong>outro</strong>, às<br />

suas diferenças, ao ser estrangeiro, que seja, eu-mesmo ou uma certa receptivida<strong>de</strong> ao <strong>outro</strong><br />

103 Raro Mar, 2006, p. 30.<br />

104 Raro Mar, 2006, p. 20.

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