o outro possÃvel: a poesia de armando freitas filho em ... - UninCor
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tradição”. Ainda acrescenta que “nos aproximamos mais e mais <strong>de</strong> uma <strong>poesia</strong>, <strong>de</strong> uma<br />
produção poética que se <strong>de</strong>sliga do social enquanto dimensão do histórico vivenciado pelo<br />
poeta” (Ibid, p.130). Mais uma vez <strong>de</strong>ve-se esclarecer que na acepção <strong>em</strong> que é abordada a<br />
paródia por Santiago, não é a mesma que Hutcheon comenta; a paródia intertextual para a<br />
crítica é vista numa outra abordag<strong>em</strong>, num <strong>outro</strong> sentido. O presente para Hutcheon é uma<br />
espécie <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> e não <strong>de</strong> ruptura, é uma espécie <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong>ntro da continuida<strong>de</strong>.<br />
E mais a paródia pós – mo<strong>de</strong>rna não se <strong>de</strong>sliga do social. Hutcheon comenta:<br />
Na arquitetura, literatura, pintura, cin<strong>em</strong>a ou música, a paródia pós-mo<strong>de</strong>rnista<br />
utiliza sua m<strong>em</strong>ória histórica e sua introversão estética para indicar que esse tipo <strong>de</strong><br />
discurso auto-reflexivo está s<strong>em</strong>pre inextrincavelmente preso ao discurso social.<br />
(Hutcheon, 1991, p. 58)<br />
Nos po<strong>em</strong>as <strong>de</strong> AFF, percebe-se o que Santiago chama <strong>de</strong> eterno retorno. Em “A<br />
máquina do mundo”, CDA recusa a máquina, po<strong>de</strong> ser visto o eterno retorno do mesmo, já <strong>em</strong><br />
“Tercetos na máquina” quando não se opera a recusa do eu-lírico observa-se o eterno retorno<br />
<strong>em</strong> diferença; <strong>em</strong> que o hom<strong>em</strong> maquinal ao se cont<strong>em</strong>plar com a máquina, <strong>em</strong> admiração,<br />
não a recusa. É um processo <strong>de</strong> chamada, <strong>de</strong>sejo, <strong>de</strong> volta a si.<br />
O <strong>de</strong>sígnio da clara esfinge<br />
é difícil _ refulgenigma<br />
no sol-posto, seu recorte:<br />
pedra bruta s<strong>em</strong> preparo<br />
ensimesmada na estrada<br />
coisa <strong>em</strong> si, s<strong>em</strong> fim.<br />
A expressão “pedra bruta” é uma imag<strong>em</strong> forte <strong>em</strong> sua <strong>poesia</strong>, <strong>de</strong>signa a<br />
dificulda<strong>de</strong> da escrita poética, “pedra bruta s<strong>em</strong> preparo” é o estar <strong>em</strong> si, s<strong>em</strong> condições, mas<br />
<strong>em</strong> si mesmo “coisa <strong>em</strong> si”, <strong>em</strong> processo <strong>de</strong> transformação que não termina “s<strong>em</strong> fim”. Ou<br />
seja, como relatou Santiago (1989, p.128) “é o eterno retorno do mesmo, e o eterno retorno<br />
<strong>em</strong> diferença”.<br />
Santiago coloca que o pastiche aceita o passado como tal, e a obra <strong>de</strong> arte nada<br />
mais é do que um supl<strong>em</strong>ento. Quando relata que pastichia Graciliano Ramos, assumindo a<br />
voz e estilo <strong>de</strong>le, encontra a verda<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>finição para pastiche “é transgressão” (Ibid, p.135)<br />
não crítica; é um estilo que <strong>de</strong>veria, segundo ele, ser “reativado”.<br />
O poeta AFF ao trazer t<strong>em</strong>as poéticos <strong>de</strong> CDA para seu fazer poético, como os<br />
títulos dos po<strong>em</strong>as não apenas os r<strong>em</strong><strong>em</strong>ora, às vezes, os transcreve relendo-os – parodiandoos.<br />
No sentido <strong>de</strong> fazer conviver o que antes CDA escrevia, mas agora num tom <strong>de</strong> diferença,