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o outro possível: a poesia de armando freitas filho em ... - UninCor

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64<br />

Áporo é, como observado, uma reunião <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s que, repentinamente, <strong>de</strong><br />

modo não explicado (“oh razão, mistério”), encontram a sua resolução, a sua brecha<br />

<strong>de</strong> luz e liberda<strong>de</strong>. Entre um momento e <strong>outro</strong>, algo no po<strong>em</strong>a se faz. Algo atropela<br />

o mundo parado <strong>de</strong> imagens recorrentes, do espaço estagnado e claustrofóbico,<br />

dando orig<strong>em</strong> a um fato, um acontecimento. Esse momento, vértice da peripécia,<br />

parece ser a mola mestra do po<strong>em</strong>a. Narra-se ali, <strong>de</strong> maneira concisa, o instante<br />

crucial <strong>de</strong> um acontecimento, o nó, subitamente <strong>de</strong>sfeito, <strong>de</strong> uma transformação.<br />

Aporia não se realiza nesta concepção, pois a flor que fura o asfalto <strong>em</strong> Aporo e<br />

que parece significar, por um momento, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existência <strong>de</strong> algo <strong>outro</strong>, não<br />

bloqueado e liberto não nasce <strong>em</strong> “Aporia”, aqui não há libertação e clarida<strong>de</strong>. O poeta<br />

continua camuflado.<br />

neste labirinto, s<strong>em</strong> vestígio<br />

<strong>de</strong> raiz ou flor provável<br />

<strong>de</strong> portal na terra, camuflado.<br />

Em AFF, a <strong>poesia</strong> toma forma no percurso, na caminhada <strong>de</strong> busca, marcada pela<br />

“inquietação e aporia”, busca <strong>de</strong> alcance e impossibilida<strong>de</strong> 71 e a articulação que tal<br />

impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alcance t<strong>em</strong> com a realida<strong>de</strong>, como visto pelos críticos - Hutcheon,<br />

Jameson e Santiago - a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um mesmo estilo, daí o que melhor explicaria essa<br />

escrita seria - pastiche ou paródia intertextual - é o que o poeta realiza. O poeta convive <strong>em</strong><br />

diferença.<br />

A partir das análises percebeu-se que a paródia é a convivência com o mesmo<br />

estilo, o que se enten<strong>de</strong> também por pastiche.<br />

Contudo o que não acontece <strong>em</strong> ambos os po<strong>em</strong>as é a prevalência do verso<br />

<strong>de</strong>cassílabo <strong>em</strong> “A máquina do mundo” e a redondilha menor <strong>em</strong> “Aporia”. Utiliza <strong>de</strong> versos<br />

livres.<br />

Há uma coexistência 72 , num mesmo espaço do mo<strong>de</strong>rno e do pós-mo<strong>de</strong>rno, do<br />

antigo e do novo, do passado e do atual; s<strong>em</strong> que um <strong>de</strong>sprestigie o <strong>outro</strong>.<br />

Ocorre nas técnicas utilizadas na <strong>poesia</strong> um jogo <strong>de</strong> diferenciação, s<strong>em</strong> que haja<br />

traição do significado primeiro. Para não ficar <strong>em</strong> conflito com os conceitos trazidos pelos<br />

críticos, nos quais, a análise baseia-se, o melhor é conceituar a escrita poética <strong>de</strong> outra<br />

maneira. Após as análises e estudos dos po<strong>em</strong>as, o que se observa é mais que paródia e<br />

pastiche, possivelmente, trata-se <strong>de</strong> uma supl<strong>em</strong>entação diferenciada. Desta forma, um novo<br />

71 Como relata Bischof <strong>em</strong> análise <strong>de</strong> Opaco, 2005, p. 15 a 48.<br />

72 Jameson comenta “parece essencial enten<strong>de</strong>r o pós-mo<strong>de</strong>rnismo não como um estilo, mas como uma<br />

dominante cultural: uma acepção que dá marg<strong>em</strong> à presença e à coexistência <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> características que,<br />

apesar <strong>de</strong> subordinadas umas às outras, são b<strong>em</strong> diferentes”. (1991, p. 29)

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